
Investigando o Conclave - Como são eleitos os Papas – a ascensão de Paulo VI por Roberto Vieira*
08/05/2025 -
O adeus do Papa Francisco leva o Vaticano novamente ao centro das atenções mundiais. Todas as vezes que um Papa diz adeus, as notícias sobre a eleição do novo pontífice ganham manchetes da mídia e na mente dos católicos do planeta. Prosseguimos no resumo das eleições papais ocorridas desde o início do século XX, quando Roma já era acompanhada de perto em tempo quase real, mesmo sem Instagram ou Facebook. Nosso pontífice de hoje é o viajante Papa Paulo VI.

João Batista
João Batista nasceu rico. Filho de um político e jornalista da região da Brescia. O sobrenome Montini veio justamente da região montanhosa onde vivia sua família. Estudante jesuíta na infância, tinha a saúde parecida com a do baterista Ringo Starr, ou seja, quase nenhuma. Mesmo assim completou seus estudos, foi ordenado aos 22 anos e já foi mandado direto ao departamento de estado do Vaticano. Rezar missa não era seu forte.
Dom Helder
Montini era unha e carne com Dom Helder Câmara desde que se conheceram nos anos 1950. Sem Montini, a Assembleia dos Bispos do Brasil teria dificuldades para sair do papel. Ambos se tratavam fraternalmente como comunistas. Era um dos raros momentos de piadista de Montini. A amizade pode ser lida no excelente livro 'Paulo VI e Dom Helder' de autoria do filósofo e teólogo Ivanir Antônio Rampon.

Cardeal
Conscientes do talento de Montini, Pio XII fez dele arcebispo de Milão, pois ele precisava aprendizado fora dos corredores diplomáticos. João XXIII fez sua parte tornando Montini o Cardeal de Milão. Caso raro, Montini teve votos para Papa antes mesmo de ser Cardeal, no Conclave de 1958.
Avião
Eleito Papa, Montini escolheu o nome de Paulo e fez como Paulo de Tarso: saiu viajando pelo mundo. Foi o primeiro Papa a voar de avião, visitou os cinco continentes, concluiu o Concílio Vaticano, deu as mãos aos ortodoxos, anglicanos e protestantes. Foi o primeiro Papa a pisar em Jerusalém depois de São Pedro.

Aborto
Aborto e pílulas anticoncepcionais jamais. Paulo nem queria ouvir tais assuntos - Dom Helder idem. O fato é absolutamente normal na Igreja Católica, por mais progressista que seja o pontífice. Após um pontificado tranquilo no qual recebeu Pelé, assistiu a chegada do homem na Lua pela televisão, soube de Woodstock, Watergate, Guevara, guerrilhas e o massacre de Munique, Paulo partiu inesperadamente em 1978, dando uma chacoalhada no mundo esquecido de que tinha Papa nesse mundo. Os olhos azuis de Montini descansaram. Era chegada a hora da Igreja sorrir.
*Roberto Vieira é médico e um dos melhores cronistas do Brasil. Escreve em O Poder

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