Se por um lado o desfile cívico-militar deste ano recebeu um público menor do que o previsto, por outro o Governo Federal, em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve duas grandes receptividades: a forma calorosa como foi recebido pelo público assim que adentrou na Esplanada dos Ministérios e a presença maciça de autoridades no espaço a elas reservado, na cerimônia. Há anos, um desfile de 7 de setembro não contava com tantos representantes dos Três Poderes em Brasília.

Baixa umidade

Em relação ao público, a preparação foi feita estimando-se a presença de aproximadamente 30 mil pessoas. Os primeiros cálculos de balanço do evento, porém, apontam que compareceram cerca de 20 mil. A redução vinha sendo cogitada pelos organizadores nos últimos dias, em função das queimadas que deixaram o céu enevoado na capital do país e resultaram em baixíssima umidade do ar (já baixa neste período do ano).

Todos os ministros

O presidente chegou ao desfile em carro aberto, acenou para a população nas arquibancadas e foi festejado de imediato. Desta vez, sozinho, porque a primeira-dama, Janja da Silva, está em missão oficial no Catar. Um dos destaques foi a presença de quase todos os ministros, com seus familiares, com exceção da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O gesto foi visto como uma espécie de reforço à união do primeiro escalão do governo, depois do desgaste observado ontem, com a demissão, por Lula, do ministro de Direitos Humanos, Sílvio Almeida — envolvido em denúncias de assédio sexual. Anielle, que confirmou ter sido uma das vítimas de Almeida, faltou com a anuência de Lula.



Presença suprema

Entre os magistrados, chamaram a atenção representantes do Supremo Tribunal Federal (STF). O evento vinha contando com a participação de poucos membros da Corte, nos últimos anos. Desta vez, foi prestigiado por seis deles: Além do presidente, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Cristiano Zanin Martins.

Telefonema

Segundo comentários de bastidores, Moraes recebeu um telefonema pessoal do presidente, pedindo que comparecesse para que ele [Lula] pudesse lhe demonstrar apoio. O ministro é um dos principais alvos da manifestação de oposicionistas prevista para logo mais em São Paulo, cobrando o seu impeachment por ter dado decisão banindo a plataforma X do país.

Pacheco e Alkmin

Também participaram da solenidade o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o diretor-presidente da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, bem como o vice-presidente da República Geraldo Alkmin e sua esposa, Lu Alkmin.