A Faculdade de Medicina da Universidade do Recife funcionou em um prédio próprio de 1927 até 1958 quando foi transferida para o Campus da Universidade no Engenho do Meio.
O diretor da Faculdade de Medicina do Recife, Prof. Oscar Coutinho, em seu relatório anual de prestação de contas, relativo ao ano de 1946, no capítulo destinado a análise das instalações da Faculdade, mostrava que o prédio do Derby já se tornara insuficiente para o funcionamento dessas unidades de ensino: Faculdade de Medicina,
Farmácia e Odontologia, com mais de mil
alunos. Recomendava então a ampliação
dessa edificação ou a construção de um novo
edifício. Sugeria também que o prédio do
Derby poderia até ser ocupado por uma
Escola de Educação Física.

Em 1947 foi criada a Cidade Universitária de Pernambuco pela Lei nº 42, de 12 dezembro daquele ano, sendo sancionada pelo governador do Estado,
Otávio Correia, na presença de várias
autoridades entre as quais o Reitor Prof. Joaquim Amazonas, Oscar Coutinho, Edgar
Altino, do deputado Luiz Magalhães Melo, cujo decreto inicial foi de sua autoria. Por
essa Lei também ficava estabelecido um percentual a mais sobre o imposto de Vendas e Consignações, destinado ao custeio da implantação da Cidade Universitária.
Elaborado e aprovado o projeto do Campus Universitário, da lavra do arquiteto
Mário Russo, sua construção começou pela Faculdade de Medicina do Recife, hoje
designada como Centro de Ciências Médicas – Faculdade de Medicina – UFPE.
A licitação para a sua construção foi aberta em 22 de junho de 1950, sendo o
primeiro edital de licitação realizado para o Campus Universitário.

A Pedra Fundamental dessa obra
foi lançada em 1950, presidindo essa
solenidade o ex-ministro da Educação
Dr. Clemente Mariani, que esteve
presente também na sua inauguração.
A solenidade de inauguração do novo
prédio da Faculdade de Medicina no
Campus Universitário Joaquim
Amazonas, como foi designado
posteriormente, aconteceu no dia 19 de
janeiro de 1958, com a participação do
presidente da República, o médico, Dr.
Juscelino Kubitschek de Oliveira, do reitor da Universidade do Recife, e primeiro
ocupante do cargo, Prof. Joaquim Amazonas, diretor da Faculdade de Medicina, o Prof.
Antonio Figueira, o governador do Estado Cordeiro de Farias, o Prof. Pedro Calmon,
reitor da Universidade do Brasil, o ministro da Saúde, Prof. Mauricio de Medeiros,
ministro da Educação Clovis Salgado, entre outras inúmeras autoridades, ex-ministros,
reitores de outras universidades, políticos, docentes, funcionários e alunos da
Universidade do Recife.

Nessa oportunidade, ao presidente Juscelino Kubistchek lhe foi entregue o título
de “Professor Honoris Causa” outorgado pelo Conselho Universitário, pelas mãos do
Reitor Joaquim Amazonas, em solenidade da assembleia extraordinária da instituição.
Com a inauguração do edifício da Faculdade de Medicina, o curso médico foi sendo, paulatinamente, transferido do Derby para o Campus Universitário, e a turma de
médicos formados naquele ano de 1958, comemorava a data de sua colação de grau, em cada 8 de dezembro, como sendo o da última turma a se formar, concluindo o curso no prédio do Derby. Existe, inclusive, uma placa em bronze, por eles afixada na escadaria do Memorial da Medicina de Pernambuco, nas comemorações do cinquentenário de formatura, que registra este fato.




Como curiosidade registro, que o presidente Juscelino quando viajava para o Recife no avião presidencial “Viscount”, procedente de São Luís, no Maranhão, ao se aproximar de Fortaleza, no Ceará, o avião teve dois dos seus motores paralisados, e logo
um terceiro motor ameaçava também entrar em “pane”, por esse motivo houve uma
aterrissagem de emergência em Fortaleza.
Várias companhias de aviação se ofereceram para fazer o percurso até o Recife,
no entanto, o presidente preferiu tomar um voo de carreira, um “Douglas” da empresa
Real que estava de saída para o Recife. O voo foi tranquilo e lhe permitiu com algum
atraso, cumprir os seus compromissos na cidade.

O majestoso prédio da Faculdade de Medicina, hoje com outras finalidades,
completará, em 19 de janeiro de 2025, 67 anos de sua inauguração.
Não se escuta mais as palavras de Antonio Figueira, no texto da sua saudação
dirigida ao presidente da república Juscelino Kubitschek:
... É certo, Sr. Presidente, que tantas conquistas exigiam o imperecível monumento
desta grande obra; a que, para sempre, estará ligado o nome venerado de um Mestre
ilustre, a quem Pernambuco fica a dever a objetivação desta Cidade Universitária:
- o professor Emérito Joaquim Ignacio de Almeida Amazonas, Magnífico Reitor da
Universidade do Recife.
E ninguém se lembra dessa pioneira e histórica data. O Reitor Joaquim Amazonas
acontece silencioso no seu leito de eterno descanso.



Luiz Barreto
Da Academia Pernambucana de Medicina e
Da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-PE