É Findi – Cultura e Lazer – Vida de cão, crônica, por Malude Maciel*
30/11/2024 -
Essa já foi uma expressão usada significando uma péssima vivência, sem conforto nem aparato; quando alguém vivia na maior penúria, utilizavam-se esses termos: "tem vida de cão", para exprimir sua miséria, pois houve uma época que os cães não gozavam de nenhum prestígio. Tanto assim que existe uma melodia: "eu não sou cachorro, não", do repertório do cantor Waldick Soriano, protestando os mal tratos sofridos.
Bichinhos de estimação
Têm crescido muito, em geral, a criação de cachorros, gatos e outros bichinhos de estimação para xodó de pessoas carentes, crianças e idosos. Virou moda ter um animalzinho em casa, só qual se dá o máximo de atenção, excelente tratamento, cuidados especiais, boa alimentação e bastante manha. Esses privilegiados têm casa, comida e tudo do bom e do melhor, até roupa lavada, banhos perfumados e festa de aniversário, fotos, bolos com velinhas e parabéns. Até as pessoas mais resistentes ficam desarmadas diante das figuras mais cativantes e também eles servem de companhia e trazem alegrias aos donos.
Apartamentos
Antes, para morar em apartamento não se podia ter nenhum animal. Era uma norma respeitada em todos os condomínios. Muita gente deixou seus pets quando optou residir em prédios a fim de cumprir o regulamento e não atrapalhar a vida de quem não gosta desse tipo de amizade, pois pra viver em comunidade é sempre um exercício de cidadania quando se tem que renunciar a muitas coisas pelo bem comum. Atualmente não se observa essas regras e todo mundo quer se dobrar ao bel prazer, mesmo tendo que limpar as calçadas cheias de excrementos e também sujeitar-se à barulheira de latidos perturbadores do sossego.
Uma fatia do mercado
Logo surgiram vários serviços prestados aos pets e trazendo um comércio direcionado aos animais, como casas de banho e tosa, além dos veterinários que aumentaram sua clientela consideravelmente. Até a justiça vem devotando seus profissionais a resolver casos envolvendo quem fica com o cachorro em questões de separações ou quem teve ânimo exaltado referente ao mesmo.
Praças, restaurantes e hotéis
Atitudes benéficas estão tornando-se costumes valorizando os pets que acompanham seus tutores cada vez mais. Hotéis reservam espaços para agradar a clientela canina e ampliar seus lucros.
No Recife há uma praça, na Jaqueira, para onde são levados mascotes a fim de usufruir do local denominado "Parcão" dedicado aos mesmos.
Apenas uma observação
Nada contra animais, muito pelo contrário. Reconhecemos que eles são úteis, sendo companhia e terapia a quem se sente solitário, precisa de ocupação e alento em diversas circunstâncias, mas é estranho que pessoas se preocupem e se compadeçam mais de animaizinhos, dando-lhes o supérfluo e fechem os olhos às crianças carentes, doentes e esfomeadas que perambulam por toda parte; sempre nos deparamos com elas, seus olhinhos pedintes, dentes cariados, magreza de fazer dó, muita fome e falta de toda e qualquer assistência, assim talvez o carinho que poderíamos dar ao ser humano estejamos transferindo aos bichos, gastando dinheiro extra que seria melhor empregado saciando as necessidades de nossas crianças que continuam nas ruas (apesar dos conselhos tutelares), caminhando para a marginalidade. Que sensibilidade é essa que inverte valores e prefere não se envolver com semelhantes por mera conveniência?
Como dormir tranquilo se animais têm melhor qualidade de vida que meninos e meninas sem lar e sem pão? Urge pensar nisso!
*Malude Maciel, Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras (ACACCIL).
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