Em breve, teremos mais prisões e o julgamento da única tentativa de Golpe de Estado do mundo cujos executores foram recebidos, no Palácio, com água, cafezinho e tapinhas nas costas pelo General Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Ministro do governo que seria deposto com o "violento" golpe, e cujas imagens internas do Palácio da Justiça, no dia das invasões, foram apagadas por omissão do Ministro da Justiça, que acompanhou o avanço do golpe de seu gabinete, tomando café e comendo generosas fatias de bolo de chocolate, sem ser incomodado, razão pela qual esqueceu de salvá-las, nem as solicitou à empresa contratada, após a consumação da tentativa de Golpe de Estado.

Os juízes do Golpe de Estado

Vale lembrar que mesmo após tais lapsos, o referido Ministro da Justiça foi premiado com uma cadeira na Suprema Corte e irá participar do julgamento do Golpe de Estado, sem qualquer constrangimento, devidamente acompanhado e liderado por outro Ministro-Juiz, o qual seria assassinado com o triunfo dos golpistas, mas que, a despeito de ser vítima, funciona como Juiz Relator da Ação Penal decorrente da peça acusatória, sendo certo que tal vítima não irá se declarar impedido e também participará, tranquilamente, da condenação, que certamente contará com o voto de outro Ministro-Juiz, aquele que em evento da ala política oposta aos golpistas, ao ser vaiado, disse que não se importava com as vaias, pois ele, Ministro da Sumprema Corte, que também foi Presidente da Corte Eleitoral durante o ano das eleições, admitiu que, em conjunto com os oposicionistas, havia derrotado o movimento político do qual fazem parte os golpistas, mas que, estranhamente, também não irá se declarar suspeito nem impedido, participando tranquilamente da condenação vindoura.

Nada disso importa nem possui relevância jurídica, afinal, "missão dada, é missão cumprida", como foi dito por outro Ministro da Corte Eleitoral, ao parabenizar o Ministro-Juiz-Relator-Vítima-Juiz-Eleitoral, por ocasião da posse do governo que será beneficiado com a condenação do líder dos golpistas.

Nada de mais, tudo normalíssimo, como só ia acontecer em Brasília.

Com pesar e preocupado, espero que o presente exercício de futurismo não seja acertado, pois para vidente nunca fui vocacionado, continuo sendo apenas um simples poeta, e nas horas vagas advogado.


*Felipe Bezerra, advogado e poeta