
Perfil geográfico e síntese histórica de Olinda no dia do seu aniversário, por Carlos Cavalcanti*
12/03/2025 -
A área atual do Município de Olinda abrange apenas 41,7 km2, e sua população, de acordo com o último recenseamento (2010), era de 377.779 pessoas, com uma densidade demográfica de cerca de 9.068 habitantes por quilômetro quadrado, (9,68%), uma das maiores do País.

Geograficamente
A cidade está situada a 8º 0’35” de Latitude Sul e 34º5’4” de Longitude Este, coordenadas medidas de sua estação meteorológica no Alto da Sé. Suas oito colinas têm apenas algumas dezenas de metros de altitude: 56 metros no Alto da Misericórdia, 54 metros na base da caixa d’água (Alto da Sé), e 58 metros no pátio da igreja de N. Sª. do Monte. O ponto culminante do município fica aos 72 metros, no Monte do Berenguer
Ainda em consideração ao seu relevo
Segundo Ferdinando Novaes,“Há duas partes a se considerar em Olinda: a baixada litorânea e os altiplanos. A baixada litorânea é formada pelos areais da orla marítima ou pelos manguezais. Tem uma superfície de aproximadamente 18 km2 (3/5 do município) e cotas abaixo de 10 metros. Os altiplanos são os morros (tabuleiros) terciários, da série Barreiras, de 40 e 60 metros de altitude. Apresenta vales em U, assoreados”.

A hidrografia olindense
Está limitada ao trecho do Rio Beberibe que tem sua origem no município de São Lourenço da Mata no lugar denominado “Cara de Cavalo”, daí segue em direção Oeste e vai até a Cova da Onça de onde deflete para o Poço da Panela, seguindo serpenteando entre os municípios de Olinda e do Recife, passando por Beberibe, Porto da Madeira Peixinhos e Salgadinho de onde converge para encontrar-se com o Capibaribe.
Limites
“Após o desmembramento de Paulista, Olinda ficou com uma forma aproximadamente triangular, sendo o mar um dos lados e os outros os limites respectivos com os municípios do Recife e do Paulista.Assemelha-se no formato
Com o Estado de Sergipe, como bem observou com satisfação o ex-prefeito olindense Benjamim de Aguiar Machado, nascido naquele estado irmão.
Partindo da raiz do molhe no antigo istmo, vai em linha reta imaginária que passa ao norte do prédio principal da fábrica Tacaruna, até a intersecção da Rua Andrade Bezerra com a Rua Correia de Brito; segue pelo centro desta para Peixinhos, mudando para noroeste no largo em frente do Matadouro; segue em linha reta até encontrar o Rio Beberibe; sobe este até o ponto em que nele desemboca o Rio das Moças; por este e depois por uma reta subindo até o ponto mais alto do monte Berenguer, que é o vértice dos três municípios (Recife, Olinda e Paulista). Do marco ali situado muda de rumo para leste numa reta de três quilômetros e meio que atravessa a chã da Mirueira (Leprosário), até ao marco em Fragoso; desce pelo rio desse nome até o ponto em que este é cortado pela rodovia que liga Olinda e Paulista; daí sai numa reta em direção nordeste até à foz do Rio Doce, no oceano, ponto extremo norte do município. Desse ponto até a raiz do molhe que protege a entrada do Porto do Recife o limite é o mar.”

A origem da cidade
Numa visão comprovadamente mourisca, é (diferentemente de sua irmã Recife), concebida como porto e desenvolvida na ótica comercial dos Países Baixos. A cidade de Olinda é uma acrópole que chega mesmo a lembrar Lisboa quando observamos, da Praça do Rocio, o Castelo de São Jorge. Portanto, não foi mera coincidência que o fundador do chamado Burgo Duartino começou a edificar (como um grande senhor Feudal) o seu Castelo no Alto da Sé, após ter deixado Igarassu.
Foi na chamada Cidade Alta que surgiu a Vila de Olinda uma das primeiras e, sem dúvidas, a mais próspera do Brasil Colônia, onde foram construídas várias residências com o dinheiro das riquezas extraídas pelos colonizadores.
Só para se ter uma idéia dos fatos da época
Vejamos uma de abordagem de Olinda, no início do século XVII, que nos é dada por Ambrósio Fernandes Brandão, em Diálogos das grandezas do Brasil (1618):
Dentro da Vila de Olinda habitavam inumeráveis mercadores com suas lojas abertas, colmadas de mercadores de muito preço, de toda a sorte em tanta quantidade que semelha uma Lisboa pequena. A barra do seu porto é excelentíssima, guardadas de duas fortalezas bem providas de artilharia e soldados, que as defendem; os navios estão surtos da banda de dentro, seguríssimos de qualquer tempo que se levante, posto que muito furioso, porque tem para sua defensão grandíssimos arrecifes, a onde o mar quebra. Sempre se acham neles ancorados. Em qualquer tempo do ano, mais de trinta navios, porque lança de si, em cada um ano, passante de 120 carregados de açucares, pau-brasil e algodão. A vila é assaz grande, povoada de muitos e bons edifícios e famosos templos, porque nela o há o dos Padres da Companhia de Jesus (1551), o dos Padres de São Francisco da Ordem Capucha de Santo Antônio (1585), o Mosteiro dos Carmelitas (1588), e o Mosteiro de São Bento (1592), com religiosos da mesma ordem.
Riquezas
“A Vila de Olinda, uma das mais abastadas da América Portuguesa, cujo fausto era comparado com Lisboa e Coimbra, dominava a paisagem com seus quatro mosteiros, a Igreja de São Salvador do Mundo e o casario pintado de branco, construído em pedra e cal, colorido pelo verde do coqueiral que lhe proporcionava um clima ameno. Nas ruas os seus habitantes, aproveitando as festas pelo nascimento do herdeiro do trono da Espanha, vestiam seda e damasco, montavam em garbosos cavalos ajaezados em prata, com o som de suas cascavéis a chamar a atenção de sua passagem.
A produção de 121 engenhos de açúcar, correntes e moentes no dizer de Van de Dussen, viria despertar a sede de riqueza dos diretores da Companhia, que armou uma formidável esquadra sob o comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck, que, com 65 embarcações e 7.280 homens, apresentou-se nas costas de Pernambuco em 14 de fevereiro de 1630, iniciando assim a história do Brasil Holandês.”
Foral
12 de Março de 1537 é a data do Foral de Olinda e da primeira citação do Recife, adotada como a da fundação da atual capital de Pernambuco pela lei n.º 9. 691, de 21 de novembro de 1966, do então Prefeito Augusto Lucena, após sugestão da comissão por ele criada, e presidida pelo historiador Flávio Guerra.
*Carlos Bezerra Cavalcanti. Historiador.
Sócio Efetivo e Benemérito do IAHGP.

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