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Análise por quem entende - A chave do Conclave, por Carlos André Cavalcanti*

07/05/2025 -

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O tema do Conclave que elegerá o Papa na sucessão de Francisco chega ao grande público marcado pela aproximação entre ficção e “realidade”. Os conflitos religiosos pautam a mentalidade do nosso tempo acerca de temas religiosos mesmo quando se trata da cobertura jornalística realizada pela mídia corporativa hegemônica. A percepção de um rito como o conclave a partir do conflito deveria anteceder qualquer matéria jornalística ou análise histórica, mas não é isso que está ocorrendo.

Pós-verdade

Está difícil alcançar um ambiente mínimo de cordialidade para o debate e a informação. Em tempos de pós-verdade (nome pós-moderno para mentira), o sentimento antecede a razão. É assim que pessoas em todo o mundo acabam direcionando suas mentes para uma concepção baseada em opiniões de momento, quase sempre ficcionais. O mesmo ocorre no Brasil. No caso da eleição papal, até o bom filme O Conclave pode pesar mais na compreensão do assunto do que a busca por informações de qualidade. Nas redes sociais, por exemplo, o debate logo deriva e torna-se patético com uma facilidade impressionante... Os cancelamentos tornam-se mais importantes que as informações. A partir de postagens muito superficiais já se considera que se sabe de tudo. Então, duas narrativas inverídicas hegemonizam o debate virtual.





Nem paraíso, nem inferno

Para muitos, em geral pautados pelo embate entre católicos e evangélicos no Brasil, o evento que vai eleger o novo pontífice varia entre o paraíso e o inferno. Uns apontam os cardeais eleitores como meros defensores de interesses inconfessados e outros os vêem como entidades quase perfeitas e santificadas. Este simplismo reducionista reflete alguns problemas que temos no país da alfabetização ao Supremo Tribunal Federal quando o debate aponta para temas religiosos. O estudo das religiões precisa ter por princípio dois grandes fatores. O primeiro é admitir que toda religião socialmente vivida e uma forma de poder e que as religiões institucionalizadas se organizam em grupos sociais de poder sociologicamente idênticos a quaisquer outros grupos sociais. Porém, o segundo fator é a admissão de que as ideias religiosas não são redutíveis a uma mera ideologia de alienação e dominação. Este equilíbrio fino entre os fatores pode facilmente ser levado ao grande público, mas não é... Sem conhecer minimamente o estudo das religiões, o cidadão médio está fadado a equívocos tanto mais graves quanto maior for a sua alienação religiosa...





Estudo das Religiões

O que chega à opinião pública é um caldo com uma mistura das limitações intelectuais da imensa maioria dos redatores e influencers – que poucos sabem sobre, por exemplo, dados religiosos mais aprofundados ou história das religiões – com a confusão entre as próprias convicções pessoais religiosas e as matérias e constatações que são feitas. É compreensível que se saiba pouco porque as escolas brasileiras não se dedicam ao assunto. Este horror “informativo” pode ser tudo, menos ser capaz de contribuir com a cidadania, com o convívio entre as religiões numa harmonia republicana possível e com a diversidade religiosa enquanto respeito pela religião do outro.

O Poder

Espaços como este aqui no jornal O Poder são preciosos para acompanharmos o desenrolar do conclave que se aproxima. Trata-se de um momento histórico chave para o embate civilizacional maior do nosso tempo, no campo religioso, entre, de um lado, o modelo iluminista ocidental, que trouxe as liberdades individuais e a diversidade humana, permitindo os avanços da ciência, dos Direitos Humanos e da democracia popular e, do outro lado, o “projeto” irracionalista do patriarcado mais tacanho, ligado aos interesses inconfessáveis do grande capital com sua ganância infinita na exploração dos seres humanos e do planeta, expresso pelas ações da extrema-direita. Isso, porém, é assunto para outro artigo!

*Carlos André Cavalcanti é PHd em História das Religiões. Professor da UFPB.



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