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A “Revolta da Chibata” crônica histórica por Natanael Sarmento*

23/09/2024 - Jornal O Poder

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O Comandante Vasco Moscoso do Aragão e o Deputado Justo Veríssimo animaram a tertúlia etílica-literária da “Confraria Água da Vida”. O gatilho foi matéria jornalística sobre veto do Ministro da Marinha Marcos Oslem- atual governo Lula- à inclusão de João Cândido no livro dos heróis da pátria.





Ideologias

O Comandante-de-Longo-Curso, entenda-se do cassino e viagens do cais da Praça XV à Ilha de Paquetá, avocava a tradição nobiliárquica da oficialidade naval e os princípios de hierarquia e disciplina, apoiava o veto ministerial.
O Deputado Justo Veríssimo, civil com curso de capacitação política nos na ESG – dos mesmos instrutores americanos da mesma turma do General Figueiredo, o Presidente da Ditadura mais lembrado pela frase “prefiro o cheiro de cavalo ao do povo”, radicalizava. Defendia a volta das Senzalas e dos castigos corporais inclusive para paisanos trabalhadores de fábricas. Advogava enquadramento na Lei de Segurança Nacional dos autores da proposta de incluir marinheiro negro no Panteão dos herói da pátria amada Brasil.
O filósofo aloprado Ruggiero é comunista e gastou a dialética contra os dois, e finalizou: “são reacionários, fascistas, racistas, dois filhos da puta”.


O último argumento, sem valor doutrinário algum, todavia, foi o mais a gota de TNT que faltava para a explosão de sopapos.
Os pugilistas baixaram a guarda com a pronta intervenção do moral do Major Policarpo Quaresma. E a paz voltou com os conselhos do psicoterapeuta Dr. Simão Bacamarte.





Na moral

João Cândido foi líder negro dos marinhos da Revolta da Chibata, na Guanabara, em 1910. Os marujos rebeldes renderam oficiais. Tomaram três navios. Exigiam o fim dos castigos físicos, das chibatadas. Cândido foi apelidado Almirante Negro, recebeu até música, mas morreu pobre e esquecido.

Herança maldita

3/5 da história brasileira são de iníquo regime da escravidão: o último país das Américas a abolir escravos - 1500-1888. Um racismo social estrutural. Subsiste como espectro, velado ou descaradamente.
Chicotadas como punição de marinheiros pobres e negros, permaneceram em voga depois da abolição. Algo normal para os brancos oficiais oriundos da Casa Grande.

Memória chicoteada

A revolta dos marinheiros contra punições de torturas deve ser celebrada como heroísmo do povo, assegura Ruggiero. O atual ministro chicoteia essa memória.

Traição

A maioria da população do Rio, Capital Federal, apoiava os revoltosos. O Presidente General Hermes da Fonseca empenhou a palavra, assinou acordo abolindo as chibatadas e anistiando os insurgentes. O Presidente não honrou a palavra do homem: descumpriu a tratativa.

Repressão

Os marinheiros amotinados entregam as armas e os navios controlados, antes do cumprimento. Camarão que dorme, a onda leva. Foram traídos, perseguidos, assassinados, torturados, presos, banidos: 2.000 expulsos da Marinha, 200 mortos.





Dois pesos, duas medidas

A desculpa do atual MM para vetar João Cândido é que a utilizar armas confiadas numa rebelião não é um bom exemplo. Regra vale para Chico, não vale para Francisco. O General Mourão Filho colocou tanques confiados nas ruas, no golpe de 1964. Militares do golpe frustrado do 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro e Generais - chefe do GSI, Augusto Heleno; Estevão Cals Theophilo Gaspar de Oliveira da lista dos 18 indiciados no STF não se afiguram maus exemplos. Tanto assim que esse governo empurra na barriga do esquecimento a punição dessa trupe golpista. Enquanto o Congresso da Corrupção Nacional articula uma inusitada “anistia” do mundo jurídico internacional: perdão sem condenação. Ruggiero para ser educado não manda tomar e se contenta com o máximo da sua polidez em respeito ao fino leitor: anistia, uma ova!

*Natanael Sarmento é Professor, escritor e dirigente nacional da UP.
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