imagem noticia

Série Frei Caneca - O Agreste Setentrional e a Confederação do Equador

20/09/2024 -

imagem noticia
Por Fernando F Guerra

Um missionário revolucionário. Frei Caneca foi um religioso e revolucionário brasileiro, que apoiou a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador em 1824, movimentos pela independência do Brasil. Nascido no Recife em 20 de agosto de 1779, seu nome era Joaquim da Silva Rabelo. O Poder publica a partir de hoje, sexta-feira (21/09), em parceria com o Correio do Agreste, uma série sobre a trajetória de Frei Caneca e suas lutas. O amplo material de autoria do jornalista e historiador Fernando Guerra, refaz os passos do frei em terras pernambucanos a destaca momentos marcantes da vida do missionário.

Esforço

O material reproduzir o esforço hercúleo de Fernando Guerra para cobrir uma pequena fração da gigantesca omissão do Governo dos Estados envolvidos - Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.


A bandeira

Bandeira da Confederação do Equador com as predominâncias das cores azul e amarelo, de autoria desconhecida, onde ressaltam as representações da cana de açúcar e do algodão principais produtos econômicos de Pernambuco na época. Ao centro, a cruz remete ao forte sentido cristão do movimento.

Os dizeres

Os dizeres Religião, Independência, União, Liberdade, traduzem a essência do pensamento norteador confederado. Encimado no quadrilátero amarelo, em destaque, a mão com o “olho que tudo vê” sinaliza para a presença maçônica numa das mais emblemáticas revoluções pernambucanas. Em 2006 a bandeira da Confederação do Equador foi adotada como insígnia oficial do Governador do Ceará.

O itinerário

Parte deste trabalho, são transcrições do Itinerário que fez o Frei do Amor Divino Caneca, saindo de Pernambuco a 10 de setembro de 1824 para a província do Ceará Grande. Trata-se de um diário de campanha escrito pelo Mártir pernambucano com relatos minuciosos da fuga empreendida pelas tropas republicanas. Nossa abordagem principal diz respeito ao momento em que os confederados transformaram o Agreste Setentrional de Pernambuco no cenário de um dos mais dramáticos episódios da História do Brasil.

Confederação

No ano de 1824 reacendeu o espírito libertário de Pernambuco e na província teve início um confronto com o poder imperial que resultou na Confederação do Equador, movimento constitucionalista e republicano.

Assembleia

Como antecedentes, registra-se que no dia 12 de novembro de 1823, a Assembleia Constituinte que se reunia no Rio de Janeiro para dotar o país de uma Constituição fora destituída por decreto imperial, sob ameaça de tropas militares e dissolvida, tendo os deputados pernambucanos, ao retornarem à província, feito um Manifesto denunciando o golpe de estado.

Junta

Abalada pela drástica medida, a junta que governava Pernambuco, no dia 13 de dezembro num Conselho que convocara, pediu que aceitassem sua demissão, tendo sido eleito naquele momento, como seu presidente, Manoel de Carvalho Paes de Andrade, que servia de intendente da Marinha.

Notícias

Em seguida, chegaram notícias da capital do Império dando conta que o imperador que passara a comandar o Brasil de forma absolutista, afastava o governador Manoel de Carvalho Paes de Andrade do governo provincial nomeando em seu lugar Francisco Paes Barreto. Este, considerado como inapto para governar e repudiado pelos pernambucanos.

Decisão imperial

Contrapondo-se à decisão imperial, no dia 8 de janeiro de 1824 a Câmara de Olinda, ainda capital da província, em Assembleia Geral Constituinte ratificava a decisão anterior de manter Manoel de Carvalho à frente do governo pernambucano, ignorando a nomeação imperial do morgado do Cabo Francisco Paes Barreto. Em sua Cronologia Pernambucana, Nelson Barbalho afirma ser essa medida um “insulto ao imperador e a confissão indisfarçada de insubmissão às ordens emanadas da corte”.

Olinda

Naquele momento, em Olinda, quando se efetivou o governo de Carvalho, em seu discurso, o grande pensador Frei Caneca concluindo-o reafirmou ser “uma imprudente e arriscada medida do Ministério de Sua Majestade querer teimosa e caprichosamente ir de encontro à nossa felicidade, paz e sossego, em uma ocasião em que todas as luzes os seus despachos nos procuram males e calamidades (sic). Por isso fundado nestas razões, repito, que não se deve admitir Francisco Paes Barreto à presidência da província”.
Estava assim selado, em rápidas considerações, o rompimento entre a província de Pernambuco e a corte imperial do Brasil.

Mobilização

Essa mobilização revolucionária, emancipacionista e republicana, que eclodira no dia 2 de julho de 1824 se opunha ao absolutismo de D. Pedro I deflagrando-se de Pernambuco para as províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A bandeira da independência e da república tremulou nos céus pernambucanos durante os meses de julho, agosto e primeira quinzena de setembro de 1824.

Confederação do Equador -3

A Represália

Batalha de Afogados – Forças imperiais invadem o Recife – Pintura de Leandro Martins
O imperador D. Pedro I mobilizou forças de terra e mar para sufocar o movimento republicano que eclodira em Pernambuco.

Expedição

No dia 18 de agosto de 1824 uma expedição militar imperial chegou a Maceió tendo à frente o brigadeiro Francisco de Lima e Silva de onde após uma semana para se reabastecer, seguiu para Recife. Em 19 o mercenário inglês Lord Cochrane, com a nau Pedro I ocupou o porto do Recife.

Forças

As forças pernambucanas não resistiram à invasão do Recife e já no dia 12 de setembro o brigadeiro Lima ocupou os bairros de Santo Antônio e Boa Vista tendo a seguir as tropas pernambucanas batido em retirada.

A trajetória da fuga de Frei Caneca
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, um dos mais emblemáticos heróis e mártires nacionais, nasceu em Recife no bairro de Fora-de-Portas, Freguesia de S. Frei Pedro Gonçalves no ano de 1779, que hoje, sob a denominação de Pilar, situa-se nas proximidades da zona portuária da cidade do Recife.

Heróis

Ele, que anteriormente esteve entre os heróis pernambucanos envolvidos na Revolução de 1817 e que fora preso e recolhido às masmorras da Bahia, foi o principal mentor intelectual da Confederação do Equador. Difundiu seu ideário de libertação em diversos escritos tais como “Dissertação sobre o que se deve entender por Pátria do Cidadão”, “Cartas de Pítia a seu amigo Damão”, “O caçador atirando à Arara Pernambucana” entre tantos outros, publicados em periódicos da época dentre eles o Typhis Pernambucano do qual era o editor.






Dizia

O mesmo Frei Caneca dizia “que à proporção que nossos trabalhos se estendiam a beneficiar nossos compatriotas, nós caminhávamos ao perigo e à ruína, pois que nossas verdades chocavam os interesses de D. Pedro de Alcântara, príncipe português que o Brasil imprudente e loucamente havia aclamado seu imperador”.

Traído

Quando se viu traído, após as tropas que deveriam defender o Recife abrirem as portas da cidade sem oferecer a menor resistência às forças imperiais; quando sentiu que toda a oficialidade se encontrava dividida em grupos e tendo sido alertado para se ocultar, pois era alvo de intensa procura, juntamente com outros partícipes da conjuração, Frei Caneca tratou de se pôr a salvo, fugindo “das garras da perfídia”.

O coronel

Ele, João Soares Lisboa, Francisco de Souza, o coronel José Antônio Ferreira, o major José Gomes do Rego, o capitão Braga, José Matias, o irmão deste e um soldado mouco camarada do Braga, desde o dia 10 de setembro articularam-se para a fuga. Mas, somente saíram de Olinda às dez horas da noite do dia 16 tendo atravessado Olinda passando por todos os piquetes procurando a Vila de Igarassu.

Viajaram

Viajaram por toda a noite e amanheceram o dia 17 no engenho Utinga onde o grupo dividiu-se. Cazumbá unido a José Matias “trouxeram ao seu partido o coronel Ferreira”. Caneca afirma que eles “passaram a olhar para nós como pessoas do maior perigo, obstáculos para a salvação dos mesmos, não mais querendo ver um só soldado da divisão pernambucana e nem serem vistos deles”.

Clima

Dentro desse clima, na manhã seguinte do dia 18, Rangel, Lisboa e Caneca tomaram o rumo em direção ao engenho Papicú onde jantaram e seguiram para o engenho Caraú pertencente a João Nepomuceno Carneiro da Cunha “afim de que aí conforme as informações que tivessem dos negócios de Goiana tomássemos a deliberação que fosse mais prudente e segura”.






Goiana

Dia 19 de setembro
Segundo informações colhidas, “em Goiana havia uma reunião de forças do Recife, as quais unidas às de Goiana e Paraíba haviam nomeado um Comandante em Chefe e marchavam para o Ceará”. Acreditaram que esse era o meio que restava para a sustentação da causa da pátria e a salvação das garras do tirano. Acompanhados de um guia que lhes foi dado por Carneiro da Cunha pela meia noite adentraram nas ruas de Goiana que estavam inteiramente desertas. “O escuro da noite e o medonho silêncio em que estava sepultada a vila, os uivos dos cães, tudo cooperou para nos encher de terror”, confessou Frei Caneca em seus relatos.

Tropas

Ali esperavam encontrar as tropas referidas. Após avaliações diversas tomaram a estrada da Soledade e depois de andarem o restante da noite, deram-se com a retaguarda da força, duas léguas acima da vila.


A infância

Conhecido por Frei Caneca porque, na infância modesta, vendia canecas nas ruelas pobres de Recife, no período do Brasil Colônia, Joaquim do Amor Divino Rabelo ordenou-se em 1799, no Convento do Carmo, e foi professor de geometria, retórica, poesia, filosofia e moral.

Republicano

Republicano convicto, Frei Caneca participou da Revolução Pernambucana, em 1817, e foi preso na Bahia, onde ensinava suas ciências a seus companheiros de prisão. (O Poder com Correio do Agreste)



Deseja receber O PODER e artigos como esse no seu zap ? CLIQUE AQUI.

Confira mais notícias

a

Contato

facebook instagram

Telefone/Whatsappicone phone

Brasília

(61) 99667-4410

Recife

(81) 99967-9957
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site.
Ao utilizar nosso site e suas ferramentas, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Jornal O Poder - Política de Privacidade

Esta política estabelece como ocorre o tratamento dos dados pessoais dos visitantes dos sites dos projetos gerenciados pela Jornal O Poder.

As informações coletadas de usuários ao preencher formulários inclusos neste site serão utilizadas apenas para fins de comunicação de nossas ações.

O presente site utiliza a tecnologia de cookies, através dos quais não é possível identificar diretamente o usuário. Entretanto, a partir deles é possível saber informações mais generalizadas, como geolocalização, navegador utilizado e se o acesso é por desktop ou mobile, além de identificar outras informações sobre hábitos de navegação.

O usuário tem direito a obter, em relação aos dados tratados pelo nosso site, a qualquer momento, a confirmação do armazenamento desses dados.

O consentimento do usuário titular dos dados será fornecido através do próprio site e seus formulários preenchidos.

De acordo com os termos estabelecidos nesta política, a Jornal O Poder não divulgará dados pessoais.

Com o objetivo de garantir maior proteção das informações pessoais que estão no banco de dados, a Jornal O Poder implementa medidas contra ameaças físicas e técnicas, a fim de proteger todas as informações pessoais para evitar uso e divulgação não autorizados.

fechar