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‘Ainda estou aqui’ - Fique para sempre - Por Jarbas Beltrão*

13/01/2025 -

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A denúncia" do filme, 'Ainda estou aqui’ é lição pra nunca ser esquecida

O movimento de 31 de março de 1964

O cinema brasileiro arrastou, através de Fernanda Torres, importante prêmio do cinema mundial - melhor atriz Globo de Ouro - com o filme, sob a direção de Walter Sales, intitulado ‘Ainda estou aqui’, onde a atriz premiada interpreta a personagem, Eunice Paiva, advogada e viúva, do ex-empresário e ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido no chamado "anos de chumbo" dos governos militares, implantado a partir do movimento civil - militar de 31 de março de 1964.
O movimento que teve como argumento inicial colocar "ordem no país", contra o entendido pelo grupo que chegou ao poder como o existente na época, de uma escalada de subversão e corrupção do então Governo João Goulart; Jango não chegou a ser derrubado, abandonou o governo antes das tropas o expulsarem do Palácio do Planalto e, deixou vago o governo da República, que seria ocupado pelo Senador Ranieri Mazilli, por indicação do Congresso Nacional.

Movimento depois torna-se militar

O filme é ambientado na época mais dura da Ditadura política civil-militar, ou seja, nos anos 1970, que emergiu com a saída de Goulart, que tinha clara ligação com uma esquerda sistêmica da época, tendo a União Soviética como centro do comando dos movimentos pró-socialista/comunista. Segundo um dos líderes do movimento, o Governador Carlos Lacerda (do ex- Estado da Guanabara), com a prorrogação do mandato do Marechal Castelo Branco, que inicialmente apenas completaria o mandato de Jango, o movimento confirmou-se como um movimento militar, rumo a uma efetiva ditadura.





Sobre o ‘Ainda estou aqui’

O filme tem título bastante, sugestivo, ‘Ainda estou aqui’, diria, que nunca deveria sair daqui e, deve sempre ser lembrado, nunca esquecido; Rubens Paiva foi sequestrado, provavelmente torturado e morto, tendo seu corpo tomado destino ignorado, "infâmia das infâmias", como aconteceu com tantos outros brasileiros relacionados nas Comissões da Verdade e de Anistia que superam mais de duas centenas de mortos e desaparecidos e outros milhares que sobreviveram, em torno de três mil, com alguns tantos causados em seus direitos de cidadania, até hoje muitos tiveram direito a reparação econômica e moral pela Comissão de Anistia e mais outros com casos relatados na Comissão da Verdade, tiveram o pedido de perdão do Estado Brasileiro.





Violência do Estado

‘Ainda estou aqui’ é o retrato de como a violência do Estado, sob o controle de pessoas, partidos instituições, são capazes de fazer, destruindo vidas, infelicitando famílias e países; o filme é um chamado para nunca se deixar cair no esquecimento, a Violência dos Estados com governos politicamente totalitários, com a história brasileira e mundial cheias de exemplos ignóbeis.

Estado cometeu outros crimes

A História brasileira também registra, mas não investigou em profundidade a violência da Ditadura estadonovista varguista, (1937- 1945), e aqueles crimes parecem que caíram no esquecimento; interessante é que a atual Lei de Anistia de 2001 abrange a data para anistia a partir de 1946, quer dizer traz à tona os crimes do Estado Novo Varguista, até a Constituição de 1988, a da "Nova República".

Não esquecer as indignidades cometidas em outras partes do mundo

‘Ainda estou aqui’ é uma chamada, também, para que não se esqueça as violência cometidas por regimes totalitários em todas partes do mundo, que praticaram atrocidades, prisões ilegais , torturas, desaparecimentos, deportações, assassinatos, destruições de famílias, e destruições de sonhos.
A Ditaduras habitualmente prendem sem processo, com poder judiciário corrompido ou atemorizados, sem acusação legal, com um "combo" de mentiras; assim ocorreu com regimes totalitários nazistas, fascistas, socialistas, comunistas, fundamentalistas; só os nazistas e comunosocialistas fizeram mais de 180 milhões mortos.
As marcas do totalitarismo se apresentam com os campos de concentração, extermínio, trabalhos forçados, "reeducação", tendo exemplos dentro dos países nazistas e comunistas, com relatos inteiros do que aconteciam e acontecem ainda, nesses regimes indignos de serem chamados humanos.

Totalitarismo e economia

Muitos regimes totalitários não abandonam a ideia de construir um ambiente em busca do apoio social, e, é, na esfera econômica que isso se dá, aconteceu com o crescimento econômico na era Hitlerista, na China atual e não foi diferente nos "anos de Chumbo" da era dos governos militares do Brasil. Àquela época nos "anos de chumbo" - "o milagre brasileiro", anos 1970 - o Brasil alcançou crescimento econômico de dois dígitos. Uma expansão econômica que combinava, criação de empresas estatais e facilitação para empreendimentos de grandes empresas (pode parecer absurdo pra alguns, um modelo chinês como o dos dias atuaus). Havia emprego sobrando, Lula disse certa vez, que "as empresas circulavam no ABC paulistas oferecendo vagas de emprego, faltava mão de obra".

Desaparecimentos e campos de excluídos

Nos casos da Alemanha Nazista com seus campos de trabalhos forçados, União Soviética com seus Gulags e a China com campos de prisioneiros Uigures (muçulmanos) e Falon Gung, existiram e existem como fonte de mão-de-obra semi-escrava. Muitas famílias perderam e perdem membros que desaparecem sem se ter ideia de seus paradeiros. Livros como ‘Sussuros - a vida privada na era Stalin’ (URSS) Orlando Tiges, ou ‘Última parada: Auschwitz - meu diário de sobrevivência’ (Alemanha nazista) Eddyde Wind, são testemunhos desses crimes cometidos pelo Estado.

Conclusão

Portanto, avalio como oportuna a denúncia do filme premiado, com excelente interpretação da atriz Fernanda Torres, para lembrar tudo o que os povos e famílias passaram e passam, e como as Ditaduras infelicitam pessoas. Esses crimes são também práticas adotadas por grupos terroristas que sequestram e assassinam cidadãos, como recentemente ocorrido no 07 de outubro de 2023 em Israel, com promoção do terrorismo do Hamas.
Essas práticas seguem com as deformações da realidade através da divulgação da fantasia de proteção a Pátria, Democracia, Povo, e liberdades.

Tenho Dito, do alto da Serra das Russas, Gravatá em 2025.


Foto: Casa onde foi ambientado o filme ‘Ainda estou’aqui’

*Jarbas Beltrão, Ms., é professor de História da UPE



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