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O Beijo Subversivo.  Por Flávio Chaves*

08/05/2025 -

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 Hoje, 5 de maio, celebramos o Dia Mundial da Língua Portuguesa - Há beijos que acontecem no escuro das esquinas, há outros que se dão sob as luzes do teatro da vida. Mas existe um tipo raro de beijo - o beijo subversivo - que não se prende a cenário algum, porque ele próprio é uma cena que se recusa a ser espetáculo. Esse beijo não foi dado para aplausos, nem para câmeras. Ele nasceu no silêncio tenso das almas que já sofreram demais para ainda temer o amor.
 
Pacto ancestral

Belchior e Violeta não se beijaram por impulso. O que houve entre eles foi uma espécie de pacto ancestral, selado no toque dos lábios, mas firmado muito antes - talvez quando um pressentiu o cansaço do outro no modo de caminhar, ou quando o olhar de um enxergou, no outro, a mesma sede de liberdade. Foi um beijo nos lábios que não pediu permissão ao mundo - apenas existiu. E por isso mesmo, abalou mundos.
 
Violeta
 
Violeta era uma mulher marcada. Não por rugas ou mágoas, mas pelas estruturas invisíveis que a sociedade impõe às mulheres fortes demais, belas demais, livres demais. Estivera aprisionada em um casamento com Tibúrcio — um homem bruto, de beiços inchados e coração raquítico. Ele se orgulhava de suas conquistas públicas, mas em casa era um opressor travestido de provedor. Seus gestos duros escondiam um medo ancestral: o de perder o controle sobre uma mulher que começava a despertar.
 
Um homem comum
 
Foi então que surgiu Belchior  um homem comum aos olhos de muitos, mas gigante nos olhos de Violeta. Ele não trazia títulos nem posses. Trazia livros, silêncios, delicadezas. E, sobretudo, trazia o gesto mais revolucionário que alguém pode oferecer a uma mulher ferida: escuta. Quando a olhou pela primeira vez, não quis possuí-la. Quis compreendê-la. E nisso, já se desenhava o beijo que viria — não como um gesto de desejo, mas como um sopro de redenção.
 
O desejo

Mas houve também o desejo - e ele veio como um raio incendiando os corpos que antes conheciam apenas o frio das convenções. Belchior abraçou o corpo de Violeta como ninguém jamais ousou abraçar. Tocou-a com ternura e furor. Fez dela mulher em tudo, inteira, entregue, plena. E Violeta, ao se abandonar nos braços dele, sentiu o êxtase — um êxtase que nenhum outro homem, nem mesmo Tibúrcio com todo seu domínio aparente, jamais conseguiu provocar. Ali, entre gemidos e suspiros, nascia não apenas o prazer, mas a liberdade.
 
O beijo
 
O beijo de Belchior e Violeta foi um levante contra os decretos não escritos de uma sociedade que separa classes, silencia afetos e sabota o amor quando ele não cabe nos moldes impostos. Foi um beijo que denunciava os cárceres afetivos, os casamentos sem alma, as conveniências que matam lentamente. E por isso, foi chamado de subversivo. Porque ousou amar onde não se esperava amor. Porque foi ternura em meio ao cinismo. Porque foi flor plantada no meio da pedra.
 
Sobreviveu
 
E esse beijo, que muitos quiseram apagar, sobreviveu. Não apenas nas lembranças dos dois, mas nos bancos de uma biblioteca que guarda seu nome como se guardasse um segredo sagrado. Ali, entre flores e páginas, jovens se debruçam sobre a história de Belchior e Violeta não apenas para ler um romance, mas para aprender a resistir. Aprendem que amar é também um ato político. Que beijos podem ser manifestos. E que há gestos tão puros que, mesmo feitos em silêncio, gritam por gerações.
 
Mulher
 
Hoje, o beijo subversivo é de todos nós. É da mulher que sai de um relacionamento abusivo e volta a sorrir. Do homem que se recusa a endurecer. Do casal que se ama mesmo sem aprovação. Do idoso que segura a mão da companheira no banco da praça. Da menina que declara seu amor sem medo. Da juventude que recusa o ódio e escolhe o afeto como caminho. O beijo subversivo está nas mãos que não soltam, nos olhos que não se desviam, nos corações que não se rendem.
 
Brisa
 
Que essa crônica viaje, então, como viajaria uma brisa sobre um campo de flores. Que ela toque corações cansados, inspire amores adormecidos e desperte em cada um a coragem de amar sem pedir desculpas. Porque o mundo ainda precisa de muitos beijos subversivos. E talvez o maior deles seja o próximo que você tiver a ousadia de dar.
 
P.S. Esta crônica é inspirada no romance O Beijo Subversivo, atualmente em processo de escrita por Flávio Chaves. Em breve, essa história de amor profundo e revolucionário estará disponível nas plataformas digitais e livrarias de todo o país. Prepare-se para se emocionar com uma narrativa que já nasce eterna.
 
 
Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc

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