O advogado, político, escritor, empreendedor cultural Antônio Campos é uma pessoa preparada, articulada e audaciosa. Filiado ao PRTB no Estado, ele afirma ter sido convocado pela legenda para ser pré-candidato ao Governo de Pernambuco. Com o DNA da política e da cultura, não rejeita a hipótese. Ele diz que a terceira via será decisiva no estado em 2026. Do eixo Olinda/Recife, onde vive, ele olha os conflitos do mundo.
"É preciso entender a lógica do tensionamento permanente da Era Trump, que colocou os Estados Unidos no centro do mundo, estancou o declínio americano e iniciou uma nova era de desglobalização", afirma.
Em guerra permanente em defesa do trecho Salgueiro/Suape da Transnordestina, alfineta o grupo que abandonou a obra: "O tarifaço de Trump atingiu o aço e o Grupo Steinbruch de frente, eles que deram o traço em Pernambuco, retardando o trecho da Transnordestina Salgueiro/Suape". Quanto às suas perspectivas, afirma que o PRTB vai apresentar uma agenda crítica para Pernambuco e participar do debate das questões relevantes do Estado e do processo político. "Serei uma metralhadora de ideias e de debates e não de ataques pessoais. Em breve, lançaremos uma plataforma digital e uma agenda de visitas. O PRTB me convocou para ser pré-candidato a governador de Pernambuco e não descarto essa possibilidade". O Poder conversou com ele, sobre essas e outras pautas. Leia a seguir.

1 - mundo contemporâneo

Vivemos uma forte era de transição e incertezas. Estamos na era Trump, que inaugurou uma nova agenda global, de tensionamento permanente, mas que colocou os Estados Unidos novamente no centro do mundo e inicia uma era de desglobalização do mundo.
Quem apostar contra os Estados Unidos perderá e tem uma frase importante no discurso de posse de Trump: “O declínio dos Estados Unidos acabou.”

2. O Brasil

O Brasil é para ser, além de uma potência agro, também uma potência ambiental. Abandonou essa pauta, o que é preocupante. O que vamos mostrar na COP 30? Temos que sair dessa agenda política bipolar.
Defendo que parte dos recursos do petróleo da margem equatorial sejam para preservar a Amazônia, que é algo de extrema importância para a preservação da humanidade.

3. O Nordeste e Pernambuco

O Nordeste precisa de mais investimentos na área de infraestrutura e na área social. Pernambuco perdeu a liderança política e econômica no Nordeste para a Paraíba, o Ceará e a Bahia.
Faremos Pernambuco grande novamente.

4. A Transnordestina e a Malha Ferroviária do Nordeste

Temos lutado quase sozinhos eu e os ferroviários do SINDFER, sobre esse assunto. A classe política precisa dar mais atenção a este assunto. Muita promessa e pouca realidade.
Como Deus escreve certo por linhas tortas, o tarifaço de Trump atingiu o aço e o Grupo Steinbruch de frente, eles que deram o traço em Pernambuco, retardando o trecho da Transnordestina Salgueiro/Suape.
A Transnordestina Ceará será uma fonte de recursos para o Grupo Steinbruch, mas não de escoamento de produtos. Não existem mercados a curto prazo disponíveis.
O impacto é direto para a economia do Ceará, onde o aço responde por 38% das exportações, com 80% destinadas ao mercado americano.

5. A Fliporto 2025 que completa 20 anos

Haverá uma edição em Portugal em outubro, em Aveiro, e no Brasil, em novembro. O tema é literatura, tecnologia e sustentabilidade, interfaces e diálogos. Estamos viabilizando o evento, que será em Recife.

6. 20 anos da morte de Arraes em 2025

Em 2025, são 20 anos do falecimento do nosso avó Arraes, o maior criador de programas sociais no Brasil e o Dr. Nordeste, região que muito conhecia.
Tive uma grande relação pessoal com ele e fiz o meu dever como neto e seu admirador. Coordenei a defesa dos precatórios, juntamente com outros advogados. Fui seu advogado no processo de anistia funcional na Comissão de Anistia, juntamente com minha mãe, registrado em livro. Fui Presidente 10 anos do Instituto Miguel Arraes a pedido da minha avó Magdalena, período mais ativo do Instituto. Quando Presidente da Fundaj, levei o seu acervo para ser preservado na Casa de Nabuco, entre outras iniciativas.
Muitos usam o nome dele e não fizeram 10% do que fiz para defendê-lo e proteger o seu legado.
Esse ano abro uma plataforma para fazer ou enriquecer a biografia que estou fazendo dele, que será uma obra colaborativa. Os pernambucanos ou quem o conheceu poderá enviar documentos, fotos e histórias, que poderão ou não ser utilizados na biografia: Arraes, o povo no poder.

7. Governo Lula

O Presidente Lula não está bem. Está perdido na economia. Precisa se achar. A questão da dívida pública, da previdência, entre outras questões, são muito preocupantes.
Estive na diretoria que cuida da dívida pública brasileira, no TCU, fiz um pedido oficial de informações e em breve lanço um livro de como reestruturar sem calote 30% da dívida brasileira.
Isso resolve o Brasil a curto prazo, tendo o caminho técnico e se tiver a vontade política, mas será um caminho inevitável, pois os banqueiros estão matando a galinha dos ovos de ouro.

8. O Supremo Tribunal Federal

Já li e reli a Constituição Federal diversas vezes. Com a devida venia e de forma respeitosa não enxergo esse alargamento de competência do Supremo de tudo poder julgar.
Parece que parte do Supremo dividiu o Brasil nos que são a favor de 8 de janeiro e os que são contra.

9. As redes sociais

Tem que ter uma regulação possível, que tem que ser mínima, sem cercear a livre expressão.

10. A Governadora Raquel Lyra

Tem feito um grande esforço administrativo, ao seu modo. Precisa melhorar no diálogo político.
Vai focar a concessão da Compesa para fortalecer o caixa do Estado e chegar forte para 2026. Contudo, é preciso melhor discutir com a sociedade e os órgãos técnicos a modelagem da concessão parcial dos serviços da Compesa. Tenho estudado o assunto de perto. Não acredito que ela consiga fazer esse ano esta operação da Compesa.

11. O Prefeito João Campos

Precisa melhorar a parte social do seu governo, ante a desigualdade social, em Recife, entre outras coisas. Fortalecer os programas sociais. Vai ter disputa em 2026 e não tem eleição ganha por antecipação.
Na questão familiar e pessoal, o meu perdão a ele já dei. O dele depende dele e não de mim. É bíblico. Tinha amizade, respeito e consideração pelo o pai dele e o pai dele por mim.

12. PRTB e candidatura a Governador

Fui convidado pelo PRTB e estou pensando. Não descarto a hipótese. A ideia é ser uma candidatura de centro conservadora, crítica e propositiva, montada em uma plataforma digital para enriquecer o debate da sucessão e fortalecer o PRTB, com uma chapa para Deputado Estadual e Federal competitiva, com preocupação mais política do que eleitoral. Vamos coligar com algum partido que nos dê o direito de programa partidário e ir aos debates.
Com candidatura minha ou sem candidatura minha, o PRTB vai apresentar uma agenda política para o Estado e estamos dialogando com outras forças políticas.
Em breve, devo conversar com Ronaldo Caiado, que é do União Brasil.

13. A linha do PRTB contrária ao histórico familiar

Todo homem é um tempo, uma causa e um país, no dizer de Nabuco, na biografia de seu pai. Arraes vivo e novo teria uma visão nova de um mundo que mudou. Como disse o grande Ortega e Gasset, "Eu sou eu e minha circunstância".
Arraes teve Antônio Farias e Armando Monteiro como candidatos a senador, em chapas suas, homens de linha política mais conservadora.
Quando Henry Kissinger esteve em Pernambuco, almoçou com Arraes e conversaram por mais de 4 horas.

14. O PL de Bolsonaro

Deve ter uma chapa forte para Deputado Federal e ao Senado. Terá na cabeça um outsider. É o que quer o ex-presidente, que está inelegível, segundo informações.
Há uma disputa pela liderança da parte conservadora à presidência, em 2026. Não sei se Tarcísio deixa de ser candidato à reeleição em São Paulo para aventurar uma candidatura a Presidente. Já Caiado, tem também um partido forte e tem se colocado como uma opção, tendo o forte apoio do agronegócio e colocando a segurança como um dos temas principais. Na minha modesta opinião, está no páreo.

15. Posição na disputa nacional

Serei fiel ao que o PRTB decidir, nacionalmente.
A terceira via, em 2026, será decisiva nas eleições de 2026.Não será apenas a disputa de dois grupos políticos, vamos provocar o debate dos assuntos do Estado para qualificar os debates nas eleições, mas não nos furtaremos de eventuais debates mais incisivos. Quem viver, verá.