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Covid-19, Cinco Anos Depois - O peso da noite tenebrosa, por Romero Falcão*

11/03/2025 -

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Hoje, 11/03/2025, faz exatamente cinco anos que a Organização Mundial de Saúde- OMS- comunicou a pandemia de covid-19. Nessa data, o vírus já fazia estrago, enterrava gente pelos quatro cantos do mundo. O pesadelo se instalou. Fomos forçados a assistir a um filme de terror que parecia não ter fim. A peste implacável não poupava classe social. Retroescavadeira despejava ricos, pobres e miseráveis no buraco,sem direito a enterro digno para quem ficava.




Fui um desses

Senti o peso da noite mais tenebrosa da minha vida.Ver de longe um saco preto guardando os restos mortais do meu irmão, e já perto da madrugada, num cemitério ainda mais escuro, levar a última pá de terra sobre a madeira, numa solidão de ferro.

Recusar a realidade

Sirene de ambulância, máscara, álcool 70, isolamento, falta de leito, de oxigênio, o horror se multiplicava na tela da TV. A saúde mental foi embora pelo ralo.O medo da contaminação fazia com que a “barata de Kafka”, no livro “A Metamorfose”, ressuscitasse o personagem Gregor Sansa em cada um de nós.Trancado no quarto, a comida se espremia por debaixo da porta em tempos de pandemia.Cada qual fazia o que podia para preservar um resquício de sanidade. Ler, tocar um instrumento, acompanhar séries pela Netflix, aprender a cozinhar, unir macarrão feito bolo de rolo, queimar panela.

Eu,

Particularmente, arranjei uma “porta de saída”: escrever “O Diário da Peste” todos os dias, religiosamente, numa disciplinar militar. Foram quase mil páginas. Mas a maior fuga de todas ,sem dúvida, para boa parte da população, foi negar veementemente a doença. Acreditar em teorias da conspiração parecia trazer alívio. Nessa época li muito, li “A Bailarina da Morte”, livro escrito em 2020 por Lilia Schwarcz e Heloísa Murgel, no qual conta a tragédia da Gripe Espanhola que naquele período fazia cem anos-1920. A obra revela que recusar a realidade também foi a marca da estupidez daquele povo.





consequência mais danosa

Havia também uma teoria altruísta, depois da Covid-19, a sociedade se transformaria para melhor em termos de consciência coletiva.O sofrimento, as perdas e sequelas de parentes e amigos abririam um novo coração mais humano, compreensivo. Ledo engano, basta olhar o dia a dia e constatar o egoísmo em estado bruto até num carro que ocupa a vaga de dois veículos no escasso espaço da cidade. Num exemplo bem chinfrim, “para não dizer que não falei das flores”. Penso que a consequência mais danosa e tacanha da pandemia é as crianças não serem vacinadas contra doenças que um dia foram erradicadas e agora estão voltando por conta da ignorância dos pais em relação às vacinas, as quais entraram no tsunami da ideologia.





A propósito

Em 2025, houve 13 mortes por covid-19 em Campinas, São Paulo. Segundo li na imprensa. "A infectologista da Unicamp, Raquel Stucchi, disse que essas 13 mortes seriam evitáveis, se pensarmos que temos uma doença que as formas graves são prevenidas por vacina”. “Das 13 mortes registradas em Campinas, dez vítimas tinham acima de 60 anos”, de acordo com a matéria jornalística.

*Romero Falcão é cronista.
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