
É Findi - ABL e suas distopias! - Por Eduardo Albuquerque*
03/05/2025 -
Eita Brasil velho de guerra e guerrilhas! Devia nada mais nos surpreender, pois a cada dia, nova agonia.
Até porque alguém (o Malan, ou o Loyola, tanto faz, do Bacen, ambos presidentes) filosofou: “No Brasil, o futuro é duvidoso e o passado é incerto”.
Pois não é que querem (sujeito indeterminado?) macular a “amarelinha”, transvestí-la de “vermelhinha”, pode um negócio (CBF×Nike×forças o(in)cultas) dessa monta, antas?!

No entanto, o cronista foi levado, desculpem-me, os eventuais leitores, a abortar o tema da camisinha - sem trocadilho - pra um segundo plano e abordar a última, e não é fake news, é breaknews da “platinada tv”: pela expectativa suscitada, imaginei que ela noticiava como se algum escritor tupiniquim houvesse sido laureado com o Nobel de literatura: “Miriam Leitão é a nova imortal da Academia Brasileira de Letras!”, dá para acreditar, meu?!
Solamente se confirma o adágio supracitado...
Pra amainar a distopia, o cronista se propõe a dar uma viajada pelas recônditas reentrâncias da memória, imaginando os seguintes monólogos de alguns “imortais-mortos”, do Petit Trianon carioca.
Começemos, pois:
- Machado, O Bruxo do Cosme Velho [Memórias Póstumas de Brás Cubas]: “Para que fui eu alinhavar conversas com meus pares, quais sejam o Mendonça, o Albuquerque, o Bilac, o Nabuco, o Graça, o Patrocínio, o Coelho, et alii.”
“A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso.”
“Melhor teria eu procedido, como fi-lo atinetemente às traçadas linhas que as desgostava, usar meu fogareiro e também incinerar a ideia primeva da fundação da Academia, a vê-la desfigurada...”.
- Nabuco [Minha Formação], o pernambucano, sempre diplomático, comentou: “Ao Machado sugeri a admissão do Barão do Rio Branco pois que não tendo livro publicado, estava escrevendo o mapa do Brasil, fazia, mesmo excepcionalmente, jus à Academia... Jamais imaginei o futuro...”.
- Austregésilo de Ataíde [Orações de Adeus], também da terra dos altos coqueiros, e o mais longevo presidente da ABL, redarquiu: “Ainda bem que certos fatos se materializaram ulteriores aos meus 34 anos como presidente, oxente!”.
- Raquel de Queiroz [O Quinze], a primeira mulher, e nordestina, imortal: “Não vou melar minha “Última Página” na “O Cruzeiro”, transformar em crônica esta notícia cômica. Eu, de jeito maneira!”.
- Monteiro Lobato [O Sítio do Pica-pau Amarelo], o paulista do petróleo é nosso, ironizou: “Eu disse que é o maior ninho de intriguilhas do mundo. Fico fora, de boa...”.
- Graciliano Ramos [Vidas Secas], o alagoano foi o porta-voz escolhido, de forma unânime, pelos “rejeitados” da ABL (Mário Quintana. Jorge de Lima. Ziraldo, Drummond, Clarice Lispector, et alii.); o Velho Graça lascou : “Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos.”
- Drummond [Alguma Poesia], só “mineiramente” fraseou: “E agora, José, piquei a mula!”.

- Ariano Suassuna [A Pedra do Reino], o paraibano-pernambucano, com sua voz peculiar, espetacularizou: “Nunca vi gente tão feia, eu sou o menos e, pelo visto, continuo, pois cabrito bom não berra!”.
- Krenak [Ideias pra Adiar o Fim do Mundo] o primevo autóctone na ABL, filosofou: “A vida é fruição, é uma dança, só que é uma dança cósmica, e a gente quer reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária, captou?”.
- Sarney [A Canção Inicial], o decano, deveras imortal, logo se aliou: “Mais um marimbondozinho de fogo pra juntar forças.”.
- Marcos Vilaça [Coronel, Coronéis] e Luiza Teixeira [Rebeldes e Marginais], foram lacônicos: “Escapamos por pouco!”.
- Vargas Llosa [Conversa com o Coronel], o peruano, como correspondente da ABL, aduziu: “No votaría, pero te digo que es la guerra del fin del mundo!”.
- Merval [O Lulismo no Poder], carioca e atual presidente, todo ancho, vibrou: “Somos globais, digo, imortais ou vice-versa! Plim plim!”.
Vai terminar, oh cronista!?
Tá legal, só mais essinha:
Lá das Gerais, Zema, o governador, sovinamente(?), discursou: “À minha revelia, sou forçado a malbaratar as finanças públicas, ao patrocinar o fardão em respeito à tradição!”.
É isso, irmão, irmã...Fui!

*Eduardo Albuquerque, poeta, cronista, escritor.