Primeiro Minuto – Coluna Diária – Tudo o que você precisa para começar o dia bem informado
14/08/2024
Meninas de Gaza cortam seus cabelos por falta de pentes. O bloqueio de Israel ao território, devastado por 10 meses de guerra, significa que há pouco ou nenhum xampu, sabonete, produtos para menstruação ou materiais de limpeza doméstica. A coleta de lixo e o tratamento de esgoto entraram em colapso. As doenças contagiosas se desenvolvem na superlotação e na falta de limpeza, como sarna ou infecções fúngicas. Quando as meninas reclamam com a pediatra de Gaza, Lobna al-Azaiza, que não têm pente, ela diz para elas cortarem o cabelo. “No último período, a doença mais comum que vimos foram erupções cutâneas, doenças de pele, que têm muitas causas, incluindo a superlotação nos acampamentos, o aumento do calor dentro das tendas, a transpiração entre as crianças e a falta de água suficiente para o banho”, disse Azaiza. Israel nega responsabilidade pelos atrasos no envio de ajuda humanitária.
Meninas de Gaza cortam seus cabelos por falta de pentes. O bloqueio de Israel ao território, devastado por 10 meses de guerra, significa que há pouco ou nenhum xampu, sabonete, produtos para menstruação ou materiais de limpeza doméstica. A coleta de lixo e o tratamento de esgoto entraram em colapso. As doenças contagiosas se desenvolvem na superlotação e na falta de limpeza, como sarna ou infecções fúngicas. Quando as meninas reclamam com a pediatra de Gaza, Lobna al-Azaiza, que não têm pente, ela diz para elas cortarem o cabelo. “No último período, a doença mais comum que vimos foram erupções cutâneas, doenças de pele, que têm muitas causas, incluindo a superlotação nos acampamentos, o aumento do calor dentro das tendas, a transpiração entre as crianças e a falta de água suficiente para o banho”, disse Azaiza. Israel nega responsabilidade pelos atrasos no envio de ajuda humanitária.

Rússia declara estado de emergência na região de Belgorod em meio a ataques da Ucrânia
O governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, declarou estado de emergência em toda a região hoje, citando ataques contínuos das forças ucranianas. Disse Gladkov que os bombardeios diários das forças armadas ucranianas destruíram casas, matando e ferindo civis. “Portanto, estamos tomando a decisão, a partir de hoje, de declarar uma situação de emergência em toda a região de Belgorod, com um apelo subsequente ao governo para declarar uma situação de emergência federal.” As defesas aéreas da Rússia destruíram 117 drones e 4 mísseis táticos lançados durante à noite pela Ucrânia, visando diversas regiões, incluindo Kursk, segundo Ministério da Defesa. Zelensky disse que as tropas ucranianas já ocuparam 74 cidades em 1 semana, deslocando 200 mil moradores. E que a incursão vai atrapalhar o envio de novos contingentes russos para áreas ucranianas já ocupadas.

Crise interna: Netanyahu acusa ministro da Defesa de adotar 'narrativa anti-Israel'
Benjamin Netanyahu, criticou duramente seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o acusou de adotar uma 'narrativa anti-Israel'. O embate revelou uma profunda ruptura no topo do governo israelense enquanto o conflito no Oriente Médio corre o risco de se transformar em grande escala. Gallant, falando com legisladores, havia descartado o objetivo de guerra de Netanyahu de alcançar 'vitória absoluta' sobre o Hamas como 'absurdo'. O gabinete de Netanyahu reagiu, dizendo que os comentários de Gallant colocam em risco as negociações para libertar os reféns mantidos em Gaza. Troca de farpas expõe divergências sobre guerra em Gaza.

Tragédia Voepass: PF ouvirá testemunhas de acidente após laudos da perícia
A PF aguarda a produção de laudos sobre o local da queda da aeronave da Voepass, para iniciar as oitivas com funcionários da empresa e testemunhas de pessoas que presenciaram o acidente. Ao menos, um 1o laudo pericial pode ficar pronto esta semana. A análise completa por parte dos peritos da PF pode demorar cerca de 90 dias. A PF também aguarda o compartilhamento de informações solicitadas ao Cenipa que trabalha na degravação de dados das caixas-pretas da aeronave. As informações dos laudos são importantes para os depoimentos, já que elas podem ser base de questionamentos com as testemunhas.
Manchetes da manhã:
- Instituição de caridade da Nova Zelândia pede desculpas após distribuir doces com metanfetamina
- Irã realiza exercício militar no norte do país, diz agência de notícias Mehr. País prometeu retaliar Israel após o assassinato do chefe político do Hamas em Teerã
- As forças israelenses disseram ter matado cerca de 100 combatentes palestinos na cidade de Rafah, no sul de Gaza
- Talibãs celebram 3 anos de poder no Afeganistão com um desfile militar
- Soldado americano se declara culpado de vender segredos para a China. Korbein Schultz foi preso em março por supostamente vender dezenas de registros de segurança confidenciais
- Lula avalia sugerir 'segundo turno' na Venezuela. Para tentar conter a crise no país vizinho, governo brasileiro estuda propor novas eleições somente com Nicolás Maduro e o oposicionista Edmundo González
- Falta de resultados detalhados das eleições na Venezuela “não tem precedentes”, diz painel da ONU
- Brasil espera coesão com Colômbia e solução mais rápida sobre Venezuela, após México deixar grupo
- Hoje, o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, embarca para Colômbia, onde se reunirá com o chanceler Luis Gilberto Murillo para discutir a Venezuela
- Caixas-pretas gravaram vozes e dados relacionados à queda de avião em Vinhedo, diz Cenipa
- Defensorias Públicas e MP fazem reunião com Voepass sobre indenizações. Foi tratada liberação do seguro obrigatório para famílias das vítimas
- Presidente da VoePass se pronuncia 4 dias depois do acidente em Vinhedo, afirmou se tratar de um momento de “grande pesar para todos”
- Voepass cancela voos com origem e destino a Fernando de Noronha até 31/08
- 'Fake': o vídeo que mostra passageiros pouco antes de queda da Voepass
- Primeiro-ministro do Japão diz que vai renunciar ao cargo. Fumio Kishida encerra um mandato de 3 anos marcados por escândalos políticos e não deve concorrer à reeleição
- Obama fará discurso durante Convenção Democrata na próxima semana. O ex-presidente americana Bill Clinton e o presidente Joe Biden também falarão no evento
- Fundador do Orkut planeja retorno de rede social. Sucesso nos anos 2000 e conquistou 300 milhões de usuários ao redor do mundo
- Lula vai discutir com Pacheco indicação à presidência do BC. Haddad afirmou acreditar que Lula anunciará o escolhido nas próximas semanas. Nome mais cotado é o de Gabriel Galípolo
- Moraes diz que TSE tem 'poder de polícia' e que relatórios foram 'oficiais e regulares'
- Banco digital, '4TBank', é suspeito de envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC. Operação determinou bloqueio de R$ 8 bi de suspeitos de envolvimento com PCC. '4TBank' seria operado por primo de integrante da facção
- Zanin toma posse no cargo de ministro substituto do TSE. O TSE é composto por 7 ministros, sendo 3 do STF, 2 do Superior Tribunal de Justiça, e 2 advogados
- PGR vai analisar pedido de Bolsonaro para arquivamento do inquérito sobre as joias sauditas
- Dólar completa 6 dias de queda e fecha a R$ 5,449
- Crianças e adolescentes têm garantido o direito à visitação à mãe ou ao pai internados em instituição de saúde. É o que garante lei após a sanção do presidente Lula
- Alepe aprova por unanimidade o nome de Eduardo Campos no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco
- PE: 6,6% dos bebês nascidos entre janeiro e julho de 2024 possuem pais ausentes
- Patrimônio de candidatos a prefeito do Recife vai até R$ 3,3 milhões
- Alimentos com cheiro e gosto de Cannabis viram tendência. Cervejas, salgadinhos e hambúrgueres com aromas que vem da planta
- 5 mil crianças e jovens foram assassinados no Brasil em 3 anos. 13,5 mortes por dia, em média, em 2023. Estudo do Unicef mostra registros de 164.199 casos de estupro contra crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de 2021 a 2023
- No RJ, após ataque de pit-bulls, Roseana Murray lança livro 'O braço mágico'. Escritora Roseana Murray foi atacada por 3 pit-bulls enquanto caminhava na praia de Saquarema, e transformou seu trauma em poesia. A escritora teve o ouvido e o braço direito amputados e hoje quer compartilhar sua história de maneira poética
Leia outras informações
Alexandre de Moraes procurou Galípolo para pedir pelo Master junto ao Banco Central
22/12/2025
Do blog de Malu Gaspar, no final da manhã de hoje, segunda, 22/12.
O Master
É protagonista do maior escândalo financeiro dos últimos tempos. Apimentado pela contratação da esposa do ministro Alexandre de Moraes por um contrato multimilionário, que ultrapassava o pagamento de R$ 3 milhões por mês. O que criou um forte constrangimento no STF e no legislativo.
A bomba
Com a denúncia de hoje, caso comprovada, Moraes vai pagar um preco alto. A rigor, perde as condições éticas para continuar na mais alta corte do país.
No travesseiro
Conversa de pé de ouvido no travesseiro é matadora.
Relatos sobre contatos de ministro com presidente do BC foram feitos por seis fontes diferentes; mulher de Moraes tinha contrato de R$ 130 milhões com o Master. As informações são
Do blog de Malu Gaspar, no final da manhã de hoje, segunda, 22/12.
O Master
É protagonista do maior escândalo financeiro dos últimos tempos. Apimentado pela contratação da esposa do ministro Alexandre de Moraes por um contrato multimilionário, que ultrapassava o pagamento de R$ 3 milhões por mês. O que criou um forte constrangimento no STF e no legislativo.
A bomba
Com a denúncia de hoje, caso comprovada, Moraes vai pagar um preco alto. A rigor, perde as condições éticas para continuar na mais alta corte do país.
No travesseiro
Conversa de pé de ouvido no travesseiro é matadora.
Livraria do jardim recebe roda de diálogo com Múcio Aguiar, na sexta
22/12/2025
Importante
"A roda de diálogo inclusiva e acessível com escritores pretende estimular a articulação de editoras, escritores e academias locais proporcionando aos participantes uma maior integração dos agentes culturais pernambucanos e orientações didáticas para aprofundamento em narrativas, histórias e processos criativos fortalecendo o elo entre a literatura e o sentiment...
Nesta sexta feira, 26 de dezembro, das 14h às 17h, na Livraria do Jardim, na Av. Manoel Borba, 292, Boa Vista, Recife-PE, a Academia Brasileira de Ciências Criminais-ABCCRIM, presidida por Cristiano Carrilho, promove uma Roda de Diálogo, com presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco, Múcio Aguiar, um dos organizadores do livro “Do Nordeste II”, produção literária comemorativa dos 200 anos do Diario de Pernambuco. A publicação também comemora os 100 anos da publicação do livro do Nordeste, de Gilberto Freyre e 95 Anos de Existência da Associação da Imprensa de Pernambuco.
Importante
"A roda de diálogo inclusiva e acessível com escritores pretende estimular a articulação de editoras, escritores e academias locais proporcionando aos participantes uma maior integração dos agentes culturais pernambucanos e orientações didáticas para aprofundamento em narrativas, histórias e processos criativos fortalecendo o elo entre a literatura e o sentimento de pertencimento da comunidade. O evento terá a presença de escritores e membros de academias locais, estimulando o debate sobre a importância da escrita, difusão da cultura e da memória histórica na construção de publicações ampliando o alcance e o impacto sociocultural no território", dizem os organizadores.
A atividade
É aberta ao público, de firma gratuita e foi proporcionada por meio de Termo de Parceria entre a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe e a ABCCRIM, através de emenda parlamentar do Deputado Estadual Nino de Enoque.
Recesso com boas leituras sobre Brasil e mundo, em O Poder
20/12/2025
Concluímos há pouco a publicação, para brindar aos que quiserem aproveitar o tempo de descanso desse período de Natal e Ano Novo para boas leituras. Em seguida, retornaremos com o mesmo comprometimento de oferecer informação precisa e de qualidade.
Como já dissemos na sexta-feira (19/12) — e reiteramos agora — vamos mergulhar no clima geral de relaxamento, avaliações, confraternização, planos e renovação de perspectivas e energias. Desejamos ótimas festas, saúde, paz e prosperidade em 2026 para cada pessoa querida, leitora ou leitor.
Que o próximo ano seja mais uma etapa da caminhada vitoriosa, sempre rumo à felicidade.
Um abraço muito carinhoso. E a esperança de que o novo ano chegu...
O Poder entra em recesso e só retorna na primeira semana de 2026, mas selecionamos uma coleção de reportagens especiais e balanços sobre as principais notícias do país e seus reflexos na política, na economia e na vida das pessoas como um todo.
Concluímos há pouco a publicação, para brindar aos que quiserem aproveitar o tempo de descanso desse período de Natal e Ano Novo para boas leituras. Em seguida, retornaremos com o mesmo comprometimento de oferecer informação precisa e de qualidade.
Como já dissemos na sexta-feira (19/12) — e reiteramos agora — vamos mergulhar no clima geral de relaxamento, avaliações, confraternização, planos e renovação de perspectivas e energias. Desejamos ótimas festas, saúde, paz e prosperidade em 2026 para cada pessoa querida, leitora ou leitor.
Que o próximo ano seja mais uma etapa da caminhada vitoriosa, sempre rumo à felicidade.
Um abraço muito carinhoso. E a esperança de que o novo ano chegue radioso, superando diferenças, unindo corações.
(José Nivaldo Junior e equipe O Poder).
Banco Mundial cita NE como região fundamental para progresso do Brasil
20/12/2025
Na avaliação do Banco Mundial, a região tem potencial de ampliar a geração de empregos e diminuir a desigualdade em relação a regiões mais ricas do país se focar em indústrias em crescimento, como manufatura e serviços, para oferecer empregos de melhor qualidade, além de impulsionar os investimentos em infraestrutura por meio de parcerias público-privadas.
Avanços e obstáculos
Segundo o relatório, o Nordeste apresentou, nos últimos anos, avanços importantes em capital humano, com aumentos de escolaridade especialmente entre os jovens. Porém, a região enfrenta obstáculos para converter...
Relatório divulgado recentemente pelo Banco Mundial destacou o Nordeste como região fundamental para o progresso do Brasil. O trabalho, intitulado ‘Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão’ chega a essa constatação por, entre outros fatores, a região ter 80% dos seus 54 milhões de habitantes formado por jovens e pessoas em idade ativa.
Na avaliação do Banco Mundial, a região tem potencial de ampliar a geração de empregos e diminuir a desigualdade em relação a regiões mais ricas do país se focar em indústrias em crescimento, como manufatura e serviços, para oferecer empregos de melhor qualidade, além de impulsionar os investimentos em infraestrutura por meio de parcerias público-privadas.
Avanços e obstáculos
Segundo o relatório, o Nordeste apresentou, nos últimos anos, avanços importantes em capital humano, com aumentos de escolaridade especialmente entre os jovens. Porém, a região enfrenta obstáculos para converter esses resultados em melhorias no trabalho e na renda. Na região, ressaltam os dados do Banco Mundial, a parcela de trabalhadores com diploma universitário aumentou de 9,1% em 2012 para 17% em 2023.
Apesar do crescimento na qualificação dos trabalhadores, a criação de empregos, apontada como o caminho mais seguro para sair da pobreza, enfrenta dificuldades, especialmente relacionadas às taxas de desemprego e à informalidade. Entre 2012 e 2022, a taxa de desemprego ficou em 12% e a informalidade em 52%, percentuais superiores às de outras regiões do Brasil.
Transição energética
Por outro lado, o documento destaca que a região também impulsiona a transição energética do Brasil, produzindo 91% da energia eólica do país e 42% da energia solar. Na avaliação da entidade, isso dá à região a oportunidade de promover um crescimento industrial mais rápido e sustentável e aproveitar oportunidades em setores emergentes, como o hidrogênio verde.
“O capital humano e a abundância de recursos naturais, se efetivamente alavancados por meio de um crescimento mais rápido e da geração de empregos de alta qualidade, podem transformar o Nordeste num motor dinâmico para o desenvolvimento futuro do Brasil, abandonando, de vez, seu legado histórico de região defasada”, diz o documento.
O aprimoramento dos sistemas de intermediação de mão de obra para conectar pessoas a vagas, o foco em indústrias em crescimento, como manufatura e serviços, são apontados como caminhos para oferecer empregos de melhor qualidade.
Novas políticas de apoio
O Banco Mundial também propõe a criação de políticas para apoiar mulheres e grupos marginalizados, tornando o mercado de trabalho mais inclusivo. A taxa de participação feminina na força de trabalho do Nordeste é de apenas 41%, em comparação com 52% no restante do país.
Além disso, o documento afirma que é necessário estimular o empreendedorismo e atrair investimentos para dar maior dinamismo ao ambiente de negócios. Entre as recomendações estão a simplificação de procedimentos de abertura de empresas e rotinas administrativas; o fomento à concorrência; e a redução da dependência de subsídios fiscais que, segundo a publicação, tendem a diminuir a produtividade e concentrar mercados.
Outro ponto destacado é acelerar a modernização da infraestrutura, o que exige investimentos em rodovias, ferrovias e redes digitais; além de melhorias em água e saneamento.
De acordo com os analistas responsáveis pelo trabalho, também será necessário assegurar planejamento cuidadoso e fiscalização para que os projetos tenham impacto positivo. Para ajudar a financiar e executar grandes projetos, o relatório incentiva a participação do setor privado por meio de parcerias bem desenhadas.
— Com informações da Agência Brasil
Chances de Flávio e demais candidatos contra Lula - Entrevista com Marcelo Tognozzi
20/12/2025
O Poder - O bolsonarismo foi dado por muitos como morto e sepultado, após a condenação de Jair. O que o senhor acha disso?
Tognozzi - O bolsonarismo está vivinho da silva e é teimoso. A pesquisa da Quaest, divulgada na última terça-feira dia 16 de dezembro d...
Marcelo S. Tognozzi tem 66 anos e é um dos mais respeitados analistas políticos do Brasil. É jornalista e consultor independente. Fez MBA em gerenciamento de campanhas políticas na Graduate School Of Political Management - The George Washington University e pós-graduação em inteligência econômica na Universidad de Comillas, em Madri. Autor do livro 'Ninguém segura esse Monstro', análise brilhante da política brasileira e internacional. Em artigo semanal, publicado no Poder 360, ele defende que o bolsonarismo revive na pessoa de Flávio, que recentemente anunciou que é pré -candidato a presidente no próximo ano. Fomos conversar com ele sobre as possíveis alternativas à dupla Lula/Alckmin.
O Poder - O bolsonarismo foi dado por muitos como morto e sepultado, após a condenação de Jair. O que o senhor acha disso?
Tognozzi - O bolsonarismo está vivinho da silva e é teimoso. A pesquisa da Quaest, divulgada na última terça-feira dia 16 de dezembro de 2025, mostra Flávio Bolsonaro (PL) como um candidato competitivo, herdeiro de boa parte dos votos do pai. A pesquisa da Real Time Big data, publicada na quinta-feira, confirma a tendência. A eleição terá seu 1º turno no dia 4 de outubro do ano que vem. Até lá muita coisa pode acontecer. Por isso, nunca é demais ter cautela com o tal do já ganhou.
O Poder - Na sua opinião, qual a perspectiva para o próximo pleito presidencial?
Tognozzi - Teremos uma eleição difícil tanto para a situação quanto para a oposição.
Como dizia Nelson Rodrigues, só mesmo estando obnubilado para acreditar que a eleição está vencida antes mesmo de ser disputada. Ou que o Sobrenatural de Almeida anda aprontando quando as manchetes mostram Lula como imbatível. A eleição ainda está longe e mais de dois terços dos eleitores não tem candidato, mostram as pesquisas espontâneas. Não existe, como desejariam alguns, candidato imbatível. Isso porque a vida como ela é acaba sendo um pouco diferente. Não só o bolsonarismo está forte e operante, como Lula não é francamente favorito.
O Poder - Mas Lula lidera todos os cenários de todos os institutos...
Tognozzi - Basta fazer as contas: em todas as pesquisas Lula aparece na frente, com 30%, 35%, mas a soma dos demais candidatos chega a 40%, 42%. Ou seja: há mais gente disposta a votar em outros candidatos do que em Lula. Isso pode mudar? Pode, mas não é a tendência verificada até aqui.
Mesmo tendo vitórias políticas, a aprovação de Lula estancou, como mostrou a pesquisa PoderData publicada no dia 17 de dezembro. É um complicador. O presidente tem 56% de desaprovação contra 35% de aprovação – uma diferença de 21 pontos percentuais. A mesma pesquisa registrou seu governo aprovado por 42% e desaprovado por 52% dos brasileiros. Gostam mais do governo do que do presidente.
O Poder - O que isso significa?
Tognozzi - É uma situação interessante. Indica sintomas de fadiga de material, quando o eleitor já não espera nada do político e acredita não ter ele muito a oferecer, a não ser mais do mesmo.
Lula é candidato único da esquerda, enquanto seus adversários tentam se viabilizar para um segundo turno contra ele. A candidatura de Flávio Bolsonaro é a que parece estar mais forte. Mas esta situação pode mudar até abril, ou agosto, quando os candidatos estarão definidos e as chapas anunciadas. O que não deve mudar é a sina de Lula, sempre enfrentando 2 turnos.
O Poder - Em nossa opinião editorial, Kassab será peça chave nesse contexto. Qual sua opinião sobre isso?
Tognozzi - Enquanto Flávio tenta fazer sua candidatura decolar, Gilberto Kassab trabalha nos bastidores. Ele hoje conta como o melhor time de presidenciáveis de centro. Seja o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem é secretário de Governo, ou os governadores Ratinho Júnior (PSD) do Paraná e Eduardo Leite (PSD) do Rio Grande do Sul. Difícil imaginar Kassab desperdiçando oportunidades.
A eleição passará por Kassab, assim como passará por Romeu Zema, governador de Minas, pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), hoje favorito para suceder Zema com 25% das preferencias, e o deputado Nikolas Ferreira (PL) o mais votado de Minas.
O Poder - Ou seja a eleição nacional em 2026 passa por Kassab e Zema...
Tognozzi - Com Flávio ou sem Flávio, a única maneira de a oposição derrotar Lula, desaprovado por 51% dos mineiros, será ganhar em Minas Gerais nos dois turnos.
Esta é a grande força de Zema, político bem avaliado por seu eleitorado. Se Zema e Kassab sentarem para conversar e decidirem fazer um acordo político para uma chapa com Ratinho Junior na cabeça, por exemplo, teremos a grande novidade para a eleição de 2026.
Ratinho é um dos governadores mais bem avaliados com 84% de aprovação. Zema tem 63% . Ambos conseguiram governar sem escândalos de corrupção, num tempo em que a Polícia Federal anda fazendo hora extra. Lula, por seu turno, tem o passivo do INSS e o roubo dos aposentados dia sim e outro também na mídia. Zema e Ratinho são exemplos de políticos que podem fazer a diferença aliados. Ambos têm juízo e bom senso de sobra. Outro, é o governador Ronaldo Caiado, que fez um belo trabalho na segurança pública e ganhou 80% de aprovação entre os goianos.
O Poder - Sim, não falamos ainda sobre Caiado. Tem um papel para ele na próxima eleição?
Tognozzi - Caiado disputará a presidência e será uma pedra no sapato de Lula. Crítico ácido da esquerda, tem a força do agro e fala o que pensa sem medo. Será um debatedor perigoso. Mas ainda não tem negociada uma chapa capaz de fazer a diferença em Minas.
Flávio Bolsonaro também necessita de um vice com força em Minas. Seu pai perdeu ali nos dois turnos de 2022, justamente por ter errado na relação com os mineiros.
O Poder- E Geraldo Alckmin?
Tognozzi - Lula, com Alckimin de vice, tem uma grande vantagem sobre os adversários por disputar na cadeira de presidente e contar com uma máquina partidária comandada por um político extremamente competente, o ex-prefeito Edinho Silva. Se o PT é um osso duro de roer fora do governo, será mais duro ainda no poder. Ainda veremos muitas cobras e lagartos saírem do baú de maldades do PT contra os adversários. Nunca é demais lembrar de Marina Silva, moída sem dó nem piedade pela máquina petista na eleição de 2014, carimbada como alguém que fez acordo com os banqueiros para prejudicar os trabalhadores.
O próprio Ciro Gomes sentiu na pele a pressão do PT para renunciar em favor de Lula na eleição de 2022. Desta vez, virão com tudo. Lula é o político mais experiente em atividade no Brasil. No segundo turno, dia 25 de outubro de 2026, estará a dois dias de completar 81 anos. Se eleito, será o único a tomar posse 4 vezes e o mais idoso dos 23 presidentes que chegaram ao poder pelo voto popular. Para isso, precisará convencer os brasileiros de que nada será melhor do que o velho Lula lá.
O Poder - Obrigado pelo seu tempo. Algo que queira acrescentar?
Tognozzi - Um Feliz Natal e um 2026 iluminado para vocês e os leitores.

As aventuras de Cacimba 21 — O cachorro que enxergava pecados
20/12/2025
O cachorro apareceu na vila numa manhã de calor besta, daqueles dias em que o sol parece botar os bofes pra fora. Era um vira-lata amarelo, orelha caída, rabo magro e um olhar tão sério que parecia ter vindo do céu ou do inferno, ninguém sabia qual.
A primeira coisa estranha aconteceu na venda de Seu Arlindo. O cachorro entrou, cheirou o ambiente e, do nada, começou a latir feito doido pra cara de Zé Limoeiro, que ficou roxo:
— Eu não fiz nada, homi! Nada!
Mas o cachorro insistia. Latia exatamente quando Zé pensava em algo que não queria contar pra ninguém. Dali a pouco, o povo descobriu o que ele estava aprontando:
o bicho enxergava pecados.
Não os grandes, não os famosos, mas os escondidos, os íntimos, os que nem a pessoa lembra que cometeu… mas que ainda late dentro dela.
Em uma semana, virou um pandemônio.
O cachorro latia para:
o vaqueiro que traía a diet...
Por Zé da Flauta*
O cachorro apareceu na vila numa manhã de calor besta, daqueles dias em que o sol parece botar os bofes pra fora. Era um vira-lata amarelo, orelha caída, rabo magro e um olhar tão sério que parecia ter vindo do céu ou do inferno, ninguém sabia qual.
A primeira coisa estranha aconteceu na venda de Seu Arlindo. O cachorro entrou, cheirou o ambiente e, do nada, começou a latir feito doido pra cara de Zé Limoeiro, que ficou roxo:
— Eu não fiz nada, homi! Nada!
Mas o cachorro insistia. Latia exatamente quando Zé pensava em algo que não queria contar pra ninguém. Dali a pouco, o povo descobriu o que ele estava aprontando:
o bicho enxergava pecados.
Não os grandes, não os famosos, mas os escondidos, os íntimos, os que nem a pessoa lembra que cometeu… mas que ainda late dentro dela.
Em uma semana, virou um pandemônio.
O cachorro latia para:
o vaqueiro que traía a dieta com buchada às escondidas,
a moça que mentia pra si mesma sobre um amor que não existia,
o padre que invejava a oratória do pastor,
o menino que filava a merenda do irmão,
e até Dona Teresa, que dizia que perdoou a vizinha, mas ainda guardava uma pontinha de veneno na alma.
O povo ficou revoltado:
— Esse cachorro é do demônio!
— Esse cachorro veio pra botar a vila abaixo!
— Amarrem essa criatura!
Mas ninguém conseguia pegar o bicho. Ele desviava, escorregava, desaparecia… como se soubesse o movimento de todo mundo antes de acontecer. Foi então que chamaram Cacimba.

Ele chegou com seu andar calmo, chapéu baixo, macaquinhos nos ombros, um dormindo, outro atento como guarda-costas.
O cachorro, ao vê-lo, parou de latir. Sentou-se. Abaixou a cabeça.
Cacimba sorriu:
— Tu tá cansado, né, bicho?
O cachorro respondeu com um gemido triste. O povo, assustado, perguntava:
— Cacimba, esse cachorro tá julgando a gente?
Cacimba ajeitou o chapéu:
— Nenhum cachorro julga ninguém. Quem julga é a consciência da pessoa quando o latido cutuca o lugar certo.
A vila ficou muda. Cacimba se agachou, coçou a orelha do bicho e disse:
— Tu não veio pra condenar ninguém. Veio pra mostrar que esse povo aqui precisa se perdoar.
O cachorro lambeu a mão de Cacimba. Os macaquinhos se aproximaram, farejaram o vira-lata e fizeram festa. Cacimba então falou alto, olhando pra todo mundo:
— O pecado late mais forte quando a gente esconde. Se o bicho tá latindo, é pra ajudar a soltar o que aperta.
O povo ficou sem saber onde enfiar a cara. Aqueles que estavam sendo denunciados por latidos improvisaram desculpas. Os que não foram latidos ficaram indignados por não terem sido importantes o suficiente. E alguns, num ataque de sinceridade repentina, começaram a confessar coisas simples, pequenas, humanas.
O cachorro parou de latir. Deitou no chão, tranquilo, como se tivesse cumprido sua missão.
— Ele vai ficar aqui? perguntou alguém.
Cacimba respondeu:
— Não. Bicho assim não pertence a um lugar só. Ele vai onde as pessoas precisam fazer as pazes com elas mesmas.
E dito e feito:
No dia seguinte, o cachorro tinha desaparecido. Só ficaram as pegadas na poeira da estrada, indo embora em direção ao horizonte, como se seguisse um chamado invisível. E desde então, quando alguém sente um aperto na alma, o povo da vila murmura:
— Será que o cachorro tá chegando?
E ninguém duvida.
*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.

Para brasileiros, Brasil é mais desvalorizado que admirado pelos estrangeiros
20/12/2025
Embora positiva, conforme o trabalho, emerge a opinião de que a imagem externa piorou nos últimos anos e de que o brasileiro é hoje mais desvalorizado do que admirado pelos estrangeiros.
COP 30 pode reverter tendência
O estudo indica que eventos internacionais como a COP 30 podem contribuir para reverter essa tendência. Para a maioria dos entrevistados, esse evento realizado recentemente em Belém favoreceu a imagem positiva. Além disso, atributos como simpatia, alegria e hospitalidade são centrais na forma como os brasileiros, por projeção, acreditam ser...
Pesquisa divulgada essa semana pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) revelou que a visão dos brasileiros sobre a imagem internacional do país é positiva, mas não livre de ambivalências. A população reconhece que o Brasil é conhecido e bem relacionado no exterior, mas avalia de forma crítica como o brasileiro é recebido em outros países.
Embora positiva, conforme o trabalho, emerge a opinião de que a imagem externa piorou nos últimos anos e de que o brasileiro é hoje mais desvalorizado do que admirado pelos estrangeiros.

COP 30 pode reverter tendência
O estudo indica que eventos internacionais como a COP 30 podem contribuir para reverter essa tendência. Para a maioria dos entrevistados, esse evento realizado recentemente em Belém favoreceu a imagem positiva. Além disso, atributos como simpatia, alegria e hospitalidade são centrais na forma como os brasileiros, por projeção, acreditam ser vistos lá fora.
Elementos como futebol, natureza exuberante e carnaval continuam a ser vistos como os principais símbolos que identificam o país. Ao mesmo tempo, o destaque em áreas como turismo, energia limpa e proteção ambiental também constitui uma “marca” do Brasil, ancorando a percepção de relevância no cenário internacional.
Já no tocante ao futebol, certamente influenciado por um jejum de 24 anos, predomina um otimismo moderado em relação às chances da seleção brasileira na Copa de 2026.

Protagonismo na agenda climática
Conforme os dados apurados, para 66% dos entrevistados, a COP30, realizada em Belém em novembro, favoreceu a imagem do Brasil no exterior. Esse resultado, segundo o trabalho, indica o reconhecimento de que o evento reforçou o protagonismo brasileiro na agenda climática global, enquanto é minoritária a parcela que não identifica essa contribuição (28%).
Por sua vez, a pesquisa revelou que os brasileiros não estão tão animados com a próxima Copa do Mundo. Com uma longa abstinência de 23 anos sem ganhar uma Copa, e mesmo considerando o futebol como um dos símbolos que mais representam o Brasil no exterior (26%), as pessoas revelam um otimismo moderado ao fazerem projeções sobre as chances do país ganhar em 2026.
A maior parte dos entrevistados (43%) acredita que o Brasil tem alguma chance de conquistar o título; 21% apostam no histórico favoritismo do Brasil e afirmam que o Brasil tem muita chance; e 31%, mais céticos, opinam que o país não tem chance de ser campeão.
A atitude moderada (tem alguma chance) predomina em todos os segmentos, mas os números variam de forma expressiva segundo idade, escolaridade e região. No caso de homens e mulheres, ambos registram percentuais praticamente idênticos e alinhados à média nacional.

Bem visto, mas desvalorizado.
Em relação a como o Brasil é visto internacionalmente, a maioria dos brasileiros acredita que o país é conhecido, em alguma medida, no cenário internacional. 88% acham que o país é bem conhecido ou mais ou menos conhecido. Outros 10% supõem um nível de conhecimento pouco qualificado (só de ouvir falar) ou ausente. 62% dos brasileiros creditam ao Brasil uma imagem internacional positiva (36%) ou neutra (26%). Enquanto para cerca de um terço (32%), a imagem do país no exterior é desfavorável
Já com relação à imagem do brasileiro, predomina a percepção de desvalorização. Mais da metade (56%) sentem que o brasileiro é desvalorizado no exterior, enquanto pouco mais de um terço (35%) se mostram confiantes de que o brasileiro é admirado. A projeção de amplo conhecimento do Brasil no exterior é transversal a todos os estratos sociodemográficos e regiões, com variações estatisticamente pouco expressivas.
Numa perspectiva evolutiva, 60% dos entrevistados avaliam que a imagem do Brasil melhorou (32%) ou continuou igual (28%). Por outro lado, cerca de quatro em cada dez brasileiros (39%) opinam que houve retrocesso.

Simpatia distingue, corrupção desfavorece.
Na visão dos brasileiros, a imagem externa do país ainda está ancorada em traços como cordialidade e símbolos como o futebol, carnaval e natureza. O agregado de atributos positivos imputados aos brasileiros é muito superior (76%) aos negativos (22%).
Simpatia (29%), alegria (21%) e hospitalidade (19%) formam o tripé dos atributos que mais caracterizam os brasileiros no exterior, segundo os próprios. Criatividade (4%) e solidariedade (3%) completam a lista.
Esse desenho, que expressa uma imagem majoritariamente favorável, centrada em qualidades interpessoais e na capacidade de acolhimento, pode dizer muito mais sobre como o brasileiro se vê do que como ele é efetivamente visto nos outros países.
Corrupção destaca-se como o principal item negativo, mencionado por 15% dos entrevistados. Este percentual, embora inferior aos principais traços positivos, supera amplamente características como falta de educação, irresponsabilidade, preguiça (todas com 2%) e desrespeito (1%).
O levantamento do Ipespe teve o patrocínio da Federação Brasileira de Banos (Febraban) e faz parte de uma série que acompanha o humor dos brasileiros sobre temas do momento.
Lula faz apelo por cooperação regional da AL contra o crime organizado
20/12/2025
O presidente afirmou que “o enfraquecimento das instituições democráticas é um dos problemas que abre caminho para atividades ilícitas”. E citou uma série de ações em curso entre os países sul-americanos. "A segurança pública é um direito do cidadão e um dever do Estado, independentemente de ideologia. O Mercosul demonstrou disposição de enfrentar as redes criminosas de forma conjunta. Há mais de uma década, criamos uma instância de autoridades especializadas em políticas contra as drogas”, ressaltou.
“Neste...
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou reunião da cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20/12) em Foz do Iguaçu (PR), para pedir uma ação integrada de toda a América do Sul contra o crime organizado. Lula disse que enfrentar o crime organizado deve ser uma das prioridades do bloco, formado hoje por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, “independentemente do perfil político dos governos de cada um destes países”.
O presidente afirmou que “o enfraquecimento das instituições democráticas é um dos problemas que abre caminho para atividades ilícitas”. E citou uma série de ações em curso entre os países sul-americanos. "A segurança pública é um direito do cidadão e um dever do Estado, independentemente de ideologia. O Mercosul demonstrou disposição de enfrentar as redes criminosas de forma conjunta. Há mais de uma década, criamos uma instância de autoridades especializadas em políticas contra as drogas”, ressaltou.
“Neste semestre, assinamos um acordo contra o tráfico de pessoas. Criamos uma comissão para implementar uma estratégia comum contra o crime organizado transnacional. Instituímos um grupo de trabalho especializado sobre recuperação de ativos, a fim de asfixiar as fontes de financiamento de atividades ilícitas", disse, ainda, o presidente.
Regulação de ambientes digitais
Ele defendeu regulação dos ambientes digitais para o combate ao crime e anunciou uma reunião internacional com ministros da área de segurança para debater o assunto.
“Concordamos que a internet não é um território sem lei e adotamos medidas para proteger crianças e adolescentes e dados pessoais em ambientes digitais. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Mas essa é uma luta que vai além do Mercosul. Não existe hoje, em funcionamento, uma instância de abrangência sul-americana dedicada a esse problema”, frisou.
Por isso, segundo o presidente, em consulta com o Uruguai, o Brasil pretende propor a convocação de uma reunião de ministros da Justiça e de Segurança Pública do Consenso de Brasília para discutir como fortalecer a cooperação sul-americana no combate ao crime organizado", afirmou.
Risco de conflito militar
Um outro ponto chave do discurso de Lula na reunião do Mercosul, deste sábado, foi o risco de um conflito armado na América do Sul, diante da ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, que pode levar à derrubada do atual regime do presidente daquele país, Nicolás Maduro, e desencadear uma nova guerra. Hoje, tropas dos EUA cercam o Mar do Caribe na fronteira venezuelana, sob alegação de combate ao narcotráfico.
“Passadas mais de quatro décadas, desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, alertou Lula.
Além de defender uma doutrina de paz na América do Sul, o presidente do Brasil fez uma defesa da democracia e exaltou a capacidade das instituições brasileiras debelaram a tentativa de golpe de Estado, há quase três anos.
"A democracia brasileira sobreviveu ao mais duro atentado sofrido desde o fim da ditadura. Os culpados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 foram investigados, julgados e condenados conforme o devido processo legal. Pela primeira vez na sua história, o Brasil acertou as contas com o passado", enfatizou.
— Com Agências de Notícias
Contexto histórico da visita de Pedro II a PE em 1859 — 2ª Parte
20/12/2025
Nenhuma outra província do Império do Brasil teve um passado tão marcado por movimentos de contestação aos poderes centrais como Pernambuco. As revoluções do século XIX representaram choques frontais entre a província e a dinastia dos Bragança. Durante o segundo reinado, Pernambuco continuou sendo alvo de preocupações concernentes ao seu grau de adesão ao Império. Havia muitos ressentimentos envolvidos na relação entre a província e a Corte.
No final dos anos 1850, os tempos conturbados das lutas pela Independência, do Primeiro Reinado e do Período Regencial haviam passado e a província de Pernambuco testemunhava o crescimento da agroindústria do açúcar. O velho produto rei pernambucano voltava a ser o mais importante da pauta de exportações após anos de prevalência do algodão. Entre 1830 e 1847, o açúcar passou de 59% para 84% do valor total exportado por Pernambuco, enquanto a fibra vegetal caiu de 34% para 9%.
Apes...
George Cabral*
Nenhuma outra província do Império do Brasil teve um passado tão marcado por movimentos de contestação aos poderes centrais como Pernambuco. As revoluções do século XIX representaram choques frontais entre a província e a dinastia dos Bragança. Durante o segundo reinado, Pernambuco continuou sendo alvo de preocupações concernentes ao seu grau de adesão ao Império. Havia muitos ressentimentos envolvidos na relação entre a província e a Corte.
No final dos anos 1850, os tempos conturbados das lutas pela Independência, do Primeiro Reinado e do Período Regencial haviam passado e a província de Pernambuco testemunhava o crescimento da agroindústria do açúcar. O velho produto rei pernambucano voltava a ser o mais importante da pauta de exportações após anos de prevalência do algodão. Entre 1830 e 1847, o açúcar passou de 59% para 84% do valor total exportado por Pernambuco, enquanto a fibra vegetal caiu de 34% para 9%.
Apesar das dificuldades de mercado no início do século, a produção de açúcar aumentou em 70%, quase duplicando entre 1836 e 1840 e o patamar alcançado neste último ano teve incremento de 100% até 1850. A parte interior da Mata Sul foi integrada à área de produção valendo-se da ampliação do uso de linhas férreas. Mesmo com a adoção lenta do vapor como força motriz, as melhorias nas técnicas de moagem e o uso do bagaço como combustível permitiram, a par da expansão da malha ferroviária, interiorizar os cultivos.
“Problema financeiro e emocional”
Dadas as pressões externas e as condições do mercado interno de escravizados, o tráfico interprovincial retirava braços das lavouras de cana e os destinava ao cultivo do café. Na Mata Norte, a redução da presença da escravidão foi maior que na Mata Sul. Em ambas, o trabalho escravo já não era majoritário na agricultura, o que levou J. H. Galloway a expressar que a Abolição em Pernambuco representou apenas o fim de um período de transição, sendo “um problema financeiro, político e emocional, mas não um problema de mão-de-obra”. As safras cresceram, os fluxos comerciais também e a prosperidade se refletia na substituição da moeda de cobre pela de prata como meio circulante no comércio, cada vez mais aquecido, da capital.
A bonança econômica, entretanto, não foi suficiente para evitar a última eclosão da rebeldia pernambucana no período imperial. Depois dos anos de agitação do Período Regencial, ocorreu o último movimento de contestação: a Revolução Praieira entre 1848 e 1849. O movimento estalou após a queda do gabinete liberal e a substituição da presidência da província, marcando o fim do período de hegemonia do liberalismo mais radical em Pernambuco. Permanecia vivo o viés autonomista, no sentido da defesa de um modelo descentralizado, sobretudo no que se referia à gestão fiscal.
Por outro lado, havia uma crescente tensão social produzida pela chegada de populações da Zona da Mata para o Recife, população livre e pobre que, na capital, passava a disputar oportunidades com os imigrantes portugueses. Essa tensão deu margem para que reivindicações antilusitanas eclodissem no âmbito do movimento praieiro na forma de “mata-marinheiros” e da propositura de medidas de restrição à presença de portugueses no Brasil e à sua participação no comércio a retalho. O excesso de foco dado por uma parte da historiografia a esta dimensão mais popular e urbana do movimento praieiro acabou por eclipsar seu viés elitista e rural.
Elites agrárias e elites periféricas
Se por um lado a independência feita com uma monarquia centralizada agradou às elites agrárias de norte a sul na medida em que permitiu a manutenção da escravidão e do comércio de escravizados, por outro lado, o desejo das elites periféricas de uma maior participação nos círculos de decisão política continuou uma questão candente.
Quando a conciliação permitiu que as facções provinciais do partido conservador convergissem em acordos que ampliaram a representação nos ministérios e a destinação de recursos para as melhorias materiais, isso permitiu a integração dos “grupos dirigentes do norte agrário” no sistema de poder imperial, mas não anulou completamente, em Pernambuco, sobretudo, os ressentimentos que se arrastavam de longa data.
O autonomismo, depurado de radicalismos nativistas e republicanos, passou a pelejar sobre a questão dos saldos provinciais, ou seja, contra a contínua sangria dos superávits drenados para os cofres imperiais sem o retorno esperado na forma de obras, sobretudo as de infraestrutura.
Transferência de recursos
Segundo Evaldo Cabral de Mello: “O império promoveu uma transferência maciça de recursos governamentais do Norte para o Centro-Sul, num processo de espoliação fiscal aparentado às situações coloniais de tipo clássico”.
A falta de investimentos na infraestrutura das províncias do Norte, sobretudo naquelas que favorecessem o escoamento de suas hinterlândias para os portos dos capitais, se confrontava com o rápido avanço da malha ferroviária nas províncias do Sul, levando um observador contemporâneo a denunciar que pretendia-se subverter até a geografia, transformando a corte no “centro comercial e industrial do norte do império”.
Uma outra dimensão desse enviesamento diz respeito à oferta de crédito: enquanto as taxas de juros nas províncias cafeeiras eram estabelecidas entre 10 e 12%, nas províncias do açúcar elas se situavam entre 18 e 24%.
Memórias latentes
Em meados do século XIX, a província parecia sossegada e integrada ao Império. No entanto, permanecia latente a memória das violências sofridas na repressão aos movimentos libertários, bem como fermentavam inúmeras queixas sobre como se dava a relação entre tributação e investimentos nas infraestruturas da província.
A aparente calma escondia tensões renitentes. Como seria a recepção de uma visita do imperador nesta província tão irrequieta? Sobre isso trataremos nos próximos artigos desta série.
*George Cabral é presidente do IAHGP, membro efetivo da Academia Pernambucana de Letras, professor da UFPE, doutor em História pela Universidade de Salamanca, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro honorário da Academia Portuguesa da História.

N. R.: Este texto teve intertítulos incluídos à revelia do autor, sem interferência no seu conteúdo, como forma de ficar adequado ao padrão de edição gráfica de O Poder
As aventuras de Cacimba 20 — A moça que conversava com as sombras
20/12/2025
O povo da vila começou a estranhar quando viu Raimundinha do Açude falando sozinha na beira do caminho. Falando baixinho, com a boca quase fechada, como quem conversa com alguém encostado no ouvido. Mas não tinha ninguém. Ou melhor: tinha.
A sombra dela.
A sombra de Raimundinha era comprida, fina, negra feito breu batido, e se mexia um segundo antes do corpo, como se esperasse a moça decidir, pra então confirmar o movimento. Primeiro, Raimundinha achou que era maluquice sua. Depois, percebeu que a sombra respondia. E respondia coisas que ninguém devia saber:
— Ele te ama desde 2018, só não confessa.
— Aquela promessa que tu acredita nunca foi feita.
— Tua mãe esconde uma tristeza que não tem cura.
— Teus sonhos são menores do que tu merece.
— E essa saudade que tu sente não é tua. É herdada.
As palavras vinham como vento gelado por baixo da porta.
A moça começ...
Por Zé da Flauta*
O povo da vila começou a estranhar quando viu Raimundinha do Açude falando sozinha na beira do caminho. Falando baixinho, com a boca quase fechada, como quem conversa com alguém encostado no ouvido. Mas não tinha ninguém. Ou melhor: tinha.
A sombra dela.
A sombra de Raimundinha era comprida, fina, negra feito breu batido, e se mexia um segundo antes do corpo, como se esperasse a moça decidir, pra então confirmar o movimento. Primeiro, Raimundinha achou que era maluquice sua. Depois, percebeu que a sombra respondia. E respondia coisas que ninguém devia saber:
— Ele te ama desde 2018, só não confessa.
— Aquela promessa que tu acredita nunca foi feita.
— Tua mãe esconde uma tristeza que não tem cura.
— Teus sonhos são menores do que tu merece.
— E essa saudade que tu sente não é tua. É herdada.
As palavras vinham como vento gelado por baixo da porta.
A moça começou a emagrecer. Dormia pouco. Tinha olheiras fundas, como quem anda pescando no escuro do próprio pensamento.
Quando Raimundinha chegou na venda chorando, dizendo que sua sombra tinha mandado ela “não sair de casa hoje”, o povo chamou Cacimba.
Ele chegou caminhando, com seus macaquinhos agoniados, os bichos viram sombra diferente de longe. Raimundinha estava encolhida num canto, tremendo. Sua sombra, projetada na parede de barro, parecia viva. Parecia respirar.
Cacimba tirou o chapéu, deu três passos lentos e perguntou:
— O que é que tu tá dizendo pra essa menina, criatura?
A sombra se mexeu. Mudou de forma. Cresceu. E respondeu não com voz, mas com um barulho seco, como couro sendo dobrado.
Os macaquinhos se esconderam atrás de Cacimba. Então a sombra falou com a própria Raimundinha, e todos ouviram:
— Eu tô cansada. Sou eu que carrego tudo. Suas dores, seus medos, o que tu finge que não pensa. Quero descanso. Quero trégua.
Cacimba suspirou.
— Toda sombra carrega o peso que o dono não quer levar. Mas sombra nenhuma aguenta solidão.

A moça chorava, abraçada aos joelhos.
— O que é que eu faço, Cacimba? Ela sabe tudo de mim…
Ele se abaixou, colocou a mão na terra, riscou um círculo e mandou Raimundinha ficar no meio.
— Sombra só fala demais quando tá esquecida.
Sombra quer afeto, quer atenção. Tu precisa conversar com ela… mas conversar certo.
Cacimba pegou o pife. Soprou um som baixo, grave, feito vento que vem do fundo da noite. E a sombra começou a encolher, encolher, encolher… Até ficar do tamanho exato da moça. Parada. Quietinha. No lugar dela.
Raimundinha respirou fundo. Encostou a mão no chão. Falou com doçura que nunca tinha usado:
— Se tu tá cansada… descansa. Eu carrego uma parte. Mas fica comigo.
A sombra tremeu. Estremeceu. E voltou a ser sombra, simples, obediente, morna como sempre deveria ser.
Cacimba ajeitou o chapéu, deu um tapinha no ombro da moça, e os macaquinhos, já valentes de novo, pularam nos seus.
— Pronto, disse ele.
— Sombra é igual gente: se ninguém escuta, grita.
E foi embora pela estrada, deixando atrás de si um rastro de silêncio calmo, como se a noite tivesse sido enxugada com pano molhado.
Na vila, até hoje, quando alguém se assusta com a própria sombra, o povo diz:
— Conversa com ela, criatura… antes que ela converse primeiro.
*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.
