
Encontros, reencontros, desencontros. - por Malude Maciel*
14/04/2025 -
Ultimamente, assim que saio de casa, fico procurando com o olhar, um rosto conhecido, alguma pessoa do meu conhecimento e amizade, alguém que viveu comigo etapas da vida, colegas de colégio, faculdade, trabalho, parentes, amigos e outros de convívio em diversas oportunidades. Isso porque temos o desejo de reencontrar criaturas que nos são caras e que estão, de uma forma ou de outra, distantes de nós. Os momentos de convivência foram marcantes e memoráveis; o tempo não foi capaz de apagar e a lembrança nos traz à mente, recordações preciosas.
Entretanto, não está fácil de rever nossos afetos com a frequência de antes; cada um seguiu seu caminho e a distância predominou, infelizmente. Mesmo num shopping, em lugares públicos e nas ruas, apenas desconhecidos aparecem. Impressionante!
Era da comunicação
Apesar dos meios de comunicação que atualmente são fantásticos, possibilitando conversas até de forma visual, sentimos falta da presença física, do abraço, do aperto de mão, do carinho e aconchego.
Minha turma do Colégio Sagrado Coração em Caruaru, costumava fazer um encontro de quando em vez depois da conclusão; era uma festa. Vinha gente que mora em outras cidades e Estados e a emoção era tamanha, com direito à fotos, relatos de vida, conversas e mais conversas que não queriam terminar. Quantas novidades! Tantas mudanças! Um prazer enorme tomando conta dos nossos corações e aquele sentimento de que valeu a pena, pois o presenciei é fundamental. Porém, estão ficando escassos esses encontros, pois aparecem doenças, empecilhos de toda natureza e ficamos esperando, sem realizar nossos instantes felizes de outrora.
As dificuldades que envolvem o dia a dia das pessoas, por si só já afastam até os pais dos filhos e demais parentes porque as lutas cotidianas, os trabalhos de uns e outros, cansam tanto a ponto de quando chega um domingo ou feriado não haver clima para visitas, coisa que está totalmente fora de moda. Antigamente as visitas eram regulares principalmente entre os compadres e comadres. Quando chegava um vizinho novo, era de praxe visitá-lo e desejar-lhe boas vindas.
Aniversários
As famílias tinham anotados os aniversariantes do mês e iam visitar e levar presentes. Depois passaram a simplesmente telefonar; hoje dificilmente se lembram e se comunicam.
Uma lacuna
Esse distanciamento vem crescendo sem dó nem piedade e nós, conservadores, estranhamos essa situação, uma mudança brusca nos usos e costumes de uma sociedade que se isola, sufocando os apegos entre os seres humanos carentes de afetos e amor. As crianças são quem mais sofrem, pois não compreendem certas atitudes. É uma lástima.
O mundo mudou rapidamente, mas os seres humanos continuam os mesmos, com a mesma estrutura; os corações permanecem da mesma forma inicial.
O poder do encontro
"Ninguém se transforma sozinho; nós nos transformamos no encontro." (Roberto Crema)
*Malude Maciel, Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, ACACCIL, cadeira 15 pertencente à professora Sinhazinha.