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"O Rebaixamento Da Inteligência Coletiva do Brasileiro", por Romero Falcão*

06/05/2025 -

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"Alguns situados na Idade Média"

O título acima é de um trecho da entrevista do sociólogo italiano, Domenico de Masi, autor dos livros "Ócio Criativo e Trabalho, ócio e criatividade, Novos Rumos para Um Sociedade Perdida". Na entrevista - em 2022 - o sociólogo questiona o nível cognitivo em que se encontra os brasileiros nos últimos quatro anos. Diz o saudoso pensador: "Vemo-nos obrigados a retornar debates passados, alguns situados na Idade Média, ou nos século 19, como se fossem novidades. Terraplanismo, resistência à vacinação e a medidas básicas de segurança sanitária, pautas morais entendidas como questões de Estado, tudo isso remete a um passado que considerávamos longínquo. Quando entramos nesse tipo de debate entre nós, é como se voltássemos da pós-graduação às primeiras letras do curso elementar. Somos forçados a recapitular consensos estabelecidos há décadas como se nada tivéssemos aprendido".

"Discutindo o óbvio"

Continua o sociólogo. "É como forçar cientistas a provar de novo a esfericidade da Terra ou demonstrar eficácia da vacinação. Ou defender, outra vez, a necessária separação entre igreja e Estado, mais de 230 anos da Revolução Francesa. É muita regressão e ela nos atinge de repente, nos surpreendemos discutindo o óbvio, gastando tempo com temas batidos, desperdiçando energia, arrombando portas abertas séculos atrás na história da humanidade."





A sensação é de retroceder

Ora, ora, não precisa a cognição de um de Masi para concluir que há alguma coisa estranha no lobo frontal do brasileiro. Não que eu seja inteligente, longe disso, só sei que minha burrice se expande ao conversar com determinadas pessoas ou entrar nas redes sociais. É como se precisássemos refazer a roda, descobrir o corte da foice. Ferramentas rudimentares que ganham discussões acaloradas na sociedade brasileira atual. A sensação é de retroceder, andar para trás, como bem disse o intelectual italiano. Vivemos tempos estúpidos, com dificuldade de abstração, contextualizar um livro, filme, uma obra de arte. Por exemplo, se um escritor, autor de novela, criar um personagem pedófilo, ou de sexualidade fora do padrão, logo surgirão as trombetas moralistas, "olha aí, querem acabar com a família." A arte refém de milhões de seguidores, os quais não conseguem compreender a criação do artista que expõe feridas, preconceitos, demônios, que habitam os seres humanos em cada período da história.

Um samba ilumine nossa escuridão

Estarrecido, li na imprensa: "O ator José Loreto, que interpretou Jesus no espetáculo "Paixão de Cristo de Nova Jerusalém" foi alvo de críticas nas redes sociais após ter também interpretado o diabo no Carnaval da Vila Isabel". Parafraseando o gênio de Vila Isabel, Noel Rosa, Seu garçom faça o favor de levar depressa uma boa Idade Média que já passou de requentada. Quem sabe um samba ilumine nossas trevas. Cá com os meus botões, se o escritor Gustave Flaubert ressuscitasse no século 21 com mentalidade de século 19, correria sério risco de ver sua Madame de Bovary novamente ir parar nos tribunais do algoritmo, das avançadas tecnologias, indiciado mais uma vez por obscenidade, ofensa contra a moralidade pública e religiosa.Neste momento, alguém pode estar reescrevendo um clássico. Reescrever livros é mais grave que censurá-los. Que os deuses nos protejam das sombras, e a arte do fogo grotesco dos homens.


*Romero Falcão, cronista, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo



**Os artigos assinados expressam a opinião dos seus autores e não refletem necessariamente a linha editorial de O Poder.



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