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Algodão colorido - 25 anos gerando riquezas e impulsionando desenvolvimento sustentável

27/01/2025 -

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Por Severino Lopes
  
Uma riqueza que brota do fértil solo da Paraíba. Um produto que no passado foi dizimado pela praga do bicudo, mas resistiu e ressurgiu forte e com novas características ecologicamente corretas para impulsionar a indústria têxtil do estado, elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, e consequentemente, gerar oportunidades, emprego e renda. Com forte apelo ecológico, a variedade de algodão colorido desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/CG) com uso de alta tecnologia genuinamente paraibana, completa este ano, 25 anos de criação da primeira variedade.
 
Percorreu
 
O Poder percorreu parte da rota do algodão colorido orgânico na Paraíba, e viu como a indústria da moda tem sido beneficiada com essa cultura que realiza sonhos, muda realidades e gera emprego e renda. Um produto leve, bonito e foco, Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba  que tem sido um dos motores impulsionadores da economia estadual, além de levar a marca paraibana para diversos países, exportando riqueza e as belezas estampadas na moda sustentável com forte apelo regional.
 
 




No coração da Embrapa
 
O ponto de partida não poderia ser outro a não ser a Embrapa/CG. A empresa foi responsável por criar todas as variedades hoje disponíveis no mercado.
 
A visita
 
Para entender melhor como funciona o processo, O Poder  visitou as dependências da Embrapa Algodão e conheceu de perto toda a tecnologia que resulta na produção de vestuários que abastecem o mercado. Antes de conhecer o laboratório da empresa, o pesquisador da empresa, É Francisco José Correia Farias refez o caminho de todo o processo de criação do algodão colorido.
 
Lembrou

Francisco contou que a Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de algodão colorido há 25 anos, com o objetivo de oferecer alternativas de renda para os agricultores do Semiárido, além de contribuir para a preservação ambiental. 
 



Cruzou
 
Ele lembrou que para desenvolver a pesquisa, a Embrapa liderada pelo pesquisador e melhorista Luiz Paulo de Carvalho, cruzou as espécies coloridas até chegar a um produto que possuíssem resistência e comprimento da fibra adequados ao processo industrial. Como resultado, houve a retomada da cotonicultura na região do semiárido no Nordeste, já desaparecida depois do bicudo-do-algodoeiro, praga que dizimou as plantações.
 
“A Embrapa fez o melhoramento da fibra. O algodão já nasce colorido é uma variedade aprimorada geneticamente com fios mais resistentes” observou o pesquisador Francisco Farias.
 
No laboratório
 
No laboratório da empresa tudo é milimetricamente calculado. Temperatura adequada e luz ideal são levadas em conta para o êxito das pesquisas que resultam na abertura de negócios e descortina horizontes no mundo da moda.
“Tem uma série de fatores que precisam ser observados durante a pesquisa” revelou o pesquisador.
 
Seis variedades
 
A Embrapa já lançou seis variedades de algodão colorido em tonalidades que vão do verde-claro aos marrons claro, escuro e avermelhado. Hoje, estão disponíveis para o mercado o algodão nas variedades marrom, verde, rubi, safira, topázio e jade.
 
A queridinha dos produtores
 
A cultivar mais adotada pelos produtores é a BRS Rubi, por sua tonalidade mais escura, que é mais demandada pela indústria têxtil.
 “Em termos de produtividade a jade ela é bem mais produtiva e com boas características para satisfazer a indústria têxtil. Entretanto, a rubi é muito procurada por causa da cor da cultivares. Vale salientar que o algodão já nasceu colorido. O que a Embrapa fez foi melhorar a qualidade da fibra dele, com cores mais intensa”, detalhou.
 
A primeira
 
A primeira cultivar foi a BRS 200 de fibra marrom claro, lançada no ano 2000. Em seguida, foram lançadas as cultivares BRS Verde, em 2003, BRS Rubi e BRS Safira, em 2005, de fibra marrom avermelhada. Em 2010 foi lançada a BRS Topázio, de coloração marrom claro. Mais recente, foi lançada outra variedade, chamada de BRS Jade, de fibra mais clara que a BRS Safira, porém mais produtiva e com maior qualidade de fibra.
 
Segundo maior produtor
 
 
A produção de algodão na Paraíba não é novidade. Nos anos 1930, o estado era o segundo maior exportador do mundo. Do século 18 até a década de 1980 a atividade movimentou a economia regional até que a praga do bicudo arruinou plantas e famílias.
 
Evitar novo ataque do bicudo
 
 Com números positivos, uma das preocupações da Embrapa é garantir o uso das tecnologias para evitar um novo ataque de pragas, principalmente o bicudo, que poderia comprometer a produção e se refletir no mercado têxtil.
 Hoje, o Brasil voltou a liderar o ranking de maior exportador do produto, graças ao uso das tecnologias no campo.
 
Materiais
 
Segundo o pesquisador Francisco José Tavares, os materiais desenvolvidos pela Embrapa conseguem até 3 mil quilos por hectare, desde que seja plantado em condições ideais, na época certa e utilizando o adubo orgânico, e que as práticas culturais sejam feitas, principalmente no controle de pragas”.
 
“Nós temos ensinado os produtores a usar tecnologias de controle desenvolvidas pela Embrapa para evitar um ataque intenso das pragas. Os produtores são orientados a como utilizar de forma ecologicamente correta essas tecnologias” ressaltou Francisco Tavares.
 
Projeto de inovação
 
Como forma de estimular o plantio do algodão, a Embrapa Algodão está realizando um projeto de inovação social para desenvolver um sistema de produção de cultivo do algodoeiro com culturas alimentares no Sertão paraibano.
 
A duração
 
Iniciada em 2021, a iniciativa terá duração de quatro anos e tem como parceiras a Associação dos Pequenos Produtores de Serrinha, de Bom Sucesso (PB), e a Santa Luzia Redes e Decoração (São Bento, PB), além da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e o Sebrae.
 
“O projeto está ancorado em três eixos básicos que são, aprimoramento das tecnologias agrícolas, capacitação dos agricultores e avaliação socioeconômica do sistema de produção”, diz o pesquisador Francisco Farias, que coordena o projeto.
 
Senhor algodão
 
Francisco Tavares foi um dos pesquisadores que atuou no projeto que resultou na criação do algodão colorido ao lado do também pesquisador  Luiz Paulo de Carvalho. Grande parte do surgimento do algodão colorido na Paraíba,  foi semeado em Campina Grande, por Luiz Paulo.
 
Dedicação
 
Entre os mais de 40 anos dedicados à pesquisa e ao melhoramento genético da fibra, o engenheiro agrônomo foi uma das pessoas que contribuíram para a história de Campina Grande como referência na produção e exportação do algodão colorido. Ele é chamado carinhosamente por amigos e colegas de trabalho como “o pai do algodão colorido”.
 
Um dos responsáveis

O engenheiro agrônomo ganhou apelido por ser um dos responsáveis pelas pesquisas realizadas na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde ele trabalha desde que chegou a Campina Grande, em 1977.
 
 
As pesquisas
 
As pesquisas desenvolvidas na Embrapa resultaram numa variação genética do algodão comum, que ficou nacionalmente conhecida como o “algodão colorido”.
Para Luiz Paulo de Carvalho, o mais importante é que essas novas variedades de algodão trouxeram também a possibilidade de crescimento dos produtores, que hoje vivem dessas plantações.
 
A precursora

 Não tem como falar em algodão colorido na Paraíba sem citar o nome da empresária  Maysa Gadelha. Presidente da CopNatural e do Instituto Casaca de Couro, ela é reconhecida nacionalmente como a precursora do algodão colorido na Paraíba.

Nicho de mercado

Maysa Gadelha conversou com O Poder e destacou a força do algodão colorido paraibano e a contribuição para o surgimento de dezenas de empresas do setor têxtil. Para ela, o algodão colorido é um nicho de mercado. E o Brasil foi muito bom para o plantio e uma identificação com o campo. A Paraíba, conforme lembrou Maysa, ganhou ainda mais destaque nacional com o surgimento do algodão colorido.

“O algodão colorido é um nicho de mercado. E o Brasil foi muito bom para o plantio e uma identificação com o campo. O social e o ambiental no algodão orgânico andam juntos. É um produto de grande valor que tem mudado realidades e estimulado o surgimento de muitos negócios”, observou Maysa Gadelha, percussora do algodão colorido da Paraíba.
 
Primeira produção
 
A primeira produção do algodão colorido do Estado foi plantada em uma propriedade em São João do Rio do Peixe, no Sertão do Estado, e depois se estendeu para Patos, Ingá, Remígio e outras cidades. O primeiro plantio das quatro cores orgânicas, foi feito no município de Bom Sucesso.
 
Alternativa
 
Maysa Gadelha contou que uma das alternativas encontradas  para superar as dificuldades de fazer o algodão colorido chegar ao consumidor foi a criação da CoopNatural, que na época passou a trabalhar toda a cadeia produtiva, desde o plantio, sem utilização de agrotóxicos, passando pela confecção das peças com artesanato regional, até a sua comercialização no mercado de produtos orgânicos. A cooperativa chegou a beneficiar cerca de 850 famílias.
 
A estratégia

A estratégia fez a confecção conquistar clientes pelo mundo. As roupas passaram a ser exportadas para Alemanha, Itália e Austrália e vendidas em 40 lojas de vários estados brasileiros.
 
Feiras

Maysa Gadelha participou de eventos do Brasil e  de feiras no exterior e  garantiu clientes em 11 países.

“Utilizamos por ano aproximadamente 10 toneladas de algodão colorido, mas com uma lacuna muito grande com seis longos anos de seca desde o início da CoopNatural, em 2000”, comentou Maysa Gadelha.
 
Os produtos

No auge, a cooperativa  fabricava  produtos do vestuário masculino, feminino, infantil, bebê, além do reaproveitamento de resíduos sólidos com que produzíamos bonecas e brinquedos.
 
Algodão orgânico
 
Nos últimos anos ela passou a trabalhar com o algodão branco orgânico, sem o uso de veneno. A produção envolve agricultores espalhados por vários municípios da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
 
Crescimento
 
Nos últimos cinco anos, a produção de algodão na Paraíba cresceu 175%, saindo de 400 toneladas da planta em caroço  para 1.100 toneladas no ano passado, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Algodão, com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).





A colheita

Em 2023 e 2024, a área plantada na Paraíba ultrapassou os 700 hectares. Somente na safra de 2023, com 125 agricultores familiares, em sete municípios, foram cultivados 160 hectares, com uma colheita de 160 toneladas do algodão.
 
 
Patrimônio cultural
 
O algodão colorido se tornou patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba. Na justificativa da lei, o deputado explicou que o algodão colorido, natural, tem as fibras curtas e fracas, que, por isso, não podem ser usadas na fabricação de fios e de tecidos. Por causa disso, os pesquisadores da Embrapa Algodão pesquisaram e trabalharam bastante para melhorar a sua resistência e aumentar o comprimento de suas fibras.
 
Algodão da Paraíba
 
Presente no brasão do estado. Propulsor econômico da região Agreste. Responsável por tornar Campina Grande a Liverpool brasileira nos anos de 1940. A relevância da Paraíba na produção algodoeira data do final do Século XIX, com seu apogeu na metade do Século XX e declínio em meados de 1980.
 
Entre o declínio e a ascensão
 
Entre o declínio nos anos 70 e o reerguimento a partir do ano 2000, o algodão colorido se tornou uma atividade viável e fonte de renda para muitos paraibanos de vários setores. Patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba, o cultivo da planta tem ajudado a recuperar a economia do interior do estado, e favorecido o surgimento dos pequenos negócios impulsionando toda uma cadeia produtiva.
 
Severino Lopes é editor regional do O Poder
Fotos: Severino Lopes
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