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A República do Frevo e da Revolução - Como seria um Pernambuco Napoleônico, por Zé da Flauta*

07/03/2025 -

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Nota da Redação: Foi cogitado por revolucionários de 1817 o resgate de Napoleão, então exilado na ilha de Santa Elba, para assumir o comando da Revolução, que se pretendia ser universal. Para situar a criativa crônica ficcional a seguir.

Se a Revolução Pernambucana de 1817 tivesse sido um sucesso, Pernambuco teria se tornado uma espécie de França tropical, um enclave iluminista no meio do Brasil colonial. Em vez de gritar "Viva o Brasil!", talvez estaríamos entoando "Liberdade, Igualdade e Um Bom Baião!" nas ruas de Recife. Com Napoleão como governador, teríamos avenidas largas ao estilo parisiense, mas com vendedores de caldinho e arrumadinho em cada esquina. O problema é que Napoleão não conhecia bem o temperamento do nordestino: se o cabra começasse a mandar demais, logo um grupo de senhores de engenho e mestres de capoeira armaria uma insurreição para botá-lo para correr mais rápido do que Dom João VI fugiu para o Rio de Janeiro.

Equilíbrio

Agora, imagine Pernambuco independente, governado com mão de ferro pelo Código Napoleônico, mas com um povo que nunca gostou de cabresto. A política local seria uma verdadeira ópera bufa, misturando um parlamento inspirado na Revolução Francesa com um toque de feira de Caruaru: discussões acaloradas sobre tributos, mas sempre interrompidas para um gole de cachaça e um embate entre capoeiras e duelistas de espadas. Seríamos uma potência econômica exportando açúcar, algodão e literatura, com universidades onde se estudaria tanto Descartes quanto Ariano Suassuna. E, claro, os franceses nos venderiam perfumes e ideias revolucionárias, enquanto nós os ensinaríamos a dançar frevo sem perder o equilíbrio.





Independência

Mas o Brasil monárquico não ia engolir essa história tão fácil. D. Pedro I, ao invés de gritar "Independência ou Morte!", teria que lidar com a dor de cabeça de um Pernambuco republicano que inspiraria revoltas em todo o Nordeste. Talvez houvesse uma tentativa de invasão imperial, repelida por um exército de vaqueiros montados em cavalos arretados, marchando ao som de uma banda de pífanos tocando a "Marselhesa" versão forró. Pernambuco poderia até liderar uma confederação nordestina, arrastando Paraíba, Alagoas e Ceará para o baile revolucionário, formando um país independente com mais personalidade que um folheto de cordel.

Divisão

E hoje? Pernambuco poderia ser um país soberano, rivalizando com o Brasil em PIB e criatividade. Em vez de real ou dólar, nossa moeda poderia se chamar "Escudo de Frei Caneca", e nossos passaportes teriam uma frase de Manuel Bandeira em vez do brasão imperial. O Galo da Madrugada talvez fosse um símbolo nacional, e a política seria uma mistura de debates filosóficos com a energia de um trio elétrico na avenida. Mas, como bons pernambucanos, estaríamos divididos entre os que amam essa república independente e os que dizem: "Oxente, a gente devia era ter tomado o Brasil todo!".

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.

**Os artigos assinados refletem a opinião dos autores. O Jornal O Poder abre espaço para o amplo e livre**Os artigos assinados refletem a opinião dos autores. O Jornal O Poder abre espaço para o amplo e livre debate de ideias e o contraditório. debate de ideias e o contraditório.



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