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Economia - A força algodão colorido para mudar conceitos e gerar novas oportunidades na indústria da moda

28/01/2025 -

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Por Severino Lopes
 
Definitivamente o algodão colorido plantado e cultivado na Paraíba, ofereceu um novo conceito à indústria da moda e impulsionou o desenvolvimento regional. O algodão produzido com o emprego de tecnologia e manejo adequado, surge da terra com fibras cada vez mais resistentes para atender a demanda do mercado.
 





Na indústria da moda
 
O produto que já nasce ecologicamente correto, e pronto para se transformar em pluma, a principal matéria usada para produzir vestuários e acessórios do mundo da moda, ganha destaque nas passarelas e vitrines de renomadas grifes do Brasil e do exterior.
 
Atraído
 
Com forte apelo ecológico, a variedade de algodão colorido desenvolvida há 24 anos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem atraído os olhares dos empreendedores e artesãos por suas vantagens do uso desse tipo de tecido, que não recebe qualquer corante, indicado até para as pessoas alérgicas às tintas aplicadas aos tecidos convencionais.
 
A pluma

A pluma resultante do processo de beneficiamento apresenta alto valor de comercialização. O algodão que já foi considerado como novo ouro branco da região, e que impulsionou toda uma cadeia produtiva, antes de ser dizimado pelo bicudo, já nasce colorido.
 
A indústria

O Poder percorreu parte da rota do algodão colorido orgânico na Paraíba, e viu como a indústria da moda tem sido beneficiada com essa cultura que realiza sonhos, muda realidades e gera emprego e renda.




 
Novos negócios
 
Na Paraíba, o algodão colorido virou patrimônio imaterial, e o seu cultivo tem contribuído para incentivar o surgimento de pequenos negócios e transformar realidades locais. As sementes lançadas do solo viram uma espécie de “joia” lapidada por diversas mãos, que movimenta toda uma engrenagem, eleva o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e faz a economia girar, favorecendo principalmente as comunidades rurais dos mais longínquos lugares.
 
As empresas
 
Atualmente o estado tem pelo menos 38 empresas têxtil que trabalham com o algodão colorido orgânico, boa parte delas criadas nos últimos cinco anos. São quatro empresas grandes, quatro médias, oito pequenas e vinte e duas micros empresas, conforme os dados da Federação da Indústria do Estado da Paraíba (FIEP) e da Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho e Emprego. Os pequenos negócios dominam o setor e são eles os responsáveis pelas maiores mudanças no campo.
 
Empregam

Juntas elas empregam mais de 2 mil pessoas e uma infinidade de oportunidades no interior e nos mais longínquos locais do estado.
 
Uma das maiores
 
Uma das empresas que tem contribuído para alavancar a economia estadual é a Texpar que faz parte do grupo das três empresas que em 2011, recuperaram a cadeia produtiva do algodão colorido da Paraíba.
 
Natural Cotton Color
 
A Natural Cotton Color, entrou com a articulação com os agricultores no campo, com contratos de garantia de compra,  a Rede Santa Luzia entrou com capital e a Unitextil e Texpar com a fiação, visto que na  época ainda não tinha a fiação no Senai.

“A diferença é que hoje nós temos certificado de orgânico de validade internacional, estamos juntamente com o Sebrae, Texpar e as empresas de Santa Catariana e Minas Gerais, em busca do selo GOTS- Global Organic Têxtil Standard, onde já foi investido mais de 120 mil reais e agora na reta final é a Texpar que está investindo para que possamos vencer todas as não conformidades e a Paraíba ser detentora do primeiro Selo Gots do Brasil do algodão orgânico e colorido”, destacou o empresário Roberto Soares, proprietário da Unitextil.
 



Responsável
 
A Texpar, segundo ele, é a responsável por abastecer as empresas pequenas, os artesãos, para que ninguém seja excluído da cadeia produtiva, visto que o projeto é para fomentar a agricultura familiar. Hoje a Texpar é a maior compradora de algodão colorido, seguida de Redes Santa Luzia. O diferencial é que a empresa tem certificado internacional.
 
As cidades
 
De olho nas mudanças de atitude no consumo do mercado da moda sustentável, essas empresas ficam localizadas em Itaporanga, São Bento, Campina Grande e João Pessoa. Um trabalho sustentável com alfaiataria de luxo que supera outros setores e coloca a Paraíba numa posição de destaque em relação a outros estados.
 
80 países
 
Com certificação de produto orgânico aceito em mais de 80 países, o algodão colorido da Paraíba alavanca a economia e movimenta toda uma cadeia produtiva, tendo se tornado fonte de renda para produtores, agricultores, mulheres rendeiras, empreendedores, estilistas, desenhistas, comerciários e outros profissionais.
 
Peças de luxo
 
O produto alcançou o status de peças de luxo em feiras internacionais e se tornou uma espécie de mola propulsora do desenvolvimento regional. As coleções Made in Paraíba são exportadas para a França, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e outros países e exibidas em desfiles de marcas conceituadas do mundo da moda.
 
Duas gigantes
 
A retomada do algodão como produção industrial se deu graças a empresas como a Natural Cotton Color e Santa Luzia Rede Decorações que tem puxado a onda do desenvolvimento e movimentando toda uma cadeia produtiva. A Natural Cotton Color, criada em 1995 pela empresária Francisca Gomes Vieira, trabalha desde 2004 exclusivamente com o algodão naturalmente colorido 100% orgânico certificado pela Ecocert. A empresa nasceu pequena, mas graças a força do algodão agroecológico se transformou em uma “gigante” do setor.
 
A conversa
 
O Poder conversou com a empresária Francisca Gomes Vieira, que deu detalhes do empreendimento e como o algodão foi essencial para a expansão da empresa e disseminação da moda sustentável.
 
Contou
 
Ela contou que quando ainda era MEI – Micro Empreendedor Individual – , chegou a plantar o produto numa área contratada de cerca de 40 hectares, nos municípios de Juarez Távora e Salgado de São Félix, e na Associação dos Produtores do Assentamento Queimadas, no município de Remígio. A desconfiança com o negócio era visível, mas a decisão foi o primeiro passo para mudar a mentalidade dos produtores e atrair outros investidores.
 
Compra
 
Atualmente a empresa compra algodão cultivado em mais de 15 municípios, via Associação Brasileira da Indústria da Moda Sustentável, direto dos produtores que se organizam em cooperativas, principalmente do Ingá, do Salgado de São Félix e do Assentamento Margarida Alves na cidade de Juarez Távora.
 
Sertaneja
 
 
Sertaneja da cidade de Itaporanga-PB, filha de plantador de algodão, a psicóloga Industrial com pós-graduação em Engenharia de Produção, Francisca Gomes Vieira explicou que o cultivo do algodão colorido orgânico é feito por contrato de compra garantida para que seja economicamente viável para o agricultor.
 
“Pagamos o melhor preço do país por um quilo de pluma”, relata ela.
 
As peças
 
Na composição das peças criadas pela Natural Cotton Color, as rendas, bordados e crochê, entre outras técnicas artesanais, são tingidas com corantes vegetais extraídas da flora local como cajueiro, urucum, açafrão da terra, barbatimão, entre outras. Os detalhes manuais são realizados por mulheres na zona rural, também na região do semiárido, onde as oportunidades de trabalho são mínimas.
 
A expansão
 
Francisca ressaltou que a Natural Cotton Color se expandiu no mercado com o propósito de oferecer moda a partir de uma cadeia produtiva baseada no tripé da sustentabilidade ambiental, econômica e social. A abordagem é garantir um produto atemporal de design global, mas com a inserção do artesanato, para a preservação da cultura local.
 
Nas passarelas de Milão
 
Na efervescente capital mundial da moda e do luxo, um toque de inovação e criatividade mostrou para o mundo a beleza e riqueza do algodão colorido da Paraíba. Desfilar em Milão, cidade italiana que é símbolo de luxo e vanguarda, pareceu um sonho. A Natural Cotton Color transpôs as fronteiras paraibanas e ousadamente colocou seus modelos e marcas nas passarelas de um dos desfiles mais concorridos do mundo.
 
A coleção
 
A empresa que nasceu pequena e cresceu graças a produção do algodão colorido orgânico da Paraíba, expôs parte da coleção “Ipês do Brasil”, idealizada por Francisca Vieira, que também é estilista. O ensaio do desfile foi feito na cidade de Ingá, visto que todas as peças foram feitas com algodão cultivado por agricultores da região.
 
Os fios de esperança que transformam sonhos
 
Os fios de esperança tecem história, mantêm a tradição, geram negócios, transformam realidades e realizam sonhos. Em torno da Santa Luzia Redes e Decoração, um mundo gira. Localizada em São Bento, no Sertão paraibano, a Santa Luzia Redes e Decoração cultiva desde 2006 o algodão colorido natural e orgânico certificado.
 
O nascimento
 
A empresa nasceu pequena, mas desde que passou a usar o algodão colorido orgânico cresceu numa velocidade impressionante e se tornou uma das gigantes da Paraíba na indústria têxtil.
 
A palavra do diretor
 
O diretor da Santa Luzia, Armando Dantas, garantiu ao O Poder, que uma das decisões mais acertadas da empresa foi investir no cultivo do produto, visto que descobriu um horizonte de oportunidades que pode impactar positivamente na vida de muitos agricultores.
 
Declarou
 
O executivo declarou que a empresa sempre procurou aliar a sustentabilidade ambiental e social com inovação por meio de suas produções baseadas em fios de algodão reciclados e na cultura do algodão colorido para abastecer o mercado nacional e internacional. A matéria-prima alimenta a fábrica que produz artigos têxteis de decoração como redes de descanso, mantas, entre outros, para abastecer o mercado nacional e internacional.
 
Fonte de renda
 
Hoje a indústria têxtil Santa Luzia Redes e Decoração gera trabalho como fonte de renda para 120 colaboradores na indústria e para 400 parceiros como artesãos e produtores da agricultura familiar, com previsão de aumento devido a expansão do plantio do algodão.
 
Fatores
 
Entre os fatores do aumento da demanda global por algodão orgânico está a adesão de empresas transnacionais ao acordo Desafio do Algodão Sustentável de 2025, proposta alinhada com a Organização das Nações Unidas e o Acordo de Paris. O pacto levou empresas transnacionais a se comprometeram a desenvolver produtos com algodão 100% sustentável.
 
A produção

A produção de algodão orgânico do grupo Santa Luzia se concentra nos municípios de Itabaiana, Brejo do Cruz, Belém do Brejo do Cruz, São Bento, Catolé do Rocha, e São José do Brejo do Cruz, cultivados em sua maioria por comunidades quilombolas, em sistema de agricultura familiar, com uma produtividade média de 1.200 quilos de algodão por hectare.
 
Exporta
 
A Santa Luzia Redes e Decoração exporta para cerca de 23 países de todos os continentes. De acordo com Armando Dantas, o Sebrae na Paraíba esteve presente na ajuda dessa evolução e até hoje proporciona esse relacionamento internacional com a participação em eventos pelo mundo todo.
 
Agregar valores
 
Armando Dantas enfatizou que a Santa Luzia tem tido toda uma preocupação em agregar valores e melhorar a vida dos produtores, gerando uma revolução no campo.
 
Uma experiência transformadora
 
Quem vê as roupas penduradas nos cabides das lojas ou expostas nas vitrines de shoppings não tem noção do trabalho que dá para produzi-las. O mercado da moda não só acompanha e dita tendências culturais e sociais, como também engloba diversos modelos de negócios, movimentando economicamente uma vasta e diversa cadeia produtiva. Que o diga a empresária e designer de moda, Gecilda Pereira de Souza.
O Poder visitou a empresária na Vila do Artesão em Campina Grande para conhecer essa receita de sucesso.
 
Lidera
 
Gecilda Pereira lidera o Grupo Via Terra Natural, de Campina Grande, que também trabalha com o algodão colorido. Faz toda a produção desde a plantação até o produto final. A empresa de pequeno porte é outro exemplo de como o algodão colorido proporcionou novas oportunidades. A Via Terra Natural surgiu há 15 anos, e há três, atraído pela moda sustentável, Gecilda Pereira resolveu apostar no cultivo do algodão colorido.
 
Movimenta
 
O projeto movimenta toda uma cadeia desde o plantio do algodão no campo, passando pela produção dos tecidos na pequena fábrica de tecelagem da empresa, até a venda de roupas e acessórios.
“Eu estou há 15 anos no mercado do algodão colorido. A gente começou com algumas peças e há três anos, sentimos a necessidade de fazer a plantação. Hoje estamos com esse trabalho de plantar, colher, fazer o tecido a malha e o produto final” explicou.
 
Famílias
 
O projeto contempla famílias agricultoras dos municípios de Gurjão, Juazeirinho, Parari, Olivedos e Santo André, no Cariri Seridó paraibano.
 
O começo
 
A empresa começou com a fabricação de sandálias ecológicas, e depois com a chegada do algodão colorido ampliou a produção, e hoje fabrica mais de 30 itens, desde camisetas, vestidos e toda linha infantil e adulto.
 
A loja
 
A loja, instalada na Vila do Artesão em Campina Grande, é referência na venda de produtos que remetem à expressão da cultura nordestina enraizada com os costumes e tradições regionais.
 
Mudou a vida
 
Com orgulho indisfarçável Gecilda Pereira de Souza disse que o algodão colorido mudou a sua vida e a de muitos agricultores do projeto, visto que ajudou a realizar sonhos. Muitos deles, segundo ela, compraram casas, móveis e eletrodomésticos com o dinheiro oriundo da venda do produto.
 
“Foi uma revolução na vida de muitas pessoas. Eu mesma vivo do algodão colorido e da moda sustentável que é a minha principal fonte de renda”, enfatizou.

O cultivo
 
O cultivo do algodão colorido começou de forma experimental na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Algodão na cidade de Campina Grande. A Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de algodão com o objetivo de oferecer alternativas de renda para os agricultores do Semiárido, além de contribuir para a preservação ambiental e impulsionar a indústria têxtil.
 
Qualidade
 
Com a qualidade e singularidade dessa nova matéria prima, surgiu uma grande oportunidade de mercado para artesãos e trabalhadores manuais já que os resultados teriam produtos com valor agregado. Um horizonte de possibilidades se descortinou quando os empresários perceberam o forte apelo ecológico do algodão, produzido sem agrotóxicos, e que já nasce com uma cor natural, sem necessidade de acrescentar produtos químicos e tintas para seu tingimento.
 
Severino Lopes é editor regional do O Poder
 
Essa matéria faz parte da série “Algodão colorido; 25 anos gerando riquezas e impulsionando desenvolvimento sustentável”
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