
É Findi – Cultura e Lazer – Praça Sérgio Loreto – Crônica, por Aderson Simões*
23/11/2024 -
Nos anos 60, morando no Edif. São José, no bairro de mesmo nome, eu estava a poucos metros da única grande área verde da região. Tratava-se da Praça Sérgio Loreto. Ela possuía árvores frondosas onde trapeziavam irrequietos saguins. Era prazeroso andar por suas vias, margeando um simulacro de riacho. Ao lado da praça, um majestoso casarão do início do século XX abrigava a Escola Estadual Sérgio Loreto. Os grandes atrativos do local eram suas alamedas, o verde exuberante e um enorme peixe pirarucu a deslizar suavemente pelas águas do córrego sinuoso.

Construção da Av. Dantas Barreto
O tempo é implacável para as sociedades que não preservam seu patrimônio. Em um dado carnaval, foliões embriagados fizeram churrasco do indefeso peixe, porém o golpe mortal na praça veio com a construção da Av. Dantas Barreto. Ela a mutilou irremediavelmente, engolindo árvores centenárias e o riacho que começava onde terminava.
Uma pequena amostra do que fora
Nos dias atuais, quem passa por lá vê apenas uma pequena amostra do que fora. Perdemos a praça e o prédio centenário que lhe servia de moldura. Restou apenas a memória de um lugar bucólico e um triste e solitário coreto que em outras épocas abrigava a retreta onde aos domingos se executava marchinhas e valsas, arrancando suspiros de corações enamorados. Hoje ele serve de morada a um galo colorido, mascote de uma agremiação carnavalesca.
Em nome do futuro se matou o passado. O cinza sufocou o verde. Só não conseguiram apagar as lembranças daqueles que passeavam às margens de um improvável riacho amazônico.
