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É Findi – Cultura e Lazer - Um vigário republicano de Itamaracá entre os revolucionários do Ceará por Josemir Camilo de Melo

14/06/2024 -

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Entre 12 e 18 de setembro de 1824, com a fuga do presidente Manoel de Carvalho Paes de Andrade para uma embarcação inglesa, o que restou das tropas confederadas iniciou uma expedição para o norte da província para se juntar às tropas paraibanas e buscar resistir junto aos republicanos cearenses. Neste grupo que partiu de Pernambuco, com a entrada do General Lima e Silva no Recife e em Olinda, ia Frei Caneca que, como verdadeiro repórter, registrava tudo. Nos arredores de Goiana, este grupo se juntou à tropa paraibana, comandada pelo presidente provisório da Paraíba, Félix Antônio Ferreira de Albuquerque e com o capitão José Gomes do Rego (Cazumbá), major Emiliano Felipe Benício Mundurucu e o major Agostinho Bezerra Cavalcanti e seguiram para o Ceará.

Tropa confusa da Confederação do Equador

Um episódio de duelo refletiu a contradição no meio desta grande tropa, depois de uma triste briga de morte entre dois soldados, um gritando o nome de Manoel de Carvalho e o outro, o de Félix Antônio. Ficou assentado que, dali por diante, o comando daquela jornada para se reunir às tropas republicanas de Filgueiras e Tristão Alencar, passava a Félix Antônio, enquanto Caneca que foi alçado a secretário da campanha. Entre setembro e novembro, esta tropa confusa, como deixou escrito Caneca, deve ter andado sob fogo inimigo, aqui e acolá, cerca de 200 a 300 léguas, numa época de seca, pelos sertões de Pernambuco, Paraíba, parte do Rio Grande do Norte e sudoeste do Ceará. Chegando, aí, desbaratados, e com a notícia do líder Tristão Alencar, assassinado e tendo a mão decepada, a tropa pernambucana e paraibana, sem comida e armas suficientes, foi rendida. Levados os confederados para Lavras, deixaram o Ceará, conduzidos presos pelas tropas, como se dizia à época, “imperialistas”. Mas um dos cearenses havia desertado, Luiz Pedro de Melo Cezar, o que foi para os republicanos causa de escândalo, pois até vinha sendo acusado de saques.



Escondidos na Serra dos Cavalos

Quem põe o vigário de Itamaracá, o padre Luiz Carlos, em cena é o Dr. Théberg, em seu “Esboço Histórico sobre a Província do Ceará” (1864 e 2001), ao explicar a fuga e morte de Luiz Pedro. Desertando ambos os Luiz, das tropas republicanas, se dirigiram para a Serra dos Cavalos, onde se esconderam, combinado com um terceiro. Um escravo é quem levava a comida. Mas foram dedurados e dois grupos leais ao Imperador subiram a Serra dos Cavalos, onde torturaram o escravo que entregou o esconderijo.

Volta a Pernambuco

Presos os dois fugitivos, obrigaram o padre Luiz a confessar Luiz Pedro, que foi logo fuzilado e o padre, já ferido por um tiro em uma perna, ia ser também fuzilado. Foi quando o líder de outro grupo se opôs e poupou a vida do padre que foi conduzido até Icó. Preso, o padre foi entregue a um sargento e este apelou aos cuidados de um curandeiro que o fez sarar. O sargento entregou o preso a seu filho, que, por republicanismo ou piedade, levou o padre, escondido, para a Paraíba. Depois o vestiu de vaqueiro e o mandou para Pernambuco, acompanhado por pessoas de confiança do seu pai. A não serem estes dois benfeitores, o padre Luiz Carlos teria sido vítima daquela comissão matuta, ali mesmo na Serra dos Cavalos.

Correio revolucionário

Como este vigário de beira-mar foi dar com os costados nas áridas terras do sertão cearense? Quem nos responde é o historiador Pereira da Costa, na revista do IAGP (ainda sem o H, de Histórico - de 1924, p.326). Narra que o presidente Manoel de Carvalho, líder dos Confederados pernambucanos, em julho, resolvera mandar documentos para o presidente confederado do Ceará, Tristão de Alencar Araripe, para o bom andamento político e militar da Confederação do Equador. Entre os documentos estava a convocatória para os deputados confederados eleitos no Ceará comparecerem à grande Assembleia Constituinte que se realizaria com todos os representantes das sete províncias, em Recife, em 17 de agosto de 1824.

Recado

Escreveu o presidente: “Ao Padre Luiz Carlos (Coelho Silva) remetendo-lhe uns impressos”. Eis o conteúdo: “O Exm. Sr. Presidente remete a V. S. os impressos juntos a fim de que V. S. conhecendo deles o mísero estado em que se acha o Rio de Janeiro, apresse quanto antes a conclusão dos nossos. Nesta ocasião oficia o mesmo Sr. Presidente ao governo dessa província e ao governador (das armas) Filgueiras para que mandem com a maior brevidade os seus Procuradores (os deputados). Deus Guarde a V. S. Palácio do Governo de Pernambuco, 3 de julho de 1824. José da Natividade Saldanha, secretário. Ilm. Sr. Luiz Carlos Coelho Silva”.

Vigário de Itamaracá continua sem história

O vigário republicano de Itamaracá que, talvez, quisesse honrar a memória do vigário Tenório, de sete anos antes, continua sem história, salvo melhores pesquisas.

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