O assassinato do estudante Demócrito Cesar de Souza Filho, na tarde de 3 de março de 1945, pela polícia política, durante concentração popular na Praça da Independência, em defesa da democracia, será lembrado nesta segunda-feira, 24/03. O ato será promovido pela Faculdade e pela Academia Pernambucana de Letras Jurídicas. A programação começa às 17h com a aposição de placa no busto de Demócrito, localizado nos jardins da Faculdade. Prossegue com exposição documental no salão de entrada do prédio. Finalizando, às 19 horas acontecerá sessão solene no Espaço Memória da Faculdade.

Tarde de sangue

Demócrito, líder estudantil, participava de um ato pela redemocratizacão do país, na Praça da Independência, conhecida como Pracinha do Diário, no final da ditadura de Getúlio Vargas. Houve repressão violenta. Demócrito encontrava-se na sacada do Diario de Pernambuco, aguardando o discurso de Gilberto Freyre,
quando um dos disparos atingiu a sua testa. Ele foi socorrido, mas morreu às 20h50 do mesmo dia, no antigo Hospital do Pronto Socorro do Recife.

Perfil

Demócrito Cesar de Souza Filho nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 27 de outubro de 1921. Filho do conceituado advogado criminalista Dr. Demócrito de Souza e de Maria Cristina Tasso de Souza, descendentes de ilustres famílias pernambucanas.

Estudo de Direito

Em 1941, iniciou seus estudos na Faculdade de Direito do Recife, onde almejava seguir a mesma carreira do pai. Já em 1945 cursava o último ano da faculdade de Direito e com 23 anos, era um líder estudantil de destaque que participava das manifestações contra o Estado Novo, em busca da redemocratização do país. No dia 3 de março de 1945 foi marcada uma manifestação que começaria dentro da Faculdade de Direito do Recife e continuaria com uma passeata até a Praça da Independência, terminando com um comício em frente ao Diário de Pernambuco, aliado na luta pela redemocratização

Mártir da democracia

Sua morte, no dia 03 de março de 1945, causou grande impacto sobre o governo, que passou a ser responsabilizado pela sociedade, inclusive pela Congregação da Faculdade de Direito. No seu enterro, compareceram os professores vestidos com suas becas e uma multidão seguiu a pé até o cemitério de Santo Amaro.




Homenagem

Em 13 de dezembro de 1945, na noite da colação de grau da Turma, em sessão solene, no salão nobre da Faculdade de Direito, os bachareis deste ano tinham reservado outra sentida homenagem, escolhendo-o para orador da solenidade. Como a oração não seria pronunciada, o etudante José Gonçalves anunciou que em seu lugar, seria lida pelo estudante Antonio Brito alves uma mensagem da mãe Dona Maria Cristina Tasso de Souza, o que foi feito da sacada do Salão Nobre da Faculdade.

Memória

As roupas que o estudante usava no dia do crime estão até hoje preservadas na Faculdade de Direito do Recife.
Na praça Adolfo Cirne encontra-se um busto de Demócrito de Souza Filho, onde na placa consta as seguintes palavras:
"À Demócrito de Souza Filho, pelo transcurso de 10 anos de impunidade dos que lhe assassinaram e violaram a democracia no Brasil. Homenagem do D. A. da Faculdade de direito do Recife (Gestão: Reginaldo S. Furtado) e do escultor Abelardo da Hora. Recife – PE, 03 de março de 1955."





Democracia e liberdade

Como foi dito sobre Demócrito, matam-se pessoas mas ninguém assassina um ideal. Compartilhar esta notícia Deseja receber O PODER e artigos como esse no seu zap ? CLIQUE AQUI.