
Reparações Históricas no Bairro do Recife - Por Jarbas Beltrão*
17/03/2025 -
A ilha bairro do Recife é um polo econômico, se bem explorado irradiaria crescimento para toda cidade.
Bairro do Recife polo de irradiação
O bairro do Recife, que é a Ilha do Recife, o marco inicial da cidade, deveria ser foco de mais atenção dos administradores fazendo parte dos projetos da municipalidade, projeto que criaria condições para o florescimento de iniciativas econômicas privadas, atraindo empreendimentos, com geração de emprego e renda, irradiando grande influência para os bairros mais próximos - Santo Antônio, São José, Boa Vista, Santo Amaro; o que impactaria outros bairros mais distantes da cidade. O bairro do Recife com seus atrativos históricos e festivos deveria ter sua organização econômica no sentido de constituir-se em atrativo de grande importância para uma economia turística e tudo que poderia ser alcançado a partir da mesma.
Um projeto de festas para o bairro
Esse projeto deveria contemplar o turismo, como alavanca e, os segmentos sob influência dessa economia, como: serviços, hotelaria, gastronomia, restaurantes, comércio, festividades, transportes, história e outros atrativos - Festival da Seresta, Dançado na rua, Carnaval de blocos Líricos e de pequenas Troças Carnavalescas, apresentações folclóricas como Maracatus e caboclinhos, feiras artesanais, gastronômicas, pequenas feiras de alimentos, eventos religiosos (dias santificados e Semana Santa). No bairro tem de ser reduzida as festas das atrações do "show business" com prioridade aos pequenos eventos, articulados entre administração municipal e organizações sociais (bares, restaurantes, Igrejas, escolas, empresas, etc.)

Recife dos Arcos e da Igreja do Corpo Santo
O bairro atrações deveria ser vendidas como um produto turístico; o poder municipal deveria ter como item de importância o resgate da história do bairro trazendo de volta o que já foi marca da paisagem do mesmo; trazer de volta o que foi retirado do desenho urbano , no caso me refiro aos seus antigos arcos demolidos, que tiveram origens no final do Século XVII e ao longo do século XVIII, além da Matriz do Corpo Santo do Cristo Salvador do Mundo.
Os Arcos e a Matriz, marcaram a moldura do velho Recife, foram demolidos na segunda década do século XX, como solução para o que se entendia, dar maior fluidez de tráfego ao Porto da cidade, também construído naquela época. A memória dessas marcas se faria, de modo a trazê-la para o cidadão recifense e visitantes. Deveria se pensar uma "reconstrução" dos antigos arcos, com o cuidado da manutenção da paisagem urbana atual.
A demolição, como já foi dito, sob argumento de facilitar a circulação no bairro, em época que a preservação histórica patrimonial não era tão cuidada, naquele período, também, ia renascendo e ganhando a moldura atual.

Perda
A perda dos Arcos e da Matriz foram perdas irreparáveis para o "espírito da cidade", e se precisa de um projeto para trazer de volta aquelas marcas históricas, numa iniciativa de reparação a ser feita trazendo de volta aqueles símbolos de uma fotografia urbana, desfeita há mais de 100 anos e que teve construção há mais de 300 anos.
Reparação
A reparação histórica deve ser feita com muito cuidado, planejada para trazer de volta as marcas daquela história colonial distante, então presentes na nossa antiga e formosa arquitetura urbana pré-moderna. Ao lembrar dos arcos derrubados e da Matriz do Corpo Santo para a construção desse Recife moderno dos anos pós 1a. GM, aquele projeto levou ao chão todo antigo bairro colonial, restando poucas edificações dos tempos distantes, tanto colonial, como Imperial - Igreja da Madre de Deus, Torre Malakof, Paço Alfândega, Forte do Brum, Estação do Limoeiro, Cruz do Patrão, Teatro Apolo - a partir daí teve lugar o bairro que se tem hoje, com ruas retilíneas, calçadas largas, e uma arquitetura de construções ecléticas.
O projeto
O projeto que, se deve ter em mente deve conter a lembrança de algumas das velhas marcas daquele passado que já está longe de nosso tempo, entretanto que venha conviver, com a paisagem urbana que já se tem, hoje, consolidada.
Os arcos
Os arcos, eram os que se tinha de marcas urbanas mais expressivas da paisagem do Recife.
Os Arcos do Recife, precisam ter presença na nossa memória urbana e histórica, me refiro àqueles, que os cidadãos recifenses na sua maioria esmagadora nunca ouviram falar, como:
a) Santo Antonio: na saída do Bairro do mesmo nome, em direção ao bairro do Recife, num estilo de gosto renascentista, na banda oeste da atual Ponte Maurício da Nassau.
b) Nossa Senhora da Conceição, na banda leste da ponte Maurício de Nassau, com traços de gostos medievais, tendo no seu superior uma Capela em homenagem a referida Santa; ali poderia ser realizadas missas no local defronte, ou seja, na Av. Marques de Olinda, nos feriados santificados, em especial no dia de Nossa Senhora da Conceição.
C) Bom Jesus, na ponta norte da ilha do Recife, esse era uma porta de entrada da cidade que era fechada por um funcionário, sofreu reformas, e é o mais antigo de todos, data do século XVII, situava-se na rua do Bom Jesus, a mais antiga de nossas ruas. Também com traços medievais e pequena Capela, e igualmente servia como espaço de eventos religiosos, e situando-se na que é hoje, Praça do Arsenal (Artur Oscar).

Arquitetura dos Arcos "reconstruídos"
"Reconstrução"
Os arcos seriam "reconstruídos" trazidos de volta, sob formas de grandes maquetes ou reconstruídos a partir do chão, poderiam ter as seguintes disposições:
a) Santo Antonio, em tamanho diminuto ficaria em cima de um "arco quadrado", portanto, não ferindo o atual traçado urbano, mas situado nas proximidades onde ficava a sua antiga construção.
b) Arco da Nossa Senhora da Conceição. Teria também a mesma disposição, acima de um "arco quadrado", mas posicionado no mesmo local do antigo Arco.
Esses dois Arcos foram construídos no século XVIII e seriam complementaridade, em parte, de obras modernizadoras do Cais de Santa Rita e do Centro de Convenções e o já concluído e em funcionamento, o Novo Hotel de formato de um Cruzeiro marítimo. Enfim, contribuiria para dar mais charme ao Bairro do Recife, e bairro de São Jose (Cais de Santa Rita).
c) Arco do Bom Jesus, esse deveria ser levantado a partir do chão, entre a Praça do Arsenal (Artur Oscar e a Rua do Bom Jesus).
Matriz do Corpo Santo
Por fim a Matriz do Corpo Santo, situada na atual praça do Marco Zero, antiga Praça do Corpo Santo, teria a mesma disposição dos Arcos Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição, isto é, uma grande maquete enciumada em um "arco quadrado".
Superação do esvaziamento do Centro do Recife
O projeto poderia ajudar a conter um esvaziamento que se verifica nos bairros de Santo Antônio e Boa Vista e conter a paralisia do bairro de São José e áreas do bairro de Santo Amaro; na medida em que seria um espaço de eventos de diversas naturezas, atraindo um público diversificado. Não apenas, aquele público, que é atraído no que acontece, hoje, nos grandes shows no Marco Zero, organizado pela Prefeitura e conduzido, pelo empresariado do show business.
Desta forma as reparações se tornariam importantes atrativos para o bairro, atraindo mais visitantes locais e de outros lugares.
Aniversário do Recife
Nessa data de aniversário da nossa cidade, nada como trazer lembranças de tempos que já se foram. A saudade, mesmo para aqueles que se encontram, historicamente distantes é tema, que ajuda a restaurar o orgulho e amor próprio do cidadão da cidade.
Tenho dito
*Jarbas Beltrão, Ms., é historiador, professor de História da UPE
**Os artigos assinados expressam a opinia?o dos seus autores e na?o refletem necessariamente a linha editorial de O Poder.

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