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'Rupturas, Outsiders e, Oposição' – por Jarbas Beltrão*

30/09/2024 - Jornal O Poder

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Rupturas

Collor, Lula, Bolsonaro, Enéas, foram exemplos de "outsiders" que se apresentaram como candidatos ao mais alto cargo da República do Brasil; os três primeiros conseguiram provocar o rompimento dos círculos de decisões de poder, cada uma em sua época, venceram eleitoralmente máquinas controladoras do Estado e de partidos dominantes.






Collor

Collor, governador do pequeno Alagoas, apareceu na Mídia, como o "caçador de Marajás", com seu discurso anti-sistema rasgou a cortina que protegia os que se apoiavam na corrupção, dos que participavam do clube dos decisores do poder federal, e de todos os beneficiados que se alojavam na máquina do Estado. Começou em Alagoas, a mídia lhe deu espaço e fez aquele combate que lembrou um pouco a agenda da "vassourada" de um outro histórico candidato a presidente, Jânio Quadros, lá pelas décadas de 1960.





Lula

Luis Inácio "Lula" da Silva, originário do movimento sindicalista paulista, carregava uma história de migrante nordestino, tendo passado fome; o Sindicato dos Metalúrgicos foi a escada que proporcionou oportunidades para saltos mais altos. Participou de Campanhas - foram três -, só na quarta conseguiu a vitória, seus discursos foram baseados no combate às "elites"; entendido como anti-sistema, hoje, não consegue mais manter o crédito para seus discursos, claro, os anteriores que lhe trouxeram o saldo de dois mandatos já no segundo mostrava-se sem credibilidade, embora a "vermelhidão mectref" ainda acredite no mesmo, agora com seu desempenho de campanha e terceiro mandato.

Enéas Carneiro

Ao contrário dos dois anteriores que me referi, Enéias foi um "outsider", mas distanciado por completo dos círculos políticos tradicionais, enquanto Collor e Lula estavam, distanciados do Clube dos decisores de poder, mas detinham biografias politicas. O mesmo não acontecia com Enéias Carneiro, que eleitoralmente, nunca alcançara expressão eleitoral e nunca chegou a desenvolver uma vida política.

Jair Bolsonaro

Deputado por vários mandatos, fazia uma oposição aos poderosos do "Clube de Brasília", parlamentar do chamado "baixo clero" onde se abriga o "centrão", não teve ação parlamentar destacada, era um anticomunista das antigas, que lhe conferiu a identificação de "conservador". O deputado viu um nicho de oportunidades na incompetência administrativa das esquerdas e nas ilusões da sociedade quanto ao "papel moralizador das forças armadas", Exército especialmente, aí entrou por essas brechas.





Conservador e Capitão

Bolsonaro entrou no vazio deixado pela incompetência das esquerdas nas fracassadas experiências administrativas - em especial os mandatos de Dilma Rousseff - surfou e vendeu a imagem de "Capitão" posto militar do Exército, que já havia trocado há mais de vinte pela Política de Estado, mas, era uma marca que o ajudaria, surfando nas ondas dos mares das ilusões políticas de frações das massas, sequiosa de moralidade social e de "moralização" político-administrativa. Resultado, deu certo, furou o cerco do poder e deu prosseguimento ao seu "projeto" e formou uma equipe de governo apolítica, anti-sistema com destaque para seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes.

A esquerda e Bolsonaro

Inconformado com a perda do poder, a esquerda desenvolveu a mais agressiva campanha que se tem notícia, contra um opositor. Tudo foi feito, para o ataque a reputação do eleito, mas mesmo assim, o eleito conseguiu bons resultados administrativos, em especial na economia mesmo enfrentando a pandemia da Covid-19.
Acusado de demora da compra de vacina foi alcunhado, como "genocida", para massas de desinformados, em parte pegou. Mas, saiu como uma liderança do "conservadorismo-liberal, mesmo às vezes com um discurso parecido com o desenvolvimentismo econômico estatista e, um anticomunismo às antigas, referentes ao plano interno. Liberal, só por conta do seguidor da "Escola Austríaca de Economia", o seu ministro da economia, Paulo Guedes, um Chicago boy experimentado, quanto ao conservadorismo, apenas no discurso religioso, embora tenha revelado ser defensor dos hábitos sociais tradicionais, algo que a esquerda historicamente despreza, isso desde o Século XIX, o esquerdo marxismo.

Estado: o indutor das soluções necessárias

Com um certo sucesso na economia, apesar do enfrentamento de todas dificuldades, Jair Bolsonaro passou a reinar como o "pajé da "Direita" "nacionalista, como a "esquerda" e "direita" nunca tiveram uma clara apresentação do que seria, esses rótulos afinal, esse negócio de "Direita" ou "Esquerda", entre nós, está resumido, ao entendimento do papel ou não do Estado, como indutor das mudanças sócio-econômicas do país. Diga-se de passagem apresentam até semelhanças, ao acreditarem que no Estado e suas instituições encontra-se a fórmula da superação dos problemas nacionais.

Chega um agitador

Pois é, chega as eleições municipais de 2024, e a maior cidade do país, vive uma experiência em Campanha, que transformou-se numa "verdadeira Campanha Presidencial".
Eis, que um candidato, sem favoritismo em poucos dias da corrida eleitoral, passa a brilhar, com um discurso anti-sistema, misto de libertarianismo, Liberalismo econômico e individuação, é ele o empresário, Pablo Henrique Marçal.

Efeito Marçal

Jovem, eclético, vida pessoal de sucesso, mesmo tendo origem humilde, tornou-se rico numa trajetória de um verdadeiro míssil, propaga princípios de um Liberalismo econômico libertário como forma de superação, para muitos casos de situação de pobreza. Libertário, possuidor de uma fortuna patrimonial, chegou chegando, destacando-se como um homem de uma inteligência ágil e brilhante, um anticomunismo moderno que apresenta o comunismo como aquela fórmula que impede o crescimento nacional e pessoal, como um regime de engenharia social comprovadamente fracassado. Apresenta um apelo para trazer ao país, uma Educação amparada num tripé: é de esportes, tecnologia, empreendimento pessoal, numa clara oposição a fórmula ‘Freiriana’ (Paulo Freire) de uma pedagogia de Libertação social contra os exploradores, em direção à criação de uma ordem de explorados.

Novo rumo do liberal-conservadorismo nacional

Marçal, sim, chegou chegando, corte rápido, tem desmontado o velho jornalismo político, a "esquerda" coletivista estatista barulhenta e, a "direita" "conservadora" estatista, que afinal é parte do sistema atacada pelo candidato Marçal.

A ascensão de Marçal

Marçal tem arrancado reação de todo lado "esquerda" e "direita", mas muita admiração de grande parte da massa de eleitores da cidade de São Paulo e de todo Brasil. O Clube Bolsonarista tá sendo levado à real, e tem mostrado o que estava escondido, isto é, a outra face da mesma moeda.
Marçal tem desarmado e deixado em paralisia a"direita" e "esquerda" "mectrefs" . Mecheu ate com o Clube dos donos das Igrejas neopentecostais, muitos deles beneficiados pelo "sistema". Desmontou a invenção esquerdista, de que existe um besteirol, chamado Bolsonarismo - nem Jair Bolsonaro, sabe o que é isso, mas se beneficia - Marçal, ja é vitorioso, chegando, atirando com sua metralhadora verbal, certeira contra o sistema congelado que sobrevive mesmo já sofrendo estragos.


Do meu ‘buncker’ de Gravatá.

Tenho dito.


*Jarbas Beltrão, Ms., é professor de História da UPE
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