
Adeus, Martinha. Uma prima-irmã que se vai
28/04/2025 -
Por José Nivaldo Junior*
Lágrimas nos olhos, aperto no coração, chegou a hora de um adeus doloroso, a uma das pessoas mais próximas e queridas que a vida me proporcionou. Somos primos legítimos. Ela, filha única, de Tia Nelly e Tio Djalma Rabelo. Nasci em julho, ela no fevereiro seguinte. Nossos pais, mais que parentes, eram amigos, se visitavam com frequência. Ela morava em Limoeiro. Nos em Surubim. Na infância, as férias escolares de julho e do fim do ano, passávamos juntos. Julho, nos engenhos da família. Fim do ano, na casa de praia de Pontas de Pedra. Era um trio de ferro, Ela, eu e Ricardo, meu irmão, afilhado e queridinho de Tia Nely e Tio Djalma. Mais tarde, Lucinha, minha terceira irmã, de seis no total, se chegou ao grupo. Impossível não recordar a super-tia Neusa, que solteira, nos tratava como filhos, tornando a todos nós ainda mais irmãos. Os registros de ótimos momentos são tantos. Belissimos verões em Pontas de Pedra, lembro os amigos próximos Angela, Gerson, Alexandre e Wilson, temos fotos inesquecíveis. E tantos outros dos dias felizes da aurora das nossas vidas que os anos não trazem mais. Na juventude, morávamos perto, no Recife. No Prado nós, na Madalena ela. Namorou, casou com o querido Antônio Carlos Viegas, colega da faculdade de Medicina. Um amor belo e incondicional. Tiveram dois filhos, Dudu e Carol. E duas netas lindas.
Dona de muitas terras, havidas por herança e empreendimento, Martinha escolheu um lugar paradisíaco, com visão para a barragem do Carpina. Fez a casa, pedra por pedra, decorou cada detalhe com o extremo bom gosto que a caracterizava. E ela própria cuidava do jardim, que dava o acabamento naquele éden, cenário de muito amor.
Martinha parte após quase um mês de um acidente impensável. Em momento de feliz confraternização, em restaurante, sofreu um engasgo imperceptível. Não fez nenhum gesto brusco. No primeiríssimo momento, ninguém sequer percebeu o que se passava. Socorrida de imediato, chegou sem vida cerebral ao hospital. E assim permaneceu sobrevivendo silenciosamente até hoje, quando entregou a alma ao infinito.
Adeus querida prima-irmã. O vazio da sua partida jamais será preenchido para os que lhe conheceram, compartilharam e amaram. Vamos todos, superado o inevitável luto, tentar seguir em frente vivendo com alegria, buscando a felicidade nossa de cada dia. Essa é a melhor homenagem que podemos lhe fazer, vida afora.
*José Nivaldo Junior é publicitário e jornalista. Dá Academia Pernambucana de Letras.
