
Francisco, o papa dos direitos humanos, por Carlos André Cavalcanti*
22/04/2025 -
Alguns não gostaram quando ele foi eleito em 2013. O jornalista José Luiz Del Roio foi um deles. Escreveu que ele não tinha atuado suficientemente contra a ditadura argentina. Hoje, no canal Tutaméia, eu tive a satisfação de vê-lo reconhecer o equívoco. Naquele momento, eu já soubera da ação de apoio do bispo de Buenos Aires a vítimas dos desmandos militares.
Aliás, numa entrevista de domingo publicada pelo Correio da Paraíba em março de 2013, logo após a eleição do bispo Jorge Mario Bergoglio como Papa, eu afirmei que seria um papado teologicamente conservador, mas com um forte olhar para os direitos humanos, tanto no campo social/trabalhista quanto no campo dos direitos dos excluídos, como no caso das mulheres, que ele nomeou em grande quantidade para cargos no Vaticano, de forma inédita.
O que se viu nestes 12 anos
Confirmou o que eu tive oportunidade de prever.
Sempre se pode dizer que se queria mais avanços, mas Francisco representou muito diante do seu contexto histórico. Não é razoável escrever sobre Francisco sem o comparar com seu antecessor, o renunciante Bento XVI, e com seu predecessor, João Paulo II. Estes dois foram ultra conservadores. Deixaram uma herança pesada que Francisco soube equilibrar.
Recordemos, por exemplo, o papel de Francisco na investigação dos casos de pedofilia, no aumento do Colégio de Cardeais (ao incluir paises do Sul Global) e na investigação de malversação dos recursos da Igreja. Destes, o papel mais famoso foi o reconhecimento da pedofilia como um grave desvio de conduta dentro da própria instituição, o que permitiu não só o reconhecimento do crime como também processos cabíveis contra culpados.
Agora, o mundo cristão
Aguarda um novo papa. Nomes como os dos cardeais Tagle, Zuppi e Parolin aparecem como talvez possíveis sucessores que dariam continuidade à linha de Francisco, a ver!
Francisco deixa um legado de Esperança e Profecia. Esperança de uma Igreja melhor num mundo melhor e Profecia de um mundo mais equilibrado e multipolar.
*Carlos André Cavalcanti é professor da UFPB. Doutor em História, especializado no tema religiões.
