Por Zé da Flauta*

Recife chega aos seus 488 anos ostentando história, cultura e um destino curioso: a cidade já foi governada com grande paixão por dois condes em períodos separados exatamente por dois séculos. O primeiro, Maurício de Nassau, chegou com seus sonhos holandeses e uma visão urbanística que até hoje faz os recifenses suspirarem. O conde queria pontes, queria jardins, queria arte e ciência no meio dos manguezais. Fez do Recife uma Amsterdã tropical, trouxe pintores para eternizar a paisagem, cientistas para estudar nossas riquezas naturais e construiu a primeira ponte da cidade, que até hoje corta o Capibaribe como um símbolo da modernidade que um dia nos visitou.

Evolução

Duzentos anos depois, como se fosse uma predestinação, outro conde veio governar com a mesma energia transformadora. Francisco do Rego Barros, mais conhecido como Conde da Boa Vista, pegou uma cidade que ainda tentava se entender e deu a ela ares de capital moderna. Criou o Cemitério de Santo Amaro, porque os vivos já não suportavam enterrar seus mortos no meio das igrejas. Abriu a belíssima estrada da Boa Vista, que acabou batizando o bairro e a avenida que hoje liga o coração da cidade ao resto do mundo. Trouxe água encanada, porque sabia que até o mais apaixonado dos recifenses precisa beber uma água limpa de vez em quando. E construiu o Teatro de Santa Isabel, como se dissesse que o povo precisava tanto de arte quanto de pão.





Desafios

Mas a história do Recife não se fez apenas com esses dois condes. Ao longo dos séculos, muitos outros governantes deixaram suas marcas, enfrentando desafios e transformando a cidade com novas pontes, avenidas, escolas, mercados e políticas que ajudaram a moldar esse Recife inquieto e vibrante. Cada gestão, com suas dificuldades e conquistas, fez o possível para acompanhar o crescimento da cidade e os anseios do seu povo. O Recife de hoje é fruto de todas essas mãos que, com maior ou menor brilho, buscaram construir uma cidade melhor.





Futuro

E assim seguimos, Recife, cidade de poetas e engenheiros, de mares e mangues, de holandeses e portugueses, de pontes e esperanças. Enquanto celebramos seus 488 anos, olhamos para trás com gratidão e para frente com a certeza de que a cidade continuará, teimosa e bela, esperando novos visionários, sejam eles condes, prefeitos, cabras arretados ou qualquer recifense que ame essa terra e queira vê-la prosperar.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor, escritor e apaixonado pelo Recife. Compartilhar esta notícia Deseja receber O PODER e artigos como esse no seu zap ? CLIQUE AQUI.