
Gol de Letra Folia - A Seleção do Carnaval por Roberto Vieira*
01/03/2025 -
Pernambuco é a terra do maior e melhor carnaval do planeta. Algo assim com a seleção brasileira de futebol entre os anos de 1950 e 1970, quando a magia dos nossos craques desfilava pelos gramados do mundo deslumbrando os amantes do futebol. Pois Pernambuco também merece uma seleção de todos os tempos do carnaval, embora tal seleção seja, como todas as seleções de todos os tempos, um território de injustiças com muita gente boa ficando de fora.

Defesa
A defesa da imortal seleção começa com Capiba fechando o gol para delírio das mocinhas nas arquibancadas. Lourenço da Fonseca Barbosa chegou de Surubim, sendo de amargar para os atacantes adversários. Na lateral direita, ninguém menos que Nelson Ferreira, moço de Bonito, craque do frevo e na outra lateral, Antonio Maria, polivalente e evocativo. A dupla de zaga dispensa apresentações. Claudionor Germano e Carlos Fernando defendem, atacam e apaixonam.
Meio campo
Enéas Freire é o volante do Galo. Carrega o piano da multidão com paixão, distribuindo o jogo entre Joana Batista, imortal compositora de Vassourinhas e o Homem da Meia Noite, sempre de cabeça erguida, gênio em comandar a massa.
Ataque
J. Michiles, agora também filme nos cinemas, dribla e cruza com igual perfeição, trocando de clave e posição com o center forward Alceu Valença. Quando a gente pensa que a noite ficará silenciosa e sem gols, surge na ponta esquerda Naná Vasconcelos, mestre em desmantelar defesas com sorriso maroto na percussão.

Técnico
A comissão técnica é comandada por Getúlio Cavalcanti, trazendo sob sua batuta Raul Moraes, Edgard Moraes, Expedito Baracho e Luís Bandeira voltando pra Recife. Nos estádios do passo, o bloco da saudade anuncia que Elba Ramalho vem de bom demais sem fazer chorar, porque o Frevo, Maracatu e Caboclinhos ganham de goleada antes mesmo do carnaval começar
*Roberto Vieira é médico, cronista e folião. Escreve nas segundas-feiras a coluna Gol de Letra no Jornal O Poder. Gosta de samba, ama o Rio de Janeiro e Salvador, mas igual ao carnaval pernambucano nem pensar. Na próxima segunda não tem crônica. Estarei nos Bonecos Gigantes e depois na Casa de Noca. Graças a Deus!
