
É Findi – Um Papa e Um Poeta, crônica de Xico Bizerra*
03/05/2025 -
Se existiram abraços no caminho a vida não foi pequena e terá valido a pena viver. Quem sou eu pra discordar de Pessoa? Há braços abertos, sempre, esperando outros braços que, juntados, transformam-se em abraços de amizade. Por outro lado, há também braços abertos no aguardo de outros braços que não mais virão, que já se 'amplitudiram' em outras dimensões extraterrenas. Uns, partidos cedo, contrariando o tempo e sua ordem cronológica, a lógica temporal que deveria prevalecer. Outros, nos abandonando após o cumprimento de suas missões terrenas.
A Finitude
Só sei que todo dia ficamos um pouco mais pobres de afeto e carinho. Mas é a vida, em seu percurso natural e imutável. A finitude humana é uma verdade da qual não podemos escapar. Inevitável. Dos mais queridos fica a terna lembrança e a quase certeza de que o Homem lá de cima, onipresente, onipotente e onisciente, é também um pouco egoísta e gosta dos bons ao seu lado (só assim se explica a 'viagem' de alguém ainda jovem, partida 'fora do combinado').

Dançar o Silêncio
Neste mês de Abril mais um amigo se encantou. Além do Papa. A Poesia ficou mais pobre e o céu mais rico.
Um deles não conheci pessoalmente, mas fui testemunha de sua disposição em construir pontes e derrubar muros: o portenho Chico, Papa. Com o outro, Poeta inspirado, estive duas vezes. Uma, num programa de rádio (não lembro se no de Geraldo Freire ou num Mesa de Bar, à época na JC). Outra, às vésperas de uma viagem sua para Aracaju.
Nesse dia ganhei uma manhã inteira numa visita que ele me fez, em Candeias. Muita conversa jogada para dentro da alma. Seu nome, Eugênio Jerônimo. Encantou-se. Hoje, ao lado de Francisco, senta-se à mesa do Pai, por merecimento. Música parada, dance-se o silêncio, como dizia o próprio Poeta EJ.
