
Gafes no funeral do Papa, por Natanael Sarmento*
29/04/2025 -
A presença de líderes mundiais em funerais de Papas não tem nada de excepcional ou novidade. É tradicional a ida de chefes de governos a Roma nessas cerimônias fúnebres. Nada de novo no front, pois.
Trump no funeral do Papa Francisco
Contudo, o presidente dos EUA, mais uma vez, atraiu a atenção da mídia e agitou as redes sociais, gerou protestos e indignações, por quebrar protocolos e tradições.
Veste inadequada
Em vez do tradicional terno preto, símbolo de luta e respeito ao morto, Trump destoando de todos os outros líderes, usava terno azul e gravata lustrosa ao gosto dos novos ricos. Parcela dos católicos
encrespou e considerou mais uma das provocações e desrespeito aos protocolos e tradições por parte do republicano americano.
Se não devemos julgar padres pela batinas, o terno azul royal do Presidente estadunidense ainda que intencionalmente provocativo, é o menos importante dessa viagem ao Vaticano.
Colaboração antiga
Nem os EUA, nem o Vaticano dispensam a missa e colaboração mútua iniciada no papado de João XXIII. O Vigário de Deus simpático da extrema-direita e colaborador do nazismo, ajudou fugitivos da SS e Gestapo a escapar, depois da queda do 3º Reich. A colaboração EUA/Vaticano conhece altos e baixos, como toda aliança política.
União das “forças espirituais”, foi o nome protocolar da estratégia de união formulalada pela CIA/Estados Unidos com o Vaticano, nas ações conjuntas “persuasivas” de combate ao comunismo e avanço da esquerda no mundo. Na Europa, preocupavam-se, sobretudo com avanço do “materialismo” na Itália e França. E na América latina, sob os ecos da revolução cubana.
No Brasil
O fundador das “Cruzadas do Rosário da Família” movimento estimulado pelo Vaticano e apoiado pela CIA vem ao país para a pregação anticomunista dos golpistas de 1964, a lembrar que senhoras religiosas de família não fazem passeatas de 100 mil por milagre de Jesus.
O Papa Francisco
Para dizer o mínimo, o pontífice não era admiradopor Trump e seus seguidores da extrema direita. Liderou a igreja com seu humanismo cristão autêntico, olhou para os pobres, minorias vulneráveis, refugiados, imigrantes, indigentes sociais. Travou com seu exemplo e piedade luta contra adversários poderosos, combateu a corrupção e a pedofilia na verdadeira varredura de um pontificado reformador.
É preciso
Vestir o preto em sinal de respeito e chorar o luto da morte deste Papa. Tirar o chapéu para o legado do grande líder espiritual, capaz de superar maniqueísmos, criticar os desviados do seu rebanho, “é melhor ser um ateu honesto que um católico hipócrita”, como declarou ao mundo, em 2017.
*Natanael Sarmento é professor, escritor e membro da direção nacional do Partido Unidade Popular Pelo Socialismo –UP.
