
Casa de Banhos do Recife - Um elogio reflexivo ao excelente trabalho do historiador Carlos Bezerra Cavalcanti
17/04/2025 -
Por José Ricardo Brito de Araújo
Parabéns para o pesquisador Carlos Bezerra Cavalcanti, sócio benemérito do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP). Os seus artigos semanais no jornal digital O Poder, aos sábados, nos proporcionam uma rica viagem ao passado através de suas investigações. Um recente, tratou sobre a Casa de Banhos, o mais famoso balneário do Recife. Em sua dedicação incansável à preservação da memória, o grande Carlos Bezerra Cavalcanti nos revela não apenas os detalhes de um local, mas nos oferece uma reflexão profunda sobre o Recife, sua história e seu potencial inexplorado.
O Recife: Uma Cidade das Águas.
É notável como o Recife, uma cidade que nasceu das águas e que carrega em si a identidade aquática semelhante a Iemanjá, não explora plenamente o seu potencial hídrico. Em um olhar holístico e poético, Carlos Bezerra Cavalcanti nos lembra do paradoxo existente entre a abundância natural das águas recifenses e a atual situação de negligência em relação a esses recursos, uma reflexão que deveria inspirar ações transformadoras para um futuro mais harmonioso entre a cidade e suas águas.
Um Símbolo de Elegância e Sofisticação
A Casa de Banhos não era apenas um balneário, mas um marco de sofisticação e inovação em uma era onde os banhos medicinais eram símbolo de modernidade e status. Ao ser inaugurada em 1887, a Casa de Banhos introduziu uma nova tradição, a abertura da temporada de praia no Dia da Independência, mostrando como o Recife estava alinhado aos movimentos globais de lazer e bem-estar.
Detalhes
O relato de Carlos Bezerra Cavalcanti sobre os detalhes da Casa de Banhos — desde o restaurante com porcelanas inglesas até os 102 compartimentos para banhistas — destaca a busca por proporcionar uma experiência única de luxo e conforto. Esses aspectos refletem não apenas o apogeu cultural e social da época, mas também uma compreensão de que o lazer era um elemento essencial na vida urbana.
Uma parada obrigatória para a elite
Nos anos 20 do século passado, a Casa de Banhos era o ponto de encontro da elite recifense, atraindo personalidades de renome que buscavam não apenas o conforto das instalações, mas a magia de um espaço que combinava requinte e a beleza natural do litoral. O fato de ser um destino procurado por tantos destaca sua importância como espaço de interação social e cultural, e nos permite imaginar a efervescência da vida que ali florescia.
O Trágico Fim
O trágico incêndio de 1924 que destruiu a Casa de Banhos deixou uma lacuna no patrimônio histórico do Recife. Contudo, através do trabalho diligente de Carlos Bezerra Cavalcanti, esse pedaço vital de nossa história não apenas é lembrado, mas ganha uma nova vida na imaginação dos recifenses e de todos os que se interessam pela riqueza cultural do Brasil.

Legado duradouro
O legado da Casa de Banhos e o trabalho de Carlos Bezerra Cavalcanti servem como um farol, nos lembrando da importância de preservar nossa história, não apenas como um ato de nostalgia, mas como um compromisso de aprender com o passado para criar um futuro mais brilhante e consciente.
Uma Lição para o Futuro
A reflexão trazida por Carlos Bezerra Cavalcanti sobre o paradoxo do potencial aquático do Recife nos desafia a repensar nossa relação com os recursos naturais que temos. É uma chamada à ação para que, em vez de permitir que a história seja consumida pelas chamas do esquecimento, possamos usá-la como uma base para inovações futuras que respeitem e honrem nosso patrimônio natural e cultural.
Conclusão
O trabalho de Carlos Bezerra Cavalcanti é mais do que uma pesquisa histórica; é uma homenagem à rica tapeçaria cultural que compõe o Recife. É um convite para que todos nós, como cidadãos, embarquemos em uma jornada de reconhecimento e valorização de nosso passado, ao mesmo tempo em que trabalhamos para um presente e um futuro onde a identidade aquática do Recife possa brilhar com todo o seu potencial. A Casa de Banhos, através de sua memória preservada, continua a nos inspirar e a nos lembrar do poder transformador da história bem contada.
*José Ricardo Brito de Araújo se define como um cidadão que ama o Recife.
