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Apontamentos em torno da crise do czarismo e do Golpe Bolchevique de 1917 - Por Jarbas Beltrão*

25/11/2024 -

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A crise Imperial na Rússia, abriu portas e janelas para tomada do poder pelos bolcheviques

Os Romanovs

A Dinastia Romanov chegou aos 290 anos, comemorado durante o Reinado do último dos Czares, então, Nicolau II, o derradeiro monarca russo; esse czar levou a Corte perder, muito do seu brilho e esplendor, embora, nunca tenha deixado de ocorrer eventos magnificamente luxuosos. Mas, o Reinado dos últimos dos Romanov - Nicolau II - deixou-se dominar algumas vezes por uma atmosfera marcada por um clima profundamente depressivo. Durante as Governanças anteriores de Alexandre II e Alexandre III, respectivamente avô e pai de Nicolau II, foram tempos de grande esplendor da Corte e de crescimento econômico. O avô Alexandre II, um Romanov, de grande respeito pelo seu povo, foi morto, vítima de um ataque terrorista, do referido ato criminoso; participou o terrorista, Alexander Ulianov, irmão do líder bolchevique revolucionário, Vladimir Ulianov Lenin; irmão mais velho do Lenin; o terrorista Alexander foi, então, pela sua participação criminosa, condenado à morte. O pai de Nicolau II, Alexandre III , faleceu de uma enfermidade renal, mas era um monarca de forte personalidade, um autêntico monarca absolutista, mas contraditoriamente, admirador do pensamento filosófico iluminista, entretanto, era ele, de decisões antiliberais, homem que impunha muito respeito, ruivo e grandalhão, quase 2 metros de altura, de ombros largos, fazia sombra a quem dele se aproximava. Pra quem conhece Paris, e teve oportunidade de ir até a Ponte de Alexandre III, sobre o rio Sena, pode ter visitado essa Ponte que apresenta esculturas e lampiões maravilhosos, folheados a ouro, aquelas maravilhas foram doações, do Czar Alexandre III, pai do último czar, então assassinado pelos revolucionários Bolcheviques.





Nicolau II

Nicolau II, assumiu o poder nos últimos anos do Século XIX, era um monarca que não considerava-se preparado, ele mesmo, para aquele lugar, daí seu gosto "aguado" pelo trono; avesso ao brilho, apesar da realização das muitas festas luxuosas no Palácio de São Petersburgo, a cidade capital da Rússia czarista, Nicolau, também que era pouco entusiasta das festividades da Corte, compartilhava essa indiferença com a esposa Alix, depois ela mudou de nome para Alexandra Fiedorovna - "a alemã". A mudança do nome da Cortesã, se fez, obrigatoriamente, para que pudesse casar-se com Nicolau II, e assim obter o reconhecimento da Igreja Cristã Ortodoxa Russa, que dava aos Czares as sagração e coroação.





Corte desgastada

O Czar Nicolau II era uma personalidade recolhida, sua esposa o seguia em temperamento, mulher belíssima e inteligente, mas muito pouco fazia aparições públicas.
Em 1916, o Czar Nicolau II, na tentativa de construir uma liderança, pois era reconhecida como bastante frágil, foi buscar maior prestígio numa participação no "front" da guerra (1a GM), ali só amargou fracassos. Enquanto isso, enquanto encontrava-se no "front", na sua Rússia, sucediam movimentos e conflitos ; a Czarina que o substituía, só aprofundou o desgaste da Corte Imperial, ela era considerada pelo "povão", isso com o desgaste da Rússia, como uma espiã alemã, e a Rússia era inimiga do Trono alemão, ora, afinal, era ela de naturalidade germânica, geração descendente da Dinastia Habsburgo.

O retorno de Nicolau II

Sem sucesso no "front" de guerra, quando volta à Rússia, o Czar só viu piorar mais ainda sua imagem e reputação, profundamente desgastada; sofrendo traição de seus generais, alguns passaram, mais adiante, para o lado do Exército Vermelho dos Bolcheviques, aqueles militares traidores em complô passaram a exigir a abdicação do Czar, como saída para a crise do czarismo, não suportando o ambiente desfavorável, Nicolau II, resolveu abdicar, em favor de seu irmão Miguel, que não aceitou e desapareceu, desta forma, então, o ato de abdicação foi tornado em favor do filho "hemofílico" - o Czarevitch Alexandrovitch - o que não foi aceito pela Duma, por ser uma criança doente, portadora de hemofilia.

Governo Provisório

O poder em aberto, em março de 1917, fevereiro no calendário Juliano, o vazio de poder do Estado Russo, foi ocupado pela Duma - Parlamento Russo, restaurado, inclusive, por Nicolau II, - órgão de maior poder, à frente da crise; a Duma então elegeu e nomeou o deputado de "centro-esquerda", Kerensky, como o novo comandante do poder e responsável pelo Governo Provisório. Agora, a Rússia era uma "República" Parlamentar Provisória, isso a partir de março de 1917.
Kerensky, viveu dias de amargura, enfrentando tensões, ainda maiores que o poder czarista, o que resultou em novembro (outubro no calendário juliano) da queda da Duma, com a perda de poder foi passado aos sovietes ("todo poder aos sovietes") - Parlamento dos soldados, operários e camponeses.





Bolcheviques chegam ao poder

No mesmo período o Palácio de Inverno sede oficial do Poder czarista, foi invadido por grupo de golpistas revolucionários com liderança bolchevique; a conquista palaciana foi fácil, quase sem resistência, a defesa do Palácio era feita por militares veteranos, alguns até inválidos fisicamente, a defesa palaciana, foi aumentada por guardas femininas, à época despreparadas para confrontos de força física. No interior do Palácio houve troca de tiros, mas não suficientes para causar grandes danos patrimoniais naquele Patrimônio Mundial. Estava, portanto, ocupado o poder do Estado por um pequeno partido, todavia dominado por um extremo fanatismo, e de boa organização - o Partido Bolchevique.

Rússia bolchevique e socialista

Resultado, já em 1917, a Rússia, foi colocada fora da 1a GM, Kerensky é afastado em outubro/novembro, e a Rússia é decretada como, Rússia Soviética Socialista. Posteriormente, a ordem econômica foi sendo progressivamente mudada, acompanhada de deportações, prisões, fuzilamentos, desapropriações e perseguições aos "inimigos do povo".

Resistência

A Rússia transformou-se então em palco de resistências contra o poder dos sovietes, misturadas com conjurações regionais, que gerou focos de uma guerra civil, porém muitos desses confrontos eram mistura de guerras localizadas, que já vinham ocorrendo antes do levante revolucionário, agora foi somado aos confrontos contra os bolcheviques. Em julho de 1918, a família Romanov, que encontrava-se presa no Palácio de Alexandre II, foi transferida para Eckaterinburg, por ordem dos Bolcheviques.

Trucidamento da Família Imperial

Em 17/18 de julho de 1918, a família imperial, encontrava-se presa, na cidade de Eckaterimburgo, casa de Ipatief, mansão desapropriada pelos bolcheviques, antes pertencente a um nobre russo. A família sofreu um trucidamento, fuzilados e esquartejados no porão da mansão Ipatief, tudo por ordem dos revolucionários bolcheviques, os corpos ficaram desaparecidos, sendo praticamente proibida qualquer menção ao fato. Enquanto mais de vinte membros da família Imperial primária e os próximos, foram sendo perseguidos e progressivamente eliminados, para o bolchevismo era importante apagar toda e quaisquer sombra do czarismo.

Identificação dos corpos

Em 1991, com o desmanche da URSS, os corpos foram revelados e identificados, no tocante aos 7 membros da família Imperial: Nicolau II, Alexandra, os czares, Olga, Tatiana, Maria e Anastácia, as filhas belíssimas e donas de uma cultura geral invejável e o mais novo membro da família, o Czarevitch Alexandrovich, este desde a mais tenra infância, chegado a invenções tecnológicas e o sucessor do Trono.
Identificados, os corpos, então recolhidos a seguir, receberam um Funeral de dignidade, sob a coordenação do Patriarcado da Igreja Cristã Ortodoxa Russa no Exterior (não Igreja Cristã Ortodoxa Russa) todos esses membros da família imperial, foram canonizados pela mesma Igreja Cristã Ortodoxa Russa no Exterior; e mais tarde, também, pela Igreja Cristã Ortodoxa da Rússia e seus corpos encontram-se, hoje, no Mausoléu da Capela de São Pedro em São Petersburgo, junto com outros Romanov em São Petersburgo.

A URSS se desmancha

A URSS, se desmanchou em dezembro de 1991 antes, ocorreu o desmonte de todo o mundo socialista europeu, moldado ao final da 2a. GM. As Ditaduras populares "proletárias" foram caindo como pedra de dominó numa fileira, uma atrás da outra, diz o Historiador Laurence Rees, em seu livro "Stalin, os nazistas e o Ocidente", após a comunização do leste europeu, e "levantamento" da Cortina de Ferro, a 2a. GM teve prosseguimento e só encerrou com a dissolvição da URSS em 1991 e com a queda do Muro de Berlim em 1989.

Putin, o novo líder bolchevique

Mas, eis que surge Vladimir Putin, ex-KGB (Agência de informações e Segurança Soviética), que restaurou esta Agência com a sigla FSB, agora com muito mais poder; Putin foi alçado ao poder por Boris Ieltsin, dirigente da então Federação Russa; Putin, substitui Ieltsin, bloqueou o acesso aos Arquivos de Moscou, que com a abertura teria permitido revelações dos crimes da ditadura do PCURSS, e o ditador Putin, natural de São Petersburgo, passa a comandar a ocupação da Geórgia, exercer pressões sobre Bielorússia e países Bálticos (Estônia, Letônia, Lituânia) e comandar, a invasão da Criméia, invasão da Ucrânia e tentar resgatar as "glórias" do Império Soviético, que com a queda do mesmo, Putin afirmara, "foi o maior desastre do Século XX"; recentemente afirmou que o mundo de hoje foi moldado por três Revoluções: A Revolução Inglesa, Revolução Francesa e Revolução Soviética, o que merece uma réplica. Ele que diz que a Ucrânia não existe, nem nunca existiu, fecha os olhos para quando por quase cinco séculos a Rússia foi território ucraniano durante a idade moderna e parte na idade contemporânea, com capital em Kiev, chamada de Rússia de Kiev.

Desafios de Putin e a 3a guerra mundial

O Plano de retorno da URSS, é um dos desafios e perigo do que se chamaria de 3a guerra mundial que tem raízes na 2a. GM, e a partir de 2020 teve processo acelerado. O ano 2024 assistiu a aceleração do processo de um conflito nuclear, com a agressão à Ucrânia e a defesa de Israel, contra ataques do terrorismo islâmico.


Do meu buncker de Gravatá, degustando uma boa dose de vodcka Wiborowa, saída do freezer, conforme o gosto dos russos desde tempos imemoriais. Apenas duas doses, sem acelerar como Ieltsin, Putin ou Stalin, que não gozam, absolutamente, de minha admiração.


Tenho dito


*Jarbas Beltrão, Ms., é professor de História da UPE
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