
Opinião - Fábulas & corrupção, por Natanael Sarmento*
04/02/2025 -
O Brasil já foi chamado de país de bacharéis, do carnaval e do futebol. No que haja de verdade nesses epítetos, falta a característica mais marcante da formação econômica-social: a corrupção.
Na corrupção
Estamos entre os grandes mundiais, superando Argentina, Uruguai e Chile, entre os vizinhos, segundo indicadores da Transparência Internacional. Subiu 10 pontos no ranking mundial com Jair Bolsonaro & Cia, governança responsável pelos ataques e desmontes do tripé de combate à corrupção: controle judicial/legal, político e social.
Temor
Quem deve teme e a cúpula do bolsonarismo teme cadeia. O ex-Presidente, Generais, empresários, a família associada às milícias, os apoiadores do saque à nação e da golpe de Estado frustrado do 8 de janeiro. Com retórica “moralista” antissistema para inglês ver, aparentemente, cospem nas instituições Congresso, STF, mas deles se alimentam, fingem cuspir no prato que comem. Todos eles amorcegados nas tetas do poder do Estado.
Política burguesa
“Do toma lá dá cá” é a degradação da política. Mas as trocas de mercadorias e interesses são da essência do capitalismo. Sistema incompatível com justiça social e liberdade real, material, para quem sobrevive do próprio trabalho. Capitalistas lucram com a apropriação privada de riquezas naturais e tecnológicas dos países e a exploração do trabalho humano.
Favorecidos
Pelos esquemas empresariais e parlamentares financiadores da Bala, Boi e Bíblia, nos fake news midiáticos e apoiados pelas castas militares fascistas – a trampa do Lava jato, o golpe de 2016 contra Dilma e Lula- abriram a cancela à farra do boi da corrupção e “Adeus, Pátria e Família”, diria o Barão de Itararé.
Farra do Boi
A Nação pirateada pelos banqueiros e monopólios, agronegócio, mineradoras e demais devastadores do meio ambiente, usurpadores das terras e exterminadores de indígenas, facilitada pela Presidência que “deixava a boiada passar” ...
Lulinha Paz e Amor
Tampouco sinaliza com ações para recompor mecanismos institucionais de controle das fraudes e corrupções revogados e desmantelados pelo bolsonarismo. Generais e empresários apesar das toneladas de provas condenatórias, permanecem livres.
Choro
O “patriota” do beijo da bandeira dos EUA chorou por não ser liberado para tentar ir à posse de Donald Trump.
Na malandragem
da cultura brasileira, Mário de Andrade personifica o mito “do herói da nossa gente” em Macunaíma, tipo “sem caráter algum”.
Lima
Barreto percebeu as diferenças culturais - “cada povo com sua nobreza”, lá o marquês e o visconde e cá o doutor bacharel. Parafraseando o escriba atualizamos a nobreza com as milícias do tráfico, das finanças, digitais, dos contrabandos, estelionatários da fé e da Fazenda Nacional.
Mitos
Nos tempos homéricos contavam histórias de heróis mescladas com as fábulas dos deuses e as façanhas dos semideuses de poderes extraordinários decididas pelos moradores do Olimpo.
Roubos
Nos mitos helênicos, assaltantes das estradas, vide o célebre leito de Procusto. O ladrão cruelíssimo e intolerante queria que todos tivessem a sua estatura. Construiu uma cama e nela colocava suas vítimas. Para corresponder às bitolas desejadas, cortava cabeças e pés ou esticava conforme o tamanho do indigitado.
Sísifo
Rei desonesto e por suas trapaças recebeu pesada, literalmente, condenação eterna: carregar enorme pedra até o cume da montanha. Sucedia nas proximidades do cimo dessa pedra rolar montanha abaixo e o castigo continuava.
Midas
Rei muito rico que gostava de contar moeda, recebeu dos deuses o dom de transformar tudo que tocava em ouro, como ele ambicionava. Sabe-se de muitos empresários brasileiros gostarem da comparação com Midas. Desconhecem os ricos de moedas o final tragicômico da fábula de Midas. Escolheu erroneamente o lado num certame de Deuses e Apolo o colocou duas enormes orelhas de burro que o Midas carregou constrangido pelo resto dos seus dias.
“sic transit gloria mundi”.
*É professor e escritor, membro da direção do partido Unidade Popular Pelo Socialismo.
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