
Paulo Emílio Vanzolini, o cientista boêmio - Crônica, por Eduardo Albuquerque*
28/04/2025 -
Nesses dias 25 de abril de 1924 e 28 de abril de 2013, nosso Brasil brasileiro, o profundo, tem o dever inalienável de homenagear esse paulistano, falo do renomado zoólogo / compositor, Paulo Emílio Vanzolini.
Sem demérito do aparato de suas contribuições como pesquisador no campo das ciências, a ver: quinze espécies animais homenagearam-no latinizando seus nomes com o “vanzolini”; idealizou (e dirigiu por 20 anos) o Museu de Zoologia da USP; elevou a coleção de répteis de 1,2 mil para 230 mil, afora sua contribuição para o entendimento da evolução dos vertebrados no Brasil; também o foi da FAPESP, criador; doutorado em zoologia 7/hepertologia em Harvard (1949), etc., etc.
Bem, como relatava, gostaria de dar maior destaque ao seu viés de letrista/musicista, partes endógenas ao DNA vanzolínico.
Ah! meus leitores bissextos, eu, vocês... Que compositor! exímio, inspirado, inusitado! deixou-nos acervo de mais de 70 canções, belas canções!
Dos seus antológicos sambas, à moda “canções de amigos”, vou me permitir, data vênia, ressaltar quatro: “Moda da Onça”, “Na Boca da Noite”, “Volta por Cima” e “Ronda”, esta última fonte primeva do estilo “canções de amigos”, nas terras tupiniquins, que enlevam o lírico feminino em contraposição às “canções românticas”.

Com o pioneirismo de “Ronda” espelharam-na “Esse Cara” (Caetano), “Com Açúcar, Com Afeto”, “Tatuagem” (Chico), destacadamente.
Um surpresinha?! Pois não é que o nosso Vanzolini, imagina tu, esse cara mesmo não tocava nenhum instrumento musical, nem lia partitura e ainda zonava... “tom maior, tom menor, o quê diabos é isso!?” e, complementava: “a danadinha já se achega inteiramente, música e letra, na minha cabecinha!”.
Aí, intervém o arremedo de cronista com suas idiossincrasias fabulares... Também pudera, de dia nas ciências (cobras e lagartos), de noite nas boemias (amigos, mulheres, afagos), no convívio saudoso dos cabarés que só ‘nosoutros’, os velhinhos 60+ sabemos o gosto que tinham, haja inspiração!
Aqui, no provinciano Recife, é só relembrar as noitadas dos “Chantecler”, “Tony’s Drinks”, “Black Tie”... imagina na “Paulicéia Desvairada”, hein?!
Homenagem semi feita, pois que delego ao paciente leitor um dever de casa – afoga-te nas ditas “canções de amigos” dá “A Volta por Cima”, vai de “Ronda”...

Eita velho e saudoso Vanzolini, muchas gracias!
Quanto a mim, cronista, só não quero ser o personagem da cena de sangue num bar da avenida São João...Fui!
*Eduardo Albuquerque, poeta, cronista, escritor.
