É Findi – Cultura e Lazer – Ser ou não ser ?, crônica, por Ana Pottes*
11/01/2025 -
No último final de semana, ainda embevecida com os fogos e luzes de 2025, passei o sábado vestida de preguiça diante da TV, ligada em certo canal aberto. Confesso não ser fã desse instrumento de comunicação, mas reconheço a força do poder sonífero sobre meu cérebro. E assim estava entremeada por cochilos, quando um programa transmitido de uma praia de Fortaleza apresenta um cantor da região, conhecido nos rincões brasileiros pela alcunha de Safadão. O apresentador, meio Peter Pan, vai nos conduzindo por jogos e outras situações beirando realidades paralelas repletas de objetos desconexos. Creio que minha compreensão foi limitada pelo sono e por mais que me esforçasse menos captava o motivo do riso desbragado da plateia ali presente.
Em dado momento o nome de um grande dramaturgo inglês foi citado. Arregalei os olhos e atentei para a tela para ver e ouvir melhor sobre aquele autor inglês. Admiro sua escrita e gosto da maneira como denunciou mazelas humanas e do grau de densidade emocional com os quais veste seus personagens, tão vivos, conflituosos e vívidos nos comportamentos e atitudes.
Seu legado o colocou em alto reconhecimento no país de origem e no mundo. Embora a obra date de quatro séculos atrás, guardam cenas e cenários que nos conduzem a densas reflexões a respeito da condição humana.
O Bardo, contador de histórias em prosa e versos, grande escritor e dramaturgo estava ali, na tarde do plim plim, sendo comparado ao cantor cujas iniciais também são W.S..
Ante o horror da minha incompreensão as frases seguiam expostas para que a autoria fosse identificada: se W.S. o inglês do século XVII ou W.S. deste século, o famoso Safadão.
É de se pensar se o mundo tem salvação e se a humanidade está evoluindo. Estamos?
Bom seria se seguíssemos a ideia do filme cujo protagonista, Benjamim Button, vivencia o processo de mudança, a esperança e a liberdade de mudar, que vão delineando os caminhos para ele.
Tal lembrança me trouxe um alento e me fez suspirar de alívio por saber que nós temos outro W.S. que nos presenteia com uma riqueza de produções nacionais e internacionais. Esse W.S. brasileiro, assim como o Bardo de Avon, tem a capacidade de capturar a alma humana e expor nas telonas a riqueza emocional de histórias que deixam marcas de reflexões sobre os caminhos e descaminhos de um país. Lembram de Central do Brasil de 1998 e de Linha de passe de 2008? Agora ele nos traz Eunice Paiva, na expressão máxima do silêncio que agride, mata, repercute no mundo e luta pelo certo, de direito e justo. Exatamente um W.S. com a inteligência capaz de nos conduzir através de uma intensa ciranda emocional, representada pela brilhante Fernanda Torres.
Então, entre o W.S. inglês, incomparável, e os dois brasileiros, suspiro e agradeço por saber que você está aqui.
*Ana Pottes, psicóloga, gosta de escrever crônicas, contos e poemas sobre as interações emocionais com a vida. Autora do livro de poemas: Nem tudo são flores, mas...elas existem!
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