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Findi Especial Semana Santa – Sem Horas e Sem Alô, crônica, por Xico Bizerra*

17/04/2025 -

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Seu Zeca de Julinho é um homem que vive tímido, sem lenço, sem documento, de certa forma alheio ao sistema. E sem nada que lhe marque o tempo. Há alguns anos, muitos anos, Seu Zeca teve o relógio arrancado do pulso num sinal de trânsito. A partir daí, deixou de usá-lo no braço esquerdo, passando a ‘amarrá-lo’ no punho direito. Aliás, nunca entendi a convenção que obriga o uso do relógio no lado canhoto.

Pulsos Libertos

Pulsos libertos, hoje Seu Zeca não mais usa o marcador de horas... Nem o convencional nem o modernoso, apelidado de celular, que lhe faz as vezes. Eles não lhe interessam. Já interessaram, hoje não mais. Por isso, não se faz acompanhar de nenhum deles. Aposentado, para que saber das horas se elas não têm a menor importância? Pouca diferença faz se são 6 e 15 da manhã ou 15 pras 8 da noite. Se está com fome, come; se está com sono, dorme; e se está sem nada a fazer, vadia pelas calçadas do bairro onde mora. Simples assim.

Imune a Ladrão

E andar despreocupado, nadando contra a correnteza, vale a pena: os ladrões nem olham para ele pois seu Zeca não possui o que lhes apetece, nem relógio, nem celular, relógio dos tempos modernos. Obrigações formais não há. Sem ponteiros a rodar, orienta-se pelo sol e pela sombra. Seu tempo é indefinido: apenas o suficiente para dedicar-se a quem quer bem. Não atrasa nem adianta, ciente de que não adianta atrasar. Relógio e celular, para ele, é tão dispensável quanto cuecas. Também não as usa, desde que largou a vida burocrática, 2003, beneficiado pela justa aposentadoria.

Jeito de Ser Feliz

Eis que o relógio da mulher de Seu Zeca já avisa que são 10 e 20 da noite e o celular do seu neto desperta, insistente, avisando a hora de tomar seu remédio para esquecimento. Ele anda meio esquecido. Sem relógio ou celular as horas voam e seu Zeca nem percebe. Só não esquece de comer quando está com fome, de dormir quando está com sono e de vadiar, quando o ócio lhe assedia. E assim segue, entre dentes, pernas e bandeiras, que nem Caetano. É seu jeito de ser feliz.

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*Xico Bizerra, é compositor, poeta e escritor.

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