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Trump, o mercado e os rumos para uma Nova Ordem Mundial - Por Jarbas Beltrão*

14/04/2025 -

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As medidas de Trump chamadas "tarifaço" representam uma invertida para novos caminhos em direção à Nova Ordem Mundial

Mercado, História e Ordem Econômica

O mercado é a imagem de como gira a roda da economia. No mercado, ocorre o encontro dos agentes que produzem, que demandam e que vendem, ele é a própria economia, nele ocorre a circulação do sangue da sociedade, é o desfile de necessidades, sonhos, sentimentos, vaidades, que se retratam na busca de bens materiais e imateriais - enfim, a demanda social, por bens e serviços

História e evolução das formas de produção econômica.

O mercado é uma formação histórica que ao longo da viagem que fazemos pelo nosso planeta ao longo do tempo, foi ganhando particularidades em cada momento. Frederick Hayeck, Carl Mengel, Ludwig Mises, os grandes nomes da filosofia econômica Liberal Austríaca desenvolveram a ideia, de que o mercado, não é apenas uma arquitetura do "capitalismo" mas gestado ao longo da existência dos grupos humanos e das trocas ocorridas, formados e existentes entre eles nesse nosso "habitat", suas dimensões, interações, sofrem mudanças e continuarão sofrendo infinitamente. Para a mesma escola de economia -"os austríacos" - se o mercado ganha formas e particularidades ao longo do tempo, o que chamamos de "capitalismo" é uma ordem natural e voluntariamente gestada, mas, conscientemente, pela ação humana, que como toda ação humana não deixa de ter falhas, às vezes até absurdas, mas, também de acertos, muitos acertos. As ordens econômicas vão se acumulando e dentro dela surgem os modos de produção (organização) que abriga dentro deles meios de produção (ciência e tecnologia) e formas de propriedades.

O socialismo revolucionário

O socialismo marxista (teórico), surgiu, no século XIX, como crítica aos erros do capitalismo, a economia de mercado - os socialismos anteriores, conforme Marx e Engeles, eram ingênuos e apenas demandavam reparos - eles os novos socialistas (marxistas/científicos), propunham a destruição revolucionária da ordem, naturalmente, formada - o que chamamos de "capitalismo" - e assim sobre as ruínas do capitalismo, segundo a "revolução social proletária", seria construída uma nova ordem.
Então, o marxismo revolucionário, trouxe para a história do mundo, uma nova era das Revoluções, que teria início, anteriormente, com a Revolução Francesa, que já trazia os traços daquelas Revoluções que seguiram e no século XIX, já inspiradas no Manifesto Comunista de 1848, com a promessa de "deletar" as desigualdades e injustiças e, criar o "paraíso na Terra". Era a engenharia social, o "socialismo"; abandonava-se a criação voluntária/histórica/natural e lançava-se, a ideia de que, era possível um "mundo perfeito", planificado, onde todos seriam iguais, como, pode-se ver e afirmado no Relatório da Agenda 2030, "O Grande Reset", do Fórum Econômico Mundial, um projeto econômico global, a ser conduzido por um Governo mundial totalitário: "Ninguém será dono de nada, mas todos serão felizes"; "todos terão direito a uma renda mínima básica": trocando em miúdos, destrua-se a propriedade privada e construa-se a igualdade social, pois é, mergulharemos na paralisia econômica, na fome, na miséria e daí para uma violência maior ainda, do que a que já temos. A gerência do mundo será exercido pelo "governo mundial" sonho dos "iluminatis" do século XVIII e pelos seguidores da "fé comunista" a partir do século XIX. Segundo Marx, Lenin, Gorbachev e Xi Jiping, o mundo deve, portanto "compartilhar" "um destino comum de paz, igualdade e de sustentabilidade ambiental", muito bonito.

Socialismo e mercado

Sem embargo, socialismo e mercado, são "bicudos que não se beijam". O socialismo é o grande inimigo do mercado. Mas em toda sua tentativa utópica de gerar uma economia sem mercado, sem "cálculo econômico" mas, ilusoriamente distribuir riquezas, sem produzi-las, sem alocação de recursos para a produção social, para atendimentos aos diversos tipos de necessidades sociais; essa engenharia socialista falhou, e falhou feio, muito feio. Por isso não há como ir "em defesa do socialismo", fica só como proposta de um pensamento acadêmico, proposto em tese de Doutorado.





A experiência Soviética.

Já nos primeiros anos, pós golpe bolchevique de 1917, Vladimir Lenin, reconhecendo o fracasso do projeto revolucionário, lançou a ideia da NEP (New Polítical Economics), depois de assistir uma paralisia total da economia russa, acompanhada de muita fome, desemprego, violência e corrupção, sua ditadura trouxe a proposta da NEP, o Plano econômico, que trouxe de volta, em alguns territórios - os mais importantes - a propriedade privada no campo, a livre iniciativa de empreendimento econômico e a reorganização da Bolsa de Valores para captar recursos; era preciso, tudo fazer, para conter, aquela onda preocupante de insatisfação social, em escala crescente, já nos primeiros anos da revolução redentora. O resultado da Nova Política foi, momentaneamente, positivo: aumento da oferta de alimentos, aumento de riqueza de pessoas e famílias o que era "inconveniente" para a plataforma socialista, mas durou pouco.

Liberdade não combina com socialismo

A NEP, fez rondar no ambiente da primeira experiência em direção ao socialismo, um vírus, o vírus do "capitalismo" na sua forma inicial de liberdade econômica, liberdade de mercado, e empreendedorismo. Com a morte do primeiro ditador (Lenin), emerge Stalin, o mesmo deu marcha à ré à NEP, e trouxe seus Planos Quinquenais, que substituiu aquele florescente livre mercado, pela então economia sob controle estatal, e veio forte. O Estado, se fez presente por Planos Quinquenais, os mesmos contemplavam, as "demandas do Estado" em detrimento às "demandas da sociedade". Daí, a produção bélica e a construção de infraestrutura, com obras públicas para escoar produção com deslocamentos viáveis, contando com boas vias, férreas e rodoviárias. A prioridade era para o "Estado da classe operária", na forma da "ditadura do proletariado" e a "segurança de Estado". E não para o consumo social. Sim, assim foi, também, o caminho seguido por Hitler - o ditador nazista - que por esse caminho, recuperou a economia alemã. No caso socialista soviético era o que Stalin oferecia ao cidadão soviético, a sociedade queria consumo e não armas, venceu a demanda do Estado que rendeu sete décadas, quem reagisse à lógica comunista recebia acusação de "traidor da Pátria", então, "gulag nele".

Hoje, as transformações do "comunismo" no extremo oriente

Stalin no poder, até levou empresas ocidentais para União Soviética, mas não suficiente para trazer transformações no país. Transformações do tipo ocorridas, hoje, no extremo-oriente de repúblicas socialistas, China e sua vizinhança, receberam injeções capitalistas (norte-americanas) e resultou em tanta prosperidade, à tal ponto de se dizer, ali foi criada a "fábrica do mundo", o capitalismo transferiu-se em 40 anos, em algumas áreas, e em 20, 30 anos outras. E de fato a região transformou-se no mais importante território de investimentos do "mercado mundial"; o ocidente econômico, transferiu-se para as terras banhadas pelo oceano Pacifico, lá nas bandas orientais; em vista disto, a economia ocidental, desindustrializou-se, progressivamente. No extremo oriente, ocorreu algo inusitado, com o "capitalismo" desenvolvendo-se à sombra dos Partidos Comunistas locais e seus Estados centralizadores, burocráticos e controladores da sociedade. Pessoas que visitam China, Singapura, Vietnã, Tailândia, e outros, se mostram impressionados com o fantástico crescimento daqueles países. Inclusive deputados da nossa Câmara Federal, tendo visitado aquela região relataram impressões de que ali há um mundo maravilhoso de progresso, formado desde 1990. E, mais, o mercado global, tinha no extremo Oriente, o principal protagonista das trocas internacionais. É o modelo desejado por uma elite global, prosperidade econômica protegida por um governo autoritário mundial de controle civil, a sociedade incapaz de sugerir mudanças políticas ou econômicas - China é o grande laboratório.

Medidas de Trump

Com as medidas de Trump, parte desse mundo, considerado por muitos como fantástico, será atingido, e o alvo mirado e alcançado, o "pontinho preto do alvo" é a China; a China, Xi Jiping e seu PCCh, respondeu ao ataque tarifário com retaliações ao seu principal rival - EUA - a retaliação chinesa teve resposta imediata, do governo Trump, se o tarifaço para o "dragão asiático" era de 54%, o lourão botou mais 50%, virou 104% , passou prá 124% e avançou para 145%, inviabilizou as trocas comerciais, "navios chineses deixam mercadorias antes da chegada aos portos, para não pagarem as novas tarifas". O Lourão, afirma, dentro da questão econômica, encontra-se, ainda uma "questão de segurança nacional". China e EUA, tem um corredor largo que os separam - o oceano Pacífico - desde Obama, os governos americanos, desprezam a frota marítima daquele lado, mas a China não dormiu no ponto, teve exponencial crescimento de sua marinha ali localizada, desequilibrou o cenário geopolítico.

Estratégia chinesa

O projeto "Cinturão e rota da seda" estratégia comercial do comunocapitalismo chinês, tem também aquela banda oriental como um dos caminhos geoestratégicos, isso deixa preocupações para Trump, coisa que Biden, desprezou; Trump corre contra o tempo perdido e prossegue na sua guerra tarifária. Por outro lado, a reação chinesa se deve ao fato de, por lá, o "capitalismo" ter avançado mais, muito mais, e todo ocidente passou a depender de grande parte da produção chinesa em vários aspectos e estratégicos para economia americana e ocidental. Quanto aos outros países chamados de pequenas Chinas, com destaque para o Vietnã, este, já, com crescimento econômico maior que a China, e partidos comunistas do extremo oriente, correram para negociações com o "lourão"; na frente, o Partido fundado por Ho Chi Min, Partido Comunista do Vietnã e outros, seguiram atrás, para negociações, agora é dar tempo ao tempo. As elites comunistas sócias do capitalismo de grupos de interesses, desejam manter seus poderes, com suas economias prósperas de base capitalistas





Trump o "outsider"

Do que estamos assistindo, não podemos deixar de registrar o seguinte comentário, isto, só poderia ser implementado por Trump, revelando que a economia é mais importante que a política e ela é estratégica para a construção de uma nova estrutura geopolítica no mundo. O que se vê em Trump é, 'um outsider" em política, sem os vícios dos políticos tradicionais, com um secretariado batendo na mesma tecla, que intenta uma mudança no seu país e que a mesma poderá significar uma abertura de caminho, rumo a uma Nova Ordem Econômica Mundial. A base dessa Nova Ordem, é uma nova moldura para o mercado global.
Resta-nos, portanto, o adeus a Richard Nixon, Henry Kissinger, Ronald Reagen, que ajudaram a construir esse mundo depois do "fim da História" (“Queda do Muro de Berlim"), agora ele tá com data vencida, fora da validade. Os promotores da festança com duração de 40 anos, perderam suas capacidades financeiras, empobreceram, e querem outro mundo, que poderá conter alguns traços do mundo antes do Século XXI. Só não vale é guerra fria (bobagem minha), embora, não estaremos livres. A gigante eletrônica Apple, já arrumou as malas de retorno ao colo da mamãe América - que quer ser "grande outra vez". O mesmo faz a Amazon, "big tech" do comércio eletrônico, que empurra bugigangas e produtos sofisticados chineses para o Ocidente. A Historia segue seus rumos


Fica dito.

Da tranquilidade da minha Gravatá.
Sexta feira Santa muita oração e concentração e sábado vinho e peixe.


*Jarbas Beltrão, Ms., é historiador, professor de História da UPE

**Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores. O Poder está sempre aberto a contestações e ao contraditório.



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