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Sem imprensa livre não há democracia, por José Nivaldo Junior*

03/05/2025 -

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Como todas as atividades profissionais, quando exercidas com amor e zelo, a de jornalista transcende o caráter de mero ganha pão ou empreendimento visando ao lucro. Antigamente, dizia-se, para descrever certas profissões: "É um sacerdócio". A frase era muito associada a médicos e advogados, cuja essência direta de atuação era fazer o bem para as pessoas. Hoje, já não se fala sacerdócio, perdeu a aura de quase santidade que o imaginário coletivo cultivava, a partir de exemplos pontuais, como São Francisco, Frei Damião, Dom Hélder, e tantos outros. Jornalismo, é e não é, para usar o paradoxo de Heráclito, um negócio como outro qualquer. Porque nem todos praticam, quando livres para fazê-lo, mas queiram ou não, gostem ou não, a imprensa livre é a grande guardiã da Democracia e da Liberdade. Mais que as instituições pautadas constitucionalmente para fazê-lo. Exatamente porque, no caso específico do Brasil e das democracias ocidentais, a liberdade de imprensa é garantida mas o seu exercício é opcional.



A notícia

Hoje, três de maio, marca o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A data foi criada em 20 de dezembro de 1993, por uma decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, e ressalta o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Também corresponde ao dia da Declaração de Windhoek, uma documento elaborado por jornalistas africanos, em 1991, afirmando os princípios da liberdade de imprensa, junto com a Unesco. Os registros extrapolam o âmbito corporativo. É importante compartilhar a data com todas as pessoas que prezam e zelam pelos valores conquistados através da luta de gerações, com sangue, suor, lágrimas, dedicação e coragem.



Minha história

Trabalhando 'pro bono', ainda adolescente em Surubim, fiz parte da direção do jornal Região. Relembro companheiros de belos sonhos, como Carlos Guerra, Geraldo Guerra, Flávio Guerra, Álvaro Guerra, Ricardo José, meu irmão dileto, Armando Guerra, Antônio Carlos Heliodoro, entre outros. Registre-se que nem todos os muitos Guerra são parentes. Em paralelo, eu escrevia sobre fatos do Agreste Serentrional para o Diario de Pernambuco. Tudo veio abaixo com o AI 5. Região foi confiscado e proibido. Sofri minha primeira apreensão coercitivo. Leve, em relacão ao que viria depois. Desapontado, abdiquei do espaço no DP e me dediquei à imprensa estudantil clandestina. Sofri repressao dessa vez, pesada. Após 20 meses de cárcere, reencontrei o jornalismo e encontrei a publicidade, no mesmo dia, 01 de agosto de 1975, na Alcântara e na Pool editorial. Registro a emoção de recordar tempos sombrios nos quais a minha geração construiu caminhos patrióticos e destinos individuais.



Hoje

Falando muito francamente, como Carlos Drummond de Andrade, tenho meu lado 'gouche' na vida. O poder me fascina e, ao mesmo tempo, me desafia. Não por acaso, o meu livro de maior sucesso, traduzido em incontáveis línguas, chama-se 'Maquiavel, o Poder'. E este veículo digital é 'O Poder'. Também não posso negar que, como profissional de Marketing Politico, tenho minhas conveniências. Porém, no centro da minha alma, brota a fonte cristalina do amor à liberdade. Nisso, sou radical. Combato qualquer intervenção na livre manifestação do pensamento, venha de onde vier. O primeiro mandamento das tiranias de todos os matizes, é arranjar pretextos para encontrar fórmulas para coibir a liberdade. Recentemente, inclusive, aproveitando as Fake News, recriação da multi-milenar mentira, para tentar controlar as redes sociais. "Tengo el control, estoy en contra", como dizem os espanhóis. Combato a tutela das pessoas por parte do Estado, qualquer estado, quaisquer pessoas. Se há controle ou tentativa, sou contra. Sem concessões nem mi-mi-mi. É isso que dita minha fonte interior. É nisso que acredito. E tento praticar.

E

Vou abrir um vinho ou tomar uma boa 'lapada' de cachaça. Um brinde à Liberdade de Imprensa. À liberdade de todos nós.

*José Nivaldo Junior é publicitário, com vasta experiência em marketing político. Diretor do Jornal O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras.
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