
É Findi – Cultura e Lazer – Nem sempre é assim, crônica, de AJ Fontes*
21/09/2024 -
A noite não se apresenta boa para o sono. Aproveito o estado e apanho uma das folhas de papel que empilho em um canto da escrivaninha onde resolvi grafar minhas dores.
A da vez provém do ato dito capaz de promover a tonicidade dos músculos me habilitando às tarefas diárias de levantar da cama, vestir as roupas, subir e descer escadas e tantas mais que não dei conta da importância por uns sessenta anos de vida. O tal ato é o Pilates que de fato condiciona o corpo de maneira a deixar mais vigoroso e flexível.
Aconteceu na semana passada, talvez por não preparar devidamente a musculatura antes de um determinado movimento, de eu acordar a pequena hérnia de disco lombar quieta a tempos. Foi apenas uma fisgada. Nada que me impedisse de fazer a caminhada domingueira nas trilhas e estradas enladeiradas e enlameadas na zona rural de Chã Grande.
À noite, o esforço não me deixou assistir ao futebol e busquei o conforto do edredom. Foi nesse momento que senti o grito da mocinha. Na luta entre o cansaço e a dor, venceu o primeiro, embora tenha acordado mais cedo que o usual e passado o primeiro dia seguido da segunda noite exercitando minha veia profética ao afirmar que vai melhorar.
Amanhã será outro dia
Vou aproveitar a chegada do sono e dormir esperançoso no sucesso do tratamento com gelo, iniciado ontem. Faço isso para evitar o uso de drogas anti-inflamatórias e choques elétricos da fisioterapia. Por enquanto eu e a dorzinha brincamos de sentar-levantar e procurar a melhor posição.
Concluo pedindo desculpas ao meu geriatra. É que na folha que escrevo esse sopro de chateação, vejo agora, está a relação das vitaminas e drogas prescritas por ele na última consulta.
*AJ Fontes, engenheiro aposentado, contista e cronista, autor do livro Mantas e Lençóis, fala de quando a hérnia atacou mais uma vez