
O roubo do INSS traz a corrupção no Brasil para o coracão do mundo real. Esse, o povão entende
28/04/2025 -
Por José Nivaldo Junior*
Não raras vezes ouvimos algumas pessoas, até cultas, preparadas, brilhantes nas suas áreas, que opinam sobre corrupção divididas em dois grupos. O primeiro, formado por aqueles que, de direita ou esquerda, tanto faz, relativizam os "malfeitos" e as "maracutaias" praticadas por integrantes dos seus grupos de preferência e afinidade política e ideológica. Maquiavel, cada vez mais atual e triunfante na política do terceiro milênio, dá gargalhadas no túmulo. Afinal, embora nunca tenha escrito que "os fins justificam os meios", é o maior inspirador da frase, 100% coerente com o seu pensamento.
O outro grupo é formado por pessoas de classe média, com maior um menor grau de intelectualizacão porém sem alinhamento automático nem compromisso programático com quem quer que seja. Esses costumam dizer que não entendem como o povão, o eleitor mais pobre, vota em notórios corruptos, do âmbito municipal às eleicoes nacionais. Consideram que o povo absolve a roubalheira.

É e não é
Do ponto de vista eleitoral, é isso. O povo, supremo juiz, ao consagrar nas urnas notórios corruptos, está, através do banho de votos, devolvendo a brancura imaculada da inocência a togas que entram no pleito enlameadas. No entanto, para decifrar esse jogo é preciso tentar entender o que se passa na cabeça do eleitor mais simples sobre a questão do que é ou não desonestidade dos políticos. Tenho estudado e tentado compreender esse fenômeno ao longo do tempo. Não sei se alcancei verdades absolutas, mas algumas premissas servem para pautar o debate.
O povo é pragmático
Quem participa do calor de uma campanha eleitoral em contato com as massas, sabe: a primeira coisa que o eleitor faz, é pedir. Os eleitores e eleitoras pedem tudo ao candidato: telha, tijolo, dinheiro para contas atrasadas, medicamentos, roupas, emprego para parentes, e por aí vai. Consideram normal serem atendidos e não perguntam de onde vêm os recursos. De desvio de emendas, doações ilegais, do narcotráfico ou fundo partidário legal e legítimo, tanto faz. Logo, quando um político emprega a família ou forma um fundo eleitoral paralelo, a imensa maioria não reprova.

Fora do alcance
Também não é fácil para as pessoas comuns, que estão preocupadas em ganhar de manhã o seu almoço e de tarde o jantar, alcançar coisas abstratas, como desvios em recursos de plataforma de petróleo ou superfaturamento de material escolar. Muito menos beneficiamento de políticas e empresas no exterior, através de complexos caminhos usando o dinheiro público. As pessoas até balançam positivamente a cabeça ao acompanhar o noticiário, mas no fundo estão se lixando para coisas que não compreendem e nem sentem afetar diretamente as suas vidas.

Agora
Todo mundo percebe, entende, compreende, sente os se solidariza com alguém, conhecido ou não, que foi ludibriado durante meses e perdeu cerca de R$ 80,00 por mês de uma aposentadoria média de R$ 4 mil, sendo que a grande maioria está entre um e dois salários mínimos.
Ludibriar e roubar aposentados, o uso da fraude grotesca, tudo isso cria compreensão imediata e empatia com os prejudicados. Essa é a variável que deve ser considerada no grande embate que, caso a oposição saiba usar, e o governo consiga sustentar suas narrativas, vai ser o primeiro grande e decisivo confronto para estabelecer a força de cada grupo no tabuleiro eleitoral de 2026.
*José Nivaldo é publicitário e historiador. Da Academia Pernambucana de Letras. Diretor de O Poder.

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