
Gol de Letra - coluna semanal - O adeus de Francisco, por Roberto Vieira*
21/04/2025 -
Estava, por acaso, lendo de manhã sobre a conversão e mitológicas viagens de Paulo de Tarso, quando soube da morte do Papa Francisco. Apesar da importância de São Paulo para a cristandade, outra figura angular para o mundo cristão possui maior afinidade com a biografia de Francisco: São Pedro.

Videla
Bergoglio nunca se perdoou por negar a ditadura militar argentina nos dias de Videla. A tortura e morte dos seus companheiros de fé permaneceram dolorosas no coração do padre que rezou missa para o ditador. Como Pedro, Bergoglio negou Cristo. E sobreviveu para entregar sua vida aos pobres e perseguidos, buscando na fé o perdão dos seus pecados. Impossível entender Pedro e Francisco sem a negação. Ambos confrontados com o Quo Vadis Domine?

San Lorenzo
Bergoglio foi eleito em 2013. Apaixonado por futebol e pelo San Lorenzo de Almagro, o primeiro milagre de Francisco ocorreu no futebol: o San Lorenzo foi campeão da Libertadores em 2014. As fotos do Papa Francisco com camisas de time de futebol ficaram famosas. Assim como as fotos com dirigentes do futebol, como o presidente da CBF.

Pandemia
Francisco não morreu pelo Covid como o Papa Bento XV, levado pela gripe espanhola. Mas o vazio da Praça de São Pedro nos dias da Pandemia será sempre lembrado. Era a solidão da Igreja perante os grandes pesadelos da humanidade. Cristo enfrentando a peste negra em tempos nos quais a fé caminha soterrada pela ciência. O pecado agora é o vírus.
Jesuítas
Pedofilia, comunismo, tarifas, mundo woke, Trump, Frei Gilson, Silas Malafaia, Putin, Gaza, imigração, aborto, LGBT, tantas foram as controvérsias enfrentadas por Francisco. Nascido nos dias da Guerra Civil espanhola, criança no pós guerra, adolescente dos tempos peronistas, Francisco não teve o sorriso de João Paulo I, nem o vigor de João Paulo II. Não passa a história com o carisma e revolução de João XXIII, mas também não foi gélido como Paulo VI e Bento XVI. Francisco foi apenas Pedro. Pecador que amou Jesus sobre todas as coisas, apesar dos seus erros e negações. Um homem do seu tempo. Amado por muitos, odiado por tantos. Como nosso Dom Helder. Um Dom Helder jesuíta. Simples como seu crucifixo de latão. Teólogo sem teologia da libertação. Um homem.
*Roberto Vieira é médico, cronista e ex aluno jesuíta. Escreve nas segundas feiras a coluna Gol de Letra no Jornal O Poder. Quem sabe agora venha um Papa africano, como nos primeiros tempos da Igreja? Quem sabe?

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