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É Findi – Cultura e Lazer – A Caixinha, crônica, por Romero Falcão*

08/02/2025 -

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Patas cabeludas

Tal qual o bom idiota das redes sociais, conforme o erudito Umberto Eco. Escrevo sobre tudo, sobretudo bobagens.

Contemplo a vastidão azul do mar da praia de Maria Farinha, sob o guarda-sol de uma barraca. Bebo calmamente uma Heineken geladíssima. Por essas bandas ainda se come, bebe, sem pagar a cadeira, a sombra, o sol. Desfrutamos de nostalgia, memória da infância, a companhia de alguns coqueiros que ainda resistem de pé. Dou uma olhada no cardápio, peço cinco caranguejos. Os bichos chegam com as patas cabeludas. Na minha época de barraqueiro de praia, fazia a tricotomia para alegria dos clientes mais higiênicos.



Trabalho meticuloso

Madeira na mão, começa o ritual. Martelinho, bate-bate. Quebro a alaranjada e frágil estrutura. Meus implantes pedem cuidado na mordida dos pré-molares. Chupar as patinhas, a patola, extrair o filete de carne com os dedos, com a língua. Depois abrir o casco, roer tudo lá dentro. Trabalho meticuloso, requer habilidade, paciência, felicidade de lambuzar a boca, as mãos e a alma. Quatro pombos me cercam. Um deles, o mais atrevido, quase belisca meu pé. São íntimos dos fregueses, os quais jogam sobras dos pratos, disputadas pelos "ratos de asa". Duas moças na mesa ao lado conversam, o assunto é BBB - Big Brother Brasil - observam eu digitar esta crônica no celular.



Pequeno retângulo escuro

Tudo ia no mais perfeito sossego, até uns vizinhos ligarem o som de um pequeno retângulo escuro, medindo mais ou menos um palmo. A música, se é que se pode chamar de música, cuja letra terrivelmente banal machuca meus tímpanos. A novinha, a sofrência, sofrível melodia, rima mais que previsível. Antes, eles abriam as portas dos carros, explodiam em decibéis. Agora são discretos, basta apertar o botão nuclear de uma inofensiva caixinha, pequena no tamanho, gigante no barulho. Soube que no Rio de Janeiro há um decreto que proíbe caixa de som na praia. Do jeito que o brasileiro gosta de "cumprir regras", bom senso e consciência coletiva - a pandemia revelou absurdos - é prudente tomar banho de mar com fone de ouvido.


*Romero Falcão, é um cronista que se arrisca a fazer poema torto, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo



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