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Cirurgião explica o que todo mundo quer saber - o que provoca as cirurgias de Bolsonaro

15/04/2025 -

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Este artigo foi escrito pelo Dr. Gustavo Carvalho* com o apoio da 'Amigo Intelligence', a pedido de O Poder.

Você já ouviu falar das aderências abdominais? Provavelmente não. Mas talvez você se lembre das inúmeras cirurgias pelas quais o ex-presidente Jair Bolsonaro precisou passar após a facada sofrida em 2018. Não foram apenas manchetes políticas: elas colocaram sob os holofotes um problema silencioso e grave que afeta milhares de pessoas todos os anos. Bolsonaro passou por diversas internações, cada uma delas marcada por complicações severas, dores intensas, longos períodos hospitalizado e incertezas constantes sobre seu estado de saúde. Cada nova cirurgia, cada nova internação, trouxe sofrimento físico e emocional intenso não só para ele, mas também para sua família.

Reação

Imagine que, após uma cirurgia, seu corpo tente se curar, mas nesse processo algo dá errado. Minúsculas "traves" internas se formam, grudando órgãos e estruturas dentro da sua barriga. Isso pode parecer pequeno, mas não é. Essas aderências, principalmente quando grudam as alças intestinais, causam dores que não passam, dificuldades para a comida progredir direito, problemas sérios para mulheres que querem engravidar e, em alguns casos, até complicações graves como obstruções, que tornam novas cirurgias perigosas e difíceis.

Modelo antigo

Durante muito tempo, a única forma de operar a barriga era abrindo completamente o abdome, conhecida como cirurgia aberta (laparotomia). Felizmente, avanços tecnológicos permitiram o surgimento de técnicas de acesso ao abdome que são minimamente invasivas, como a robótica laparoscopia e a minilaparoscopia, sendo esta última a menos traumática de todas. Ao invés de um grande corte, são feitos pequenos furos na barriga, por onde câmeras e instrumentos cirúrgicos são introduzidos. Isso resulta em menos trauma, menos dor, cicatrizes menores e reduz drasticamente a formação das temidas aderências.

SUS atrasado

Apesar dessas inovações, infelizmente a realidade no Brasil ainda é preocupante: apenas como um exemplo, enquanto em clínicas privadas a grande maioria das cirurgias são feitas por técnicas mínimamente invasivas, mais da metade das operações para retirar a vesícula biliar no SUS continuam sendo feitas pelo método antigo e mais agressivo (cirurgia aberta). Nas regiões Norte e Nordeste, esse número chega a ultrapassar 60%. Não são apenas números, mas sofrimento real para milhares de pessoas. Isso significa mais dor, mais tempo no hospital e maiores custos para os pacientes, suas famílias e para todo o sistema de saúde.

O corpo responde

Essas aderências surgem porque nosso corpo tenta se recuperar de traumas internos, como a própria cirurgia, infecções ou inflamações. Nesse processo, células formam um tecido duro e fibroso que, em vez de ajudar, acaba prendendo e distorcendo os órgãos, grudando-os entre si.

A cirurgia aberta

É sem dúvida a grande vilã desse drama porque causa um trauma maior, deixa os tecidos ressecados pelo ar e frequentemente utiliza materiais irritantes como compressas e pó cirúrgico, que irritam o organismo. Estudos mostram que quase todos os pacientes que passam por uma cirurgia aberta terão algum grau de aderência.

Quais as consequências para quem sofre dessas aderências?

Uma série de problemas proncipalmente dolorosos: crises frequentes de intestino preso, com obstruções que podem levar a vomitar fezes, dores constantes, dificuldades para engravidar nas mulheres e riscos mais elevados em caso de futuras cirurgias. Além disso, isso pesa no bolso: internações longas, mais tempo afastado do trabalho, mais custos para o SUS e para os próprios pacientes.

O tratamento

Varia. Se as aderências não forem muito numerosas ou graves, podem ser controladas com medicamentos e acompanhamento médico. Mas em casos mais graves, como no caso de Bolsonaro, onde o intestino está completamente bloqueado, outra cirurgia é inevitável. E se for novamente aberta, o ciclo pode piorar. É nesse ponto que as técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia e a minilaparoscopia, podem fazer toda a diferença.

Outros recursos

Existem também produtos especiais, como filmes e líquidos antiaderentes, que podem reduzir significativamente a formação dessas aderências. Contudo, é importante destacar que, embora reduzam o problema, não eliminam completamente o risco de aderências.





A prevenção é a melhor abordagem.

Cirurgias cuidadosas, menos invasivas e com técnicas modernas são essenciais. A utilização dessas tecnologias avançadas pode ajudar a evitar grande parte desse sofrimento, oferecendo segurança e responsabilidade.

O drama das aderências não precisa continuar.

Elas podem ser previstas, controladas e evitadas. Cada paciente merece menos dor, menos sofrimento e menos riscos.

Prevenir aderências não é luxo. É cuidar. É proteger. É respeito à vida.

*Gustavo Carvalho possui títulos de MD, MBA, MSc e PhD. Cirurgião geral e professor adjunto de Cirurgia Geral na UPE. Completou sua pós-graduação em Cirurgia Digestiva na Universidade Keio, no Japão, e também atua como Consultor de Inteligência Artificial na Amigo Tech.

Acompanhe também no Instagram: @doutorgustavocarvalho.



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