O Agreste Setentrional – Na data de hoje 200 anos atrás: Divisão da Confederação do Equador chega em Surubim e Cumaru
30/09/2024 - Jornal O Poder
Por Fernando F Guerra
Na continuidade da publicação de textos do historiador Fernando Guerra extraídos do seu trabalho “O Agreste Setentrional e a Confederação do Equador”, na postagem de hoje, iremos falar sobre a chegada da Divisão da Confederação do Equador nos atuais municípios de Surubim e Cumaru.
Surubim
Depois de passarem pelo Espinho Preto, Canafístula e Pedra Tapada, no dia 28 de setembro de 1824, a Divisão da Confederação do Equador atravessou o leito seco do Rio Cai-Aí, principal tributário do Capibaribe pela sua margem esquerda, adentrando terras hoje pertencentes ao município de Surubim.
Como se viu, Caneca não fez nenhuma referência a Salgadinho hoje município emancipado, cidade entre Pedra Tapada e Malhadinha, às margens do Capibaribe.
Cumaru
Mais adiante, passaram para o lado oposto do Capibaribe, com pouca água, decorrente do período da estiagem do verão, à sua margem direita e foram jantar em Malhadinha, município de Cumaru que “é uma pequena povoação na borda esquerda do Capibaribe (considerando-se o fluxo desse rio, está à sua margem direita) com uma pequena igreja cuja architetura e das casas é a comum em todos os matos. A maior parte das casas são de taipas e mal construídas (sic) ”. Nesse local passaram o restante do dia e pernoitaram.
Zona Rural
Agora vamos falar da passagem de Frei Caneca por Chéus e Bateria, na zona rural de Surubim.
Pela manhã levantaram acampamento e para continuar a marcha a divisão retornou à margem transitável do Capibaribe em seu lado esquerdo no atual município de Surubim.
Povoação
Por esse tempo não se tinha conhecimento de qualquer início de povoação em torno da atual sede do município. Muito embora, seu perímetro situado ao sul já era conhecido desde o século XVII. Esse percurso que acompanha a ribeira do Capibaribe, o mais pernambucano de todos os rios que compõem as bacias hidrográficas do estado, certamente, na época, era dos mais usados caminhos das boiadas trazidas dos sertões para o litoral, por onde aventureiros, tangerinos, boiadeiros e vaqueiros, transitavam entre o sertão e o litoral.
Lugar
Ao passarem pelo lugar chamado Xéos (Chéus) foram procurados por Carlos Leitão residente em Bataria (Bateria) que abandonara sua casa “por ser perseguido pelos calhambolas que depois de lhe matarem um filho destruíram uma propriedade. Ele nos fez cumprimentos e nos deu todas as informações dos trabalhos dos inimigos e que este nos podia atacar em Couro Danta”.
Chéus
Sobre Chéus, hoje, distrito de Surubim, constata-se que em seu casario nada se preservou do passado, enquanto Bateria e Couro Dantas, todas as suas construções ribeirinhas foram cobertas pelas águas da represa do Jucazinho.
Jantar
Foram jantar em Bataria (Bateria) légua e meia de jornada adiante, ainda no atual município de Surubim.
Ao chegarem nas proximidades de Bateria, “pela ruindade dos caminhos quebrou-se a carreta de calibre 6 e não havendo meios de a conduzir, foi desamparada depois de se haver encravada e enterrada”.
Notícias
Como não se teve notícias posteriores sobre a recuperação dessa peça de artilharia ligeira, de grande mobilidade, é possível que esteja soterrada às margens do Capibaribe ou engolida pela represa do Jucazinho. Certamente era um canhão de fácil transporte, de tiro rápido e de grande alcance, montado em carreta transportada por cavalo(s). (O Poder com Correio do Agreste)
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