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É Findi – Cultura e Lazer – O cronista Romero Falcão lembra a trajetória artística de Chico Buarque. Ele fez 80 anos nesta semana

20/06/2024 -

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Brincava de carrinho dentro de casa, a radiola ao som da "Praça", do cantor Ronnie Von. Minha irmã gostava da Jovem Guarda. Numa espécie de contragolpe, o primogênito botava pra rodar "Pedro Pedreiro", de autoria do filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda. No final da adolescência, comecei a entender o porquê do meu irmão preferir Chico Buarque a Roberto Carlos.
O que dizer do velho Chico? Tudo já foi dito. Contudo, me arrisco a expressar mais alguma coisa. Compositor, poeta, escritor, cronista, contista, romancista, dramaturgo. Chico no rádio do carro, na tela do cinema, no tablado do teatro, na página do livro, na tese de mestrado. Chico é espelho, estudo, espetáculo. Aos18 anos, pra sorte nossa e das artes, trocou a régua T da arquitetura pelo violão da MPB. Ele fez 80 anos quarta-feira passada, nasceu no dia 19/06/1944. Quando os olhos furta-cores abriram-se pela primeira vez, os olhos do mundo assistiam atônitos à terrível invenção humana - A Segunda Guerra Mundial.

Exímio carpinteiro

Hoje, vivemos outra guerra, a guerra da música pobre, na qual a artilharia de letras medíocres, cujos temas se resumem à cachaça, mulher e traição, fazem na cabeça da massa magnífico sucesso. Chico Buarque, moçada brasileira, falou disso também, mas de maneira inteligente, delicada, poética. Beleza de trama trabalhada pelo exímio carpinteiro no acabamento da frase, no encaixe perfeito da palavra e no cuidado do intelectual com a massa cinzenta do ouvinte, leitor. O artefato de Chico ganha forma, contorno, com o mesmo esmero da oficina de Noel Rosa, Donga, Ary Barroso, Pixinguinha, Cartola.

O céu azul de Sintra

Após quatro anos da literatura jogada no” Breu das tocas”, enfim, Chico Buarque recebeu, em Portugal, toda glória, toda honraria do Prêmio Camões de Literatura, com atraso de quatro anos. Naquele dia, 24/04/2023, o céu azul de Sintra uniu-se ao azul do artista para brilhar o verso solar da canção, da sensibilidade. “Apesar de Você, amanhã há de ser Outro dia”. Aquele dia foi outro dia , dia de luz, de sol, de festa, de claridade, dia estrelado pelo talento do astro musical, literário, que brilha há mais de meio século no coração do Brasil.

O brilho da estrela cadente

"Chico para Todos", todos que amam a boa música, os livros, a letra inteligente de um cérebro incrível. Queiram ou não queiram os juízes, o autor de "Homenagem ao Malandro", é gênio. Basta uma canção, “Construção,” para avaliar e constatar sua luminosa arquitetura cerebral, seus refinados neurônios que se erguem num grandioso monolito. O cavalo de Chico pode falar inglês com todo garbo e enfrentar os batalhões com seus canhões de estupidez. Sim, atirem pedra na Geni, Ah! Quem dera se essa pedra viesse da pedreira de João Cabral ou do caminho de Drummond. Talvez daqui a duzentos anos surja um Chico Buarque novamente pra fazer o Brasil pensar, não com o peso da pedra lascada, mas com o brilho da estrela cadente. Todas as palmas pra Francisco Buarque de Holanda, este senhor que no seu aniversário nos presenteia com um novo livro, "Bambino a Roma", e continua encantando gerações. Tocando, tocante para sempre.

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