Por Zé da Flauta*

A linguagem política virou um campo minado onde cada palavra pode explodir na cara de quem ousa pensar. Termos como “democracia”, “direitos”, “autoritarismo” e até “golpe” são embaralhados pela mídia tradicional como se fossem peças de um jogo que só eles conhecem as regras. A missão? Manter o povo desorientado, debatendo conceitos sabotados, enquanto os donos da verdade seguem decidindo quem pode falar e quem deve se calar. É como se o dicionário tivesse sido sequestrado e torturado numa redação de jornal velho.

Malabarismo

Nada disso é acaso. É tática. É a velha imprensa, que ainda se acha oráculo da moral e dos bons costumes, que distorce, retalha e embala tudo num pacotinho de indignação seletiva. Se alguém é preso sem crime, eles chamam de "ação necessária". Se um cidadão protesta, chamam de “ameaça à democracia”. Tudo ao contrário. Um noticiário inteiro só de malabarismo sem rede de proteção. Enquanto isso, os corruptos se bronzeiam na manchete.

Blogueiros

É aí que entram os blogueiros, os comentaristas livres, os cabras que ainda têm coragem de chamar vaca de vaca e boi de boi. Gente que não deve favor a partido, não lambe bota de ministro e não ganha mesada estatal pra defender o indefensável. São eles que explicam, que traduzem, que botam os pingos nos "is", ou melhor, que devolvem os pingos, porque a velha mídia anda cuspindo até em acento gráfico. É na live, no texto, no vídeo do zap, que o povo vai recuperando o senso e descobrindo que ser livre incomoda, mas é necessário.

Grito

Talvez o primeiro passo pra consertar o Brasil seja mesmo consertar o vocabulário. Que a gente pare de chamar censura de cuidado, que liberdade não seja mais confundida com crime, e que povo não seja tratado como massa de manobra, a não ser por aqueles que ainda vivem de manchete paga. O resto, a verdade, já está na boca do povo. É só a gente continuar falando mais alto do que eles conseguem silenciar.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor e escritor.