
A Galinha dos ovos de ouro por Natanael Sarmento*
04/04/2025 -
Na edição de O Poder, de 02 de abril - Os Bichos da CIA- tratei de fábulas dos políticos: camaleões e raposas matreiras, animais que passam gato por lebre.
Na moral
Da fábula “A Galinha dos ovos de ouro”, certo fazendeiro ganancioso, não se contentava com os lucros. Optou por escolha errada, acabou em ruínas, matando a galinha, restou sem mel e sem cabaça.
Sobre a alta do ovo
A fauna dos economistas diverge sobre as causas dessa inflação, duplicação do preço do ovo num ano. Custa R$ 40,00 a dúzia. A escola dos guaxinins atribui às mudanças climáticas. A das corujas sustenta a redução da oferta interna e aumento de exportações. Nos EUA custa 5 dólares. De repente, o ovo virou o “pomo da discórdia” de especialistas. E sumiu do prato dos mais pobres.
Cabelo em ovo
Num evento agropecuário, março do corrente, Lula com seu estilo coloquial de canto do galo e lágrima de jacaré ironizou a inflação ovípara: “A galinha não está cobrando caro. Ainda não encontrei uma galinha pedindo aumento do ovo. A coitadinha sofre, mas ainda canta quando põe o ovo. Mas o preço do ovo está saindo do controle, uns dizem que o calor, outros dizem que é a exportação. Eu estou atrás”.
Olhão
Exportações do produto para os EUA cresceram 22% - 2024/25. O popular “bife do olhão” está cada vez mais metafórico da picanha no prato básico do brasileiro.
O Plano Safra
O governo federal priorizou os mais safos do agronegócio. Disponibiliza fabulosos créditos extraordinários - 4,18 bilhões (2024/25) desigualmente. Favorece mais grandes empresários. Apenas 15% do Plano Safra destina-se à agricultura familiar, justamente, a principal responsável - mais de 70% - da comida no prato do brasileiro. No entanto, 3,5 bilhões vão para setores das exportações.
Afagos
Na base governista do Centrão, dão garantia à governabilidade. Política do toma lá, dá cá. Cisca-se à esquerda, mas se choca na direita, nos poleiros do agronegócio e dos banqueiros. Com a cauda presa no grande capital a esquerda governa para direita e leva a culpa pelos erros. Carestia. Sem rever a Reforma da Previdência. Sem reduzir a jornada de trabalho análogo à escravista 6/1. O campo da esquerda domesticada serve de boi de piranha e boiada da direita passa o rodo. As hienas e urubus avançam, as eleições municipais de 2024 comprovam.

E na farra do boi
Da bolha extremada golpista e fascista, atentado terrorista à democracia é procissão de velinhas com bíblia no culto. Patriotas e mães do batom, inocentes, injustamente indiciados. Pedidos de anistia e apelos a direitos humanos para quem tripudiava com esses valores. Os joalheiros e visionários do Jesus da Goiabeira e da Terra Plana, avocando intervenção de extraterrestres e presidente dos EUA para salvar o Brasil do comunismo do Lula.
Advertências
I -
O Ministério da Saúde: a doença da vaca louca pode ser transmitida a seres humanos por consumo de carne contaminada.
II -
Já passa do tempo de pegar o “trem noturno para Lisboa” e girar à esquerda. Pois insistir na tecla da aliança à direita e financiar o festim das cobras, acaba mal. Em festa de cobra, sapo não dança. Cacarejar menos e agir mais. Se tu “crias corvos, eles te arrancarão os olhos”.
*Natanael Sarmento é professor e escritor. Membro do diretório nacional da Unidade Popular Pelo Socialismo.
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