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Gol de Letra – Coluna Semanal por Roberto Vieira*- Trump e a Confeitaria Glória

15/07/2024 - Jornal O Poder

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O atentado contra Donald Trump, ex-presidente e candidato à presidência dos EUA, devolve o mundo ao universo dos atentados políticos. Assassinatos na política antigos como o atentado contra Júlio César no Senado Romano há 1980 anos. Fazem parte também da história do Brasil. Pernambuco testemunhou dois destes atentados.





Prudente

O telegrama saiu do Rio de Janeiro às 18:12hs e chegou ao Recife às 18:18hs. O mensageiro saiu correndo e entrou na sede do Diário de Pernambuco às 18:30hs. Um soldado do batalhão de infantaria tentou matar o presidente Prudente de Morais com um revólver. O marechal Bittencourt, ministro da guerra, protegeu o presidente sendo apunhalado. O alferes Cunha Moraes desarmou o assassino. Pernambuco e o resto do país se unem em torno do presidente que sofria antagonismo de todos os lados e Prudente termina em paz seu mandato.

Confeitaria Glória

A República Velha estava caduca. Getúlio perdeu a eleição trapaceada. O presidente da Paraíba, João Pessoa, estava em Recife namorando. João Dantas, seu desafeto político e pessoal, não pensa duas vezes. Vai armado até a Confeitaria Glória, mata João Pessoa e muda a história do país e o nome da capital paraibana. Na prática, o assassinato não tinha nada a ver com política, mas foi utilizado como tal. O Jornal do Recife lamentou a morte de um estadista. E veio o Estado Novo.





Lacerda

O alvo do atentado na Rua Toneleros, no Rio de Janeiro, naquele agosto de 1954, era o jornalista Carlos Lacerda. Mas a bala que pegou em Lacerda feriu seu pé. Já a bala que alvejou o major Rubens Florentino Vaz foi fatal. Getúlio Vargas não mandou matar Carlos Lacerda, mas sua turma foi quem mandou matar Lacerda. O tiro que atingiu Vaz e que deveria matar Lacerda matou também Getulio Vargas. Quem se saiu melhor nessa história foi Juscelino Kubitschek, governador de Minas, beneficiado pelo ódio do povo contra... Carlos Lacerda após o suicídio de Getúlio.

Kennedy

João Goulart enviou um telegrama para Jackie Kennedy. A viúva de JFK estava atônita como todo o mundo com os tiros disparados em Dallas contra o presidente norte-americano. A morte de JFK em Dallas levou ao poder o seu vice, Lyndon Johnson, político que quatro meses depois iria liberar o golpe militar no Brasil. Para os que imaginam que com JFK a história seria diferente, melhor lembrar da invasão da Baía dos Porcos em Cuba. Kennedy jamais iria admitir Goulart no poder. E jamais enviaria telegrama de condolências.

Costa e Silva

A bomba explode no Aeroporto dos Guararapes naquele 25 de julho de 1966. Dois mortos e quatorze feridos. Mas o candidato militar à presidência da república, o general Costa e Silva, escapa. Ele desistiu de vir de avião para Recife, preferindo o carro. A bomba explode nas mãos de Thomás de Aquino, antigo ídolo do Santa Cruz e do São Paulo, cujo apelido é Paraíba. O efeito maior da bomba é a abertura da luta armada no Brasil e da repressão militar mais pesada da ditadura. Paraíba é homenageado meses depois por Pelé em jogo da Taça Brasil. Mas talvez todo mundo quisesse o caos provocado pela bomba na base do quanto pior melhor.





Bolsonaro

Adélio enfia a faca em Jair Bolsonaro, candidato da direita brasileira à presidência da república. Como Prudente de Morais, Carlos Lacerda e Costa e Silva, Bolsonaro sobreviveu ao atentado naquele 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora. A sua liderança nas pesquisas se amplia e ele vence com larga margem as eleições contra Haddad, candidato do PT. Até hoje, muitos adeptos de teorias da conspiração afirmam que não houve facada pois não houve sangue. Curiosamente, a mesma afirmativa feita no atentado contra Trump neste final de semana pelo deputado André Janones.

Culatra

Os atentados políticos sempre existiram, porém, seu momento mais terrível foi entre o final do século XIX e início do século XX quando anarquistas semearam o terror na Europa e Japão. Ecos dos atentados anarquistas também chegaram ao Brasil. A Argentina foi um elo das conspirações nas suas conexões com a Espanha e a Rússia. Qualquer estudo da história, entretanto, mostra que o terror pode levar a uma revolução como a da Rússia em 1917. Mas muitas vezes o tal tiro ou facada sai pela culatra. A violência política é um imenso túnel no qual entramos sem nunca saber o que repousa do outro lado. Ou pior. Tantas e tantas vezes é um túnel sem saída na Confeitaria Glória.

Autor

*Roberto Vieira é médico e cronista
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