
Opinião - Privatizar a Compesa para quem? Por Natanael Sarmento*
06/02/2025 -
O governo de Pernambuco segue o receituário neoliberal na privatização da Compesa. Sob o modelo de PPP – Parceria Pública e Privada –o poder público fica com os prejuízos. Os investidores particulares ficam com os lucros.
Osso e filé
A Compesa ficará com o osso dos serviços mais onerosos:
captação de água, tratamento e expansão da rede de distribuição, produtos químicos e custos adicionais. A “parceira privada” ficará com o filé rentável das infraestruturas prontas.
Estratégia
Da receita neoliberal: governos cortam verbas, sucateiam os serviço. Desinformação e manipulação da opinião pública, na esteira da legítima insatisfação dos usuários maus servidos. A mídia patrocinada faz campanha da demonização dos “serviços públicos”. E eleva aos céus as supostas maravilhas do serviço privatizado. Circo montado, bate-se o martelo da entrega do patrimônio público.
Arapucas
Investidores não visam interesse público nem muito menos servir a população. Empresas buscam e vivem de lucros capitalistas. Companhias de águas foram privatizadas em Alagoas e Rio de Janeiro. Os serviços pioraram e as tarifas ficaram mais caras. Lembram da privatização da Celpe? A Neoenergia privada piorou o serviço e só faz aumentar as tarifas, entre as mais alta. Vamos cair nessa mesma arapuca?
Essenciais
O serviço de abastecimento de água e dos tratamentos sanitários e esgotos são públicos e essenciais, em qualquer sociedade humana civilizada.
Sem garantias
Para o rodízio de água naquelas regiões mais carentes e o problema se agravará. Não há cláusula obrigando a empresa privada investir na melhoria dos serviços e na expansão da rede de distribuição de água nessas áreas.
Privilégios
Áreas com maior concentração de renda possuem infraestrutura já em funcionamento. As zonas mais carentes sofrem a seco, literalmente.
Controle das tarifas
A empresa privada terá o controle da tarifação. Vai pesar na conta do consumidor, sobretudo da população mais pobre de comunidades carentes.
Pontas soltas
A PPP não diz quem responde pela água na torneira da população em caso estiagem, das secas comprometedoras das águas nas barragens.
Piora
O abastecimento emergencial em caminhões-pipa com tarifas sociais, pagas pela Compesa, não a melhor solução. Mas perguntamos: quem pagará essa conta com a PPP?
Modelo falido
O mundo já pagou caro nesse falido modelo neoliberal. Desde do ano 2000 , ocorre a retomada do poder estatal de empresas que foram privatizadas na Alemanha, Argentina. Equador, Bolívia e outros países. O Canto da Sereia das privatizações dos serviços de tratamento de água e esgoto levou à morte, ao colapso dos sistemas pela falta de investimentos depois das compras pelos particulares. Simples assim: Os Estados visam interesses públicos; empresas privadas, lucros privados.
Onda azul
Por isso a Unidade Popular se solidariza e convoca a militância a protestar e fortalecer a luta da onda azul do sindicato dos trabalhadores da Compesa SINDURB na defesa dos interesses da maioria dos pernambucanos, dizendo não à privatização.
*Natanael Sarmento é professor e escritor, membro do diretório nacional da Unidade Popular Pelo Socialismo.